Espaço aberto para discussão e troca de experiências, divulgação científica, divulgação de cursos, oportunidades e tudo que diz respeito à área de Ciências Biológicas.
ONU propõe que estocar gás-estufa no mar renda créditos de carbono
da Reuters
Países em desenvolvimento poderiam receber fundos para reduzir emissões
de gases do aquecimento global protegendo seus ecossistemas marinhos,
propôs Achim Steiner, chefe do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente), durante conferência em Bali, Indonésia.
"Florestas" de algas, manguezais e pântanos costeiros estocam
naturalmente grandes quantidades de carbono, que acaba sendo liberado
na forma de gases-estufa quando esses ambientes são destruídos.
Para Steiner, uma combinação de investimentos públicos e privados poderia ser usada para mudar isso.
"Se eu creio que um dia veremos um mercado para estocagem de carbono
com base nos oceanos? Eu diria que, a esta altura, por que não?",
declarou ele.
Universidade James Cook/Divulgação
Cardumes próximos à Grande Barreira de Coral da Austrália, maior recife do mundo
Segundo o chefe do Pnuma, a ideia poderia se inspirar nos planos para
recompensar os países pobres pela manutenção de florestas que estocam
carbono.
Tanto no caso das matas quanto no de ambientes marinhos, países
desenvolvidos poderiam trocar verbas de conservação pelo direito de
emitir cotas de gases do efeito-estufa. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u699433.shtml
Imagine duas pessoas que estão a 20 km de distância uma da outra, uma
comendo sem respirar, outra só respirando sem comer --e ambas mantidas
vivas por uma corrente elétrica entre elas.
A comparação dá uma ideia da surpreendente rede elétrica montada por
bactérias do fundo do mar, que acaba de ser flagrada pelos cientistas,
embora ela tenha apenas 12 milímetros de extensão.
O fenômeno é "verdadeiramente espantoso", disse o pesquisador
Kenneth Nealson, da Universidade da Califórnia, em comentário sobre a
descoberta na revista "Nature".
Nils Risgaard-Petersen/Divulgação
Camadas de sedimento abrigam bactérias "eletrificadas", que cooperam numa rede com atividades diferentes
20 km
"Para um humano, 12 milímetros não parecem ser uma distância tão
grande. Mas, para uma bactéria, isso significa 10 mil vezes o
comprimento de suas células, equivalente a 20 km em termos humanos",
escreveu.
A comparação com pessoas não é tão maluca assim, pois "comer" e
"respirar" são atividades que elas compartilham com bactérias
aeróbicas.
Seres vivos obtêm energia a partir de comida, "queimada" com o
oxigênio da respiração. Elétrons da comida são transferidos ao oxigênio
nesse processo.
A equipe chefiada por Lars Peter Nielsen, da Universidade de Aarhus,
na Dinamarca, mostrou que bactérias separadas por longas distâncias
transmitem elétrons entre si.
Eles coletaram sedimentos do fundo da baía de Aarhus e fizeram
experimentos, quando descobriram a inusitada cooperação entre bactérias
na superfície dos sedimentos e outras em camadas mais abaixo.
As bactérias do fundo "comem" substâncias orgânicas e sulfeto de
hidrogênio em uma região sem oxigênio, o qual se concentra na água
imediatamente acima dos sedimentos.
De algum modo, os elétrons produzidos no fundo sobem para reagir com o oxigênio.
Os experimentos mostraram que, nas amostras sem oxigênio na
superfície dos sedimentos, o sulfeto de hidrogênio no fundo era
"comido" de modo mais lento, acumulando-se. Quando se voltava a
adicionar oxigênio, caíam os níveis do sulfeto.
Paradoxo
"Vimos como processos usando oxigênio eram ligados ou desligados a
uma boa distância no fundo do mar quando adicionávamos ou removíamos
oxigênio na superfície. Entretanto, nós sabíamos que esse oxigênio
nunca chegava ao fundo até as bactérias que o usavam", explica Nielsen.
"Era impossível resolver esse paradoxo até que surgiu a ideia maluca
de que o fundo do mar está entrelaçado com fios elétricos naturalmente
gerados", completa ele.
Ou seja, todas as bactérias envolvidas obtêm energia, umas só
"comendo", outras só "respirando", ligadas por correntes elétricas e
criando uma espécie de "biogeobateria".
O próximo passo é descobrir como são feitas as conexões, que podem
ser importantes para a formação e a reciclagem dos sedimentos marinhos.
Médico refuta mito de que frutas apodrecem no estômago
A afirmação de que frutas causam fermentação e apodrecem quando em
contato com outros alimentos no estômago é falsa, segundo o médico Mark
Pochapin, diretor do Centro Monahan de Saúde Gastrointestinal do
NewYork-Presbyterian Hospital/Weill Cornell Medical Center. As frutas
não precisam ser ingeridas com o estômago vazio.
SXC
Frutas não precisam ser ingeridas com o estômago vazio, pois nada
apodrece no órgão cuja principal função é esterilizar o alimento
"Você pode comer frutas a qualquer momento. Nada apodrece no estômago",
disse Pochapin. Esse processo, também chamado de fermentação, é a ação
bacteriana nos alimentos, resultando em decomposição. Devido à presença
de ácido hidroclórico, o estômago tem muito pouca bactéria. "Uma das
principais funções do estômago", explicou ele, "é esterilizar o
alimento, misturando-o e agitando-o".
Na época em que não existiam geladeiras nem supermercados, os
alimentos se estragavam com facilidade, e o ácido do estômago ajudava a
proteger o corpo da intoxicação alimentar, disse ele. "O local onde as
frutas produzem gás é no cólon, não no estômago", disse Pochapin. O
cólon está cheio de bactérias e age como o sistema de esgoto do corpo.
O alimento leva de 6 a 10 horas para chegar ao cólon, o que explica
por que não importa muito quando a fruta é consumida, disse Pochapin.
As frutas contêm açúcar e vitaminas, que são absorvidas no intestino
delgado, e fibras complexas, que passam pelo trato gastrointestinal sem
muita digestão. Quando a fibra chega ao cólon, a bactéria dali se
alimenta da fibra e produz gás como resultado, independente de quando
ou com quê a fibra foi ingerida. http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u699403.shtml
Lixo plástico forma mancha no oceano Atlântico, detectam cientistas
da BBC Brasil
Cientistas da Sea Education Association (SEA, na sigla em inglês)
anunciaram a descoberta de uma região no Atlântico Norte onde detritos
de lixo plástico parecem se acumular.
A área está sendo comparada com a já bem documentada "grande mancha de lixo do Pacífico".
Kara Lavender Law, da SEA, disse à BBC que o tema dos resíduos plásticos vem sendo "amplamente ignorado" no Oceano Atlântico.
SEA/Divulgação
Cientistas e estudantes da SEA coletaram plásticos e outros resíduos marinhos em redes de malha fina
Ela anunciou os resultados da pesquisa, feita ao longo de duas décadas,
em um encontro científico em Portland, nos Estados Unidos.
"Nós encontramos uma região mais ou menos ao norte do Oceano
Atlântico onde estes resíduos parecem estar concentrados e permanecem
durante longos períodos", explicou Kara Lavender Law.
"Mais de 80% dos detritos plásticos foram encontrados na região
entre 22 e 38 graus norte. Ou seja, temos uma latitude onde o lixo
parece se acumular", completou.
SEA
Lixo plástico forma mancha no Atlântico; 80% dos detritos foram encontrados na região entre 22 e 38 graus norte
Estudo aprofundado
O estudo é o mais longo e aprofundado já feito para determinar a presença de resíduos de plástico nos oceanos.
Cientistas e estudantes da SEA coletaram plásticos e outros resíduos
marinhos em redes de malha fina arrastadas pelo barco de pesquisa.
As redes permaneceram parte submersas e parte fora da água,
coletando assim resíduos e pequenos organismos da superfície marítima.
Os cientistas fizeram 6,1 mil reboques na região do Caribe e do
Atlântico Norte, na costa americana. Mais da metade destas expedições
revelaram pedaços de plástico flutuando na superfície da água
--resíduos de baixa densidade usados na fabricação de diversos
produtos, inclusive sacos plásticos.
O impacto deste acúmulo de lixo no ambiente marinho ainda não é conhecido, acrescentou Kara Lavender Law.
"Mas nós sabemos que muitos organismos marinhos estão consumindo
este plástico e também que isso tem um efeito adverso sobre aves
marinhas em particular", disse a pesquisadora à BBC.
O estudo revelou também que os detritos plásticos são normalmente
pequenos e não formam uma mancha heterogênea, ou seja, estão dispersos
em uma grande área. http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u698839.shtml
Embrapa e CNA lançam projeto para preservar biomas do país
Investimento de R$ 20 milhões apoiará pesquisa sobre produção de alimentos e recuperação de áreas frágeis
Agência Brasil
BRASÍLIA - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançaram nesta
quarta-feira, 24, o Projeto Biomas, que visa a garantir a liderança do
país na produção de alimentos com avanço na preservação do meio
ambiente. Nos próximos nove anos, serão investidos R$ 20 milhões, incluindo
estudos específicos para todos os biomas brasileiros: Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
A presidente da CNA, Kátia Abreu, disse que a preservação ambiental
será essencial para que o agronegócio brasileiro conquiste novos
mercados. Para que isso ocorra, as pesquisas serão voltadas para
soluções práticas que permitam ao produtor rural recuperar áreas
frágeis de suas propriedades e gerar renda. "Não há preservação no
campo sem o protagonista, que é o produtor."
Segundo
ela, futuramente deve ser criado "um selo do alimento saudável do
Brasil". "Nossa luta é para que pelo mundo afora associem o alimento
brasileiro a um alimento saudável, com uma produção embasada em
técnicas científicas e ambientalmente sustentáveis."
Pesquisa comprova que quem come mais rápido consome mais calorias
ANAHAD O'CONNOR
do New York Times
As mães sempre pedem aos filhos na mesa de jantar que tenham calma e
mastiguem bem a comida. Aparentemente, elas têm um motivo para isso.
Pesquisadores descobriram evidências, ao longo dos anos, que quando as
pessoas devoram os alimentos acabam consumindo mais calorias do que
quando se alimentam num ritmo mais lento. Um motivo é o efeito da
ingestão mais rápida sobre hormônios.
Num estudo publicado no mês passado, cientistas descobriram que quando
um grupo de participantes recebia uma porção idêntica de sorvete em
diferentes ocasiões, eles liberavam mais hormônios que davam a sensação
de saciedade quando tomavam o sorvete em 30 minutos, em vez de 15. Os
cientistas coletaram amostras de sangue e mediram a insulina e os
hormônios do trato intestinal antes, durante e depois do sorvete. Eles
descobriram que dois hormônios que sinalizam a sensação de saciedade,
ou de estar cheio mostraram uma resposta mais pronunciada quando os
participantes tomaram o sorvete mais devagar.
Insulina e hormônios foram medidos antes, durante e depois do sorvete
A sensação de saciedade leva a comer menos, como sugeriu outro estudo
publicado no "The Journal of the American Dietetic Association" em
2008. Nesse estudo, os participantes relataram maior saciedade e
consumiram aproximadamente 10% menos calorias quando comeram devagar,
em comparação a quando simplesmente engoliram os alimentos. Em outro
estudo, com 3 mil participantes, publicado no The British Medical
Journal, as pessoas que informaram comer rapidamente e comer até se
sentirem cheias tiveram risco três vezes maior de estarem acima do peso
em comparação a outras pessoas.
Em outras palavras, os especialistas afirmam que diminuir o ritmo e
saborear mais os alimentos é bom e não dói. Comer mais devagar pode
aumentar a sensação de saciedade, reduzindo a ingestão de calorias.
Planta encontrada na região Sul do Brasil e usada popularmente para
tratar afecções bucais tem sua ação confirmada em testes feitos com
ratos na Universidade Federal do Paraná.
Publicado em 24/02/2010
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Atualizado em 24/02/2010
Flor da ‘Malva sylvestris’ (foto: Joaquim Alves Gaspar/ Wikimedia Commons).
A ação anti-inflamatória da malva-silvestre (Malva sylvestris),
usada popularmente para tratar afecções bucais, foi confirmada em
testes feitos pela cirurgiã-dentista Alliete Loddi durante pesquisa
desenvolvida no Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do
Paraná. Mas o mecanismo responsável pelo fenômeno ainda está sendo
investigado. “Acredita-se que haja uma sinergia entre compostos
presentes na planta, como flavonoides, antocianidinas, terpenoides e
taninos”, enumera a pesquisadora.
Loddi utilizou extrato hidroalcoólico da planta – obtido a partir da
maceração de suas folhas secas, misturadas a uma solução de etanol e
água – para tratar inflamações provocadas experimentalmente em ratos,
na região dos dentes molares. “Durante a pesquisa, obtivemos também
evidências de uma possível ação cicatrizante do extrato”, conta Loddi. M. sylvestris vegeta espontaneamente em regiões de clima
ameno na América, África e Europa. No Brasil, é encontrada na região
Sul. Por ser difundida em muitas localidades, é conhecida por
diferentes nomes, como rosa-chinesa, gerânio-aromático e
malva-das-boticas.
Guilherme de Souza
Especial para a Ciência Hoje/PR
Pesquisadores americanos descobriram nas selvas peruanas o primeiro
anfíbio monogâmico, e agora revelam pela primeira vez, em um
documentário da BBC, o segredo desse comportamento sexual da espécie.
Testes genéticos revelaram que os machos e as fêmeas da espécie Ranitomeya imitator se mantêm fiéis uns aos outros.
BBC Earth News
Documentário revela segredo da monogamia de rã das selvas peruanas; Ranitomeya imitator é tido como o 1º anfíbio monogâmico
Em uma pesquisa publicada na revista científica "The American
Naturalist", os cientistas afirmam que um único detalhe --o tamanho dos
reservatórios de água nos quais as fêmeas depositam seus ovos-- é
responsável por impedir que as rãs dessa espécie tenham relações
sexuais com parceiros diferentes.
Segundo os cientistas, esta é a melhor evidência já documentada de que a monogamia teria uma única causa.
Ovos
Após a cópula, a fêmea da rã coloca seus ovos sobre a superfície de folhas.
O macho leva então os girinos que vão nascendo, um a um, carregando-os
nas costas, para reservatórios d'água que se acumulam em folhas de
bromélias que crescem em galhos no alto de árvores.
Cada um dos girinos é colocado em sua própria "piscina", da qual o macho toma conta.
Quando os girinos ficam com fome, o macho chama a fêmea, que chega
para colocar um ovo não fertilizado em cada corpo d'água, que o girino
come para se alimentar.
Os machos e as fêmeas parecem atuar em conjunto, e as novas pesquisas revelaram a extensão de sua fidelidade.
Análises genéticas
"Esta é a primeira descoberta de um anfíbio verdadeiramente
monogâmico", afirma o coordenador do estudo, o biólogo Jason Brown, da
Universidade East Carolina, em Greenville.
Brown e outros pesquisadores da universidade vêm estudando
extensivamente nos últimos anos a espécie, que foi filmada para o
documentário da BBC.
Muitos animais parecem ser monogâmicos, com machos e fêmeas formando pares que muitas vezes parecem durar toda a vida.
Mas a recente explosão em análises genéticas revelaram que muitas dessas chamadas relações não eram monogâmicas na realidade.
Enquanto muitos animais podem permanecer juntos e se reproduzir,
eles com frequência escapam para trocar de parceiros quando têm uma
chance.
Por meio de exames de DNA, a equipe de Brown analisou 12 famílias de
rãs da espécie Ranitomeya imitator, das quais 11 pares se mantiveram
fieis uns aos outros, enquanto na 12ª família o macho copulou com duas
fêmeas diferentes.
Diferenças
Eles verificaram diferenças em relação a outra espécie semelhante, Ranitomeya variabilis, que se mostrou mais promíscua.
As fêmeas desta segunda espécie coloca seus ovos em corpos d'água cerca de cinco vezes maiores na média do que os da primeira.
Além disso, as fêmeas da Ranitomeya variabilis não têm nenhum papel no acompanhamento do desenvolvimento dos girinos, deixado a tarefa a cargo somente dos machos.
Quando os pesquisadores transportaram os girinos de ambas as
espécies para reservatórios d'água de diferentes tamanhos, verificaram
que os girinos cresciam mais rapidamente nos corpos d'água maiores, que
contêm mais nutrientes, e que não podiam sobreviver sozinhos nos
menores.
Isso sugere que os machos e as fêmeas das rãs da espécie Ranitomeya
variabilis não precisam se manter juntos, já que seus girinos podem
sobreviver sem necessitar da ajuda das mães para se alimentar.
Como os girinos da espécie Ranitomeya imitator não conseguem sobreviver sozinhos sem o cuidado tanto dos pais quanto das mães, ambos se mantêm juntos.
Nem queda de biga, nem golpe na cabeça, nem envenenamento encomendado.
Tutancâmon, o mais famoso soberano do Egito antigo, morreu
provavelmente de complicações de uma fratura no fêmur e de uma infecção
grave por malária.
A conclusão é da análise patológica mais completa já feita na múmia
do jovem faraó, publicada hoje por pesquisadores do Egito, da Alemanha
e da Itália na revista médica "Jama".
Fred Prouser/Reuters
Durante dois anos, o grupo fez análises de DNA, tomografias
computadorizadas e medições exaustivas em Tutancâmon e outras 15
múmias. Destas, dez eram aparentadas com o rei-menino, morto em 1324
a.C. aos 19 anos.
Zahi Hawass, o onipresente chefe do Conselho de Antiguidades do
Egito e líder da pesquisa, diz que os novos dados permitem descartar a
hipótese de que Tutancâmon tenha sido assassinado a mando de seu vizir,
Aye --que queria tomar-lhe a mulher, Anquesenâmon.
"Uma fratura repentina na perna, possivelmente causada por uma
queda, pode ter resultado em um estado potencialmente fatal, quando uma
infecção por malária ocorreu", escreveram Hawass e colegas.
Detalhe do minissarcófago usado para abrigar vísceras do faraó Tutancâmon
Ossos frágeis
A julgar pelo estado de seu esqueleto, Tutancâmon era o candidato
perfeito a uma fratura séria. O estudo revelou que o faraó tinha uma
série de deformações nos ossos e uma doença rara semelhante à artrite.
Tomografias de seu pé esquerdo mostraram mais problemas: o pé era
virado para dentro, um dos dedos tinha uma falange a menos e alguns
ossos tinham sinal de necrose.
Os pesquisadores atribuem esta última à síndrome de Köhler, uma
doença dolorosa na qual a interrupção do fluxo sanguíneo destrói os
ossos. Tutancâmon precisava andar apoiado em uma bengala, o que
possivelmente explica por que 130 desses objetos (alguns com sinais de
uso) foram achados em sua tumba. "A doença ainda estava ocorrendo no
momento da morte", afirma o grupo.
Todos esses problemas eram provavelmente hereditários, decorrentes
da má constituição genética do rei-menino. A linhagem de Tutancâmon era
repleta de casamentos consanguíneos, algo rotineiro entre os faraós e
causa conhecida de propagação de doenças genéticas. Os exames de DNA
revelaram que o próprio Tutancâmon era produto de incesto, do casamento
do faraó Aquenáton com uma de suas irmãs.
A identidade da mãe do faraó permanece incerta. Pode ser que se
trate da rainha Nefertiti, mas os arqueólogos preferem chamá-la de
KV35YL (sigla para "mulher jovem da tumba 35 do Vale dos Reis).
Dois fetos de meninas de cinco e sete meses foram confirmados como
as filhas nascidas mortas do rei. Mas a mãe das meninas tampouco pôde
ser identificada com certeza como Anquesenâmon. Por ora, a mulher de
Tutancâmon fica registrada apenas como KV21A.
Uma das surpresas da análise genética foi que tanto Tutancâmon
quanto outras múmias da família tinham em seu sangue genes do
Plasmodium falciparum, protozoário causador da malária na África. "Até
onde sabemos, esta é a mais antiga evidência genética de malária numa
múmia com datação precisa", afirmam os cientistas.
O faraó e seu bisavô, Yuya, tinham inclusive sinais de múltiplas
infecções (a diversidade de genes de plasmódio no sangue dos dois era
mais alta). Segundo os autores, Tutancâmon poderia até mesmo ter
sofrido da forma mais grave da doença. Isso explicaria também a
quantidade de plantas medicinais encontradas na tumba --chamadas de
"farmácia além-túmulo" pelos pesquisadores.
A infecção, agindo sobre um corpo já tão fragilizado, teria liquidado o monarca.
Visão de artista
Apesar de terem detectado tantas moléstias, os cientistas também
desfizeram um mito médico sobre Tutancâmon e sua família. Como os
faraós de Aquenáton em diante eram representados sempre de forma
afeminada em obras de arte, especulou-se que eles sofressem de síndrome
de Marfan, outra doença genética que produz seios em homens e ossos
alongados. Nenhum sinal da doença foi encontrado nas múmias. A
bizarrice artística provavelmente resultava apenas de um decreto de
Aquenáton sobre como retratar os reis.
Apelidado de 'crabzilla', animal tem patas que medem cerca de 2 metros de comprimento
LONDRES - Um caranguejo gigante cujas patas medem quase 2 metros será
exibido pela primeira vez em um aquário de Birmingham, no centro da
Grã-Bretanha.
O animal, originário do Japão, foi apelidado de "crabzilla" -
junção de crab, caranguejo em inglês, com Godzilla, o monstro gigante
do cinema japonês.
O Centro Nacional de Vida Marinha de Birmingham abrigará o
caranguejo até março, quando ele deverá ser levado à Bélgica, onde
ficará em exposição permanente em um aquário local.
Os caranguejos gigantes são encontrados em águas profundas (acima de 300 metros) no Oceano Pacífico.
egundo Graham Burrows, responsável pela sua exposição em Birmingham, as
patas desse tipo de caranguejo podem chegar em alguns casos a 4 metros
de comprimento, suficiente, segundo ele, para abraçar um carro.
"Ele vai fazer os outros caranguejos do aquário parecerem anões, mas ele não é agressivo", diz Burrows.
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Eles têm metade de um milímetro e eram considerados um escândalo da
evolução biológica, pois não fazem sexo há cerca de 30 milhões de anos
e os biólogos não conseguiam entender o motivo. Esses minúsculos
animais aquáticos, os rotíferos da classe Bdelloidea, teoricamente
deveriam estar extintos. Mas uma pesquisa revelou o engenhoso método
que eles usam para sobreviver e passar a vida assexuadamente: eles se
ressecam e conseguem escapar de parasitas ao serem levados pelo vento
para zonas seguras.
Universidade Cornel
Teoricamente, a reprodução sem sexo teria até vantagens. Como lembram
Christopher Wilson e Paul Sherman, da Universidade Cornell (EUA), os
autores da pesquisa relatada em artigo na revista "Science", "a
reprodução sexual reduz a eficiência da transmissão de genes por até
50%, perturba combinações favoráveis de genes, espalha doenças e é
energeticamente custosa".
Mas apesar de tudo isso, menos de 1% dos animais são totalmente assexuados.
Rotífero bdelóide atacado por fungo; em amarelo, filamentos do fungo emergem do bicho morto; criaturas evoluem sem trocar genes
Muitos biólogos explicam o triunfo do sexo na evolução usando a
hipótese da Rainha Vermelha. O nome é uma alusão à personagem do livro
de Lewis Carroll, "Alice Através do Espelho", que declara que "você
precisa correr muito para ficar no mesmo lugar".
No caso da evolução, isso significa que um organismo precisa
encontrar meios para evoluir conjuntamente com seus parasitas e
predadores. Há uma constante corrida armamentista entre uns e outros,
que têm que "correr" para se adaptar às novas armas do adversário.
As cerca de 450 espécies de rotíferos dessa classe não fazem sexo de
jeito nenhum, como também foi mostrado por evidências moleculares.
Só que isso expõe os pequenos rotíferos ao ataque de fungos
parasitas, capazes de rapidamente exterminar suas colônias. Sem a
rápida recombinação de genes que o sexo proporciona, que pode produzir
indivíduos mais resistentes ao fungo, os rotíferos não têm como
desenvolver armas novas para sua defesa a tempo.
Na seca
"Mesmo organismos que não têm a troca genética sexual podem ainda
evoluir. A única diferença é que a variação é gerada apenas por
mutação, não por recombinação", disse Wilson.
A característica do rotífero que o tornou bem sucedido é essa
raríssima capacidade de sobreviver durante anos sem nenhuma água no
meio celular.
Wilson e Sherman fizeram experimentos que mostraram que os rotíferos
da espécie Habrotrocha elusa conseguem escapar do fungo parasita
Rotiferophthora angustispora ao se desidratarem totalmente e serem
dispersos pelo vento.
A desidratação extrema mata os fungos e, ao cair de novo em ambiente úmido, o rotífero parasitado se regenera.
Quanto
mais tempo o rotífero fica seco, maior a chance de ter se livrado da
infecção pelo fungo. Nos testes de laboratório, se a desidratação durou
apenas uma semana, alguns fungos conseguiram sobreviver, e voltaram a
atacar os animais regenerados.
Mas quando a secura durou 21 dias, 60% das populações de rotíferos
ficaram livres do fungo durante o resto do experimento (20 semanas).
Com uma desidratação de 35 dias, o índice de colônias sem contaminação
subiu para 90,5%.
A dupla de cientistas também estudou a dispersão pelo vento em uma
câmara que simulava uma brisa leve. Uma colônia altamente infectada por
fungos e ressecada foi colocada na câmara.
Depois de transportados pelo ar, os rotíferos estabeleceram novas
colônias em placas vazias a 30 cm a 40 cm de distância. O experimento
foi feito duas vezes, obtendo índices semelhantes, de 58,8% e 63,6% de
colônias livres de fungos.
Esconde-esconde
"Esses animais estão basicamente fazendo um jogo de esconde-esconde
evolutivo", disse Sherman. "Eles conseguem colonizar habitats livres de
parasitas, onde se reproduzem rapidamente e de onde partem de novo,
antes que seus inimigos consigam alcançá-los."
Embora a capacidade de se desidratar dos rotíferos já fosse
conhecida, o estudo mostrar como ela pode ter ajudado na evolução do
animal.
Um trabalho publicado em 2008 no periódico "PNAS" por cientistas do
Laboratório de Biologia Marinha dos EUA, mostrou que, para se ressecar,
os rotíferos lançam mão de um sistema ultraeficaz de reparo de DNA. Ele
reconstrói o genoma danificado pela secura. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u694418.shtml
Há 30 anos o CNPq distribui um prêmio para estimular o interesse dos
estudantes pela pesquisa. A iniciativa de fato incentiva a opção por
uma carreira científica? Que rumo tomam seus ganhadores? Nossa
reportagem investiga.
Por: Desireé Antônio
Publicado em 15/02/2010
|
Atualizado em 15/02/2010
A baiana Joana
Fidelis da Paixão, premiada na edição de 2002 do Jovem Cientista,
seguiu carreira acadêmica e hoje é doutoranda em geologia marinha pela
UFBa (foto: Divulgação CNPq).
Todo ano, um pequeno grupo de estudantes do ensino médio, de graduação e pós-graduação vai a Brasília para receber o prêmio Jovem Cientista.
Promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) desde 1981, ele contempla os melhores projetos
científicos em cinco categorias, desenvolvidos em torno de um mesmo
eixo – este ano, o tema é “Energia e meio ambiente – soluções para o futuro”.
O reconhecimento de seu trabalho e a cerimônia em que o prêmio é
entregue aos jovens pelo próprio presidente da República ficam em suas
lembranças por muito tempo. Mas será que esses alunos – cientistas em
potencial – conseguem manter seu envolvimento com a pesquisa após o
prêmio? O prêmio de fato estimula a opção por uma carreira científica?
Nossa reportagem foi atrás de alguns ganhadores do Jovem Cientista para
responder a essas questões.
Para o vencedor da edição de 2002 na categoria graduado, o físico
gaúcho Adriano Moehlecke, o prêmio facilitou a captação de recursos
para pôr em prática o seu projeto de pesquisa. Sua ideia era produzir
módulos fotovoltaicos – equipamentos que transformam energia solar em
elétrica, em escala industrial e a custos menores do que encontrados
atualmente.
Estudioso de geração de energia solar há 18 anos, Moehlecke conta
que retornou em 1997 da Espanha, onde cursou seu doutorado, com a
intenção de iniciar testes para desenvolver a tecnologia em escala
industrial. O físico contou com recursos do CNPq e pôde usar
laboratórios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da
Pontifícia Universidade Católica do mesmo estado (PUCRS).
“Ter ganhado o prêmio facilitou busca investimento para a produção de módulos fotovoltaicos”
O primeiro produto – um lote com 200 unidades dos módulos – foi entregue em dezembro passado
às empresas que patrocinaram o projeto. “Ter ganhado o prêmio facilitou
busca investimento. É uma grande mídia e facilitou nossos contatos”,
avalia.
Professor do curso de Física da PUCRS e coordenador do Núcleo Tecnológico de Energia Solar
da universidade, Moehlecke faz uma ressalva ao atual regulamento do
prêmio: ele acredita que as inscrições deveriam valer para duplas ou
grupos de pesquisadores e não apenas individualmente. “Eu mesmo fiz
todo o trabalho com a minha colega e esposa Izete Zanesco e não pude
incluir o nome dela.”
O gaúcho Adriano Moehlecke ao lado da colega e esposa Izete Zanesco,
com quem desenvolveu módulos fotovoltaicos para a transformação de
energia solar em elétrica. Na opinião do físico, que recebeu o Jovem
Cientista por esse feito, o prêmio deveria aceitar inscrição de
trabalhos com mais de um autor (foto: Divulgação CNPq).
Divisor de águas
Se para Moehlecke o Jovem Cientista facilitou a concretização de seu
projeto, para o estudante mineiro de psicologia Magno Ivo, vencedor da
edição de 2004 na categoria ensino médio, a maior motivação para se
candidatar ao prêmio era a possibilidade de ganhar um computador –
objeto de que precisava e que à época não tinha condições de comprar.
Seu interesse por ciência e o incentivo de uma professora de
história o levaram a estudar os hábitos alimentares do município de
Montes Claros (MG), com o objetivo de propor soluções para reduzir a
fome na região. Hoje, Ivo é aluno de psicologia nas Faculdades Unidas
do Norte (Funorte) com bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni).
Para ele, a premiação representou um divisor de águas. “O prêmio é
um marco que divide minha vida em duas partes: uma sem grandes sonhos
no meio acadêmico e outra nova e totalmente voltada para a pesquisa e
busca do conhecimento”, afirma o aluno, que pretende se dedicar à
psicologia ambiental ou social.
Casos como os de Magno Ivo e de outros alunos que não vivem nos
grandes centros urbanos têm se tornado mais frequentes dentre os
vencedores das últimas edições do Jovem Cientista. “É muito comum ver
pessoas com falta de estrutura conseguirem fazer ótimos trabalhos e
vencerem”, conta Maria Clara Ulhoa, uma das coordenadoras do Serviço de
Prêmios do CNPq.
Segundo ela, o aumento crescente do número de inscrições a cada ano
se explica por fatores como a grande divulgação da iniciativa e o
exemplo de outros estudantes que venceram o concurso e se tornam
modelos para seus colegas. “Forma-se um círculo virtuoso”, diz Ulhoa,
“em que as próprias escolas e professores incentivam seus alunos a
participarem, já que eles também são premiados”. Em 2008, foram
recebidas 1.748 inscrições – mais do que o dobro da edição de 2004, com
721 candidatos. As inscrições para a edição deste ano estão abertas até
30 de junho e devem ser feitas na própria página do prêmio.
E depois?
Apesar do potencial desses jovens e do investimento do prêmio, Maria
Clara Ulhoa diz que o CNPq não desenvolve qualquer ação específica a
fim de manter a ligação dos vencedores com a carreira científica.
Dos 143 estudantes premiados, 86 estão matriculados em algum curso de pós-graduação
Mas fato é que, seja pela inclinação pessoal, pelo estímulo do
prêmio ou por outros motivos, a grande maioria dos premiados continua
envolvida, se não com a pesquisa em senso estrito, ao menos com a
academia. A revelação é de um levantamento do CNPq que reúne informações sobre as atividades atuais dos 143 estudantes já premiados. Finalizado no ano passado, o documento aponta que 86 estão matriculados em algum curso de pós-graduação.
Dentre elas, duas vencedoras – a baiana Joana Fidelis da Paixão,
doutoranda em geologia marinha pela Universidade Federal da Bahia
(UFBa), e a mineira Terezinha da Costa Rocha, mestranda em educação
pela PUC-MG – apontam o prêmio como algo que viabilizou a continuidade
de seu envolvimento com a pesquisa.
Joana ganhou o segundo lugar da edição de 2002 na categoria
graduado, com sua pesquisa de monitoramento ecotoxicológico para
permitir a produção de combustíveis menos prejudiciais ao meio
ambiente, baseada na sua dissertação de mestrado. Ela lembra que se
sentiu recompensada por ter o trabalho premiado.
“Tinha passado por problemas pessoais entre o mestrado e o doutorado
e cheguei a pensar em parar. Mas ganhar o prêmio me deu gás para
continuar”, conta. “É, sem dúvida, o principal produto que tenho em meu
currículo”.
Assista a um depoimento de Joana Fidelis da Paixão sobre sua pesquisa e sobre a importância do prêmio.
Já Terezinha da Costa Rocha, uma das ganhadoras da última edição do prêmio,
confessa que mal sabia da importância do prêmio e que decidiu
participar quando viu um cartaz na universidade já no último dia de
inscrição. Então graduanda em filosofia, ela inscreveu o projeto que
desenvolvia no Núcleo de Apoio à Inclusão da PUC-MG
– um dicionário temático de filosofia na linguagem Libras, material de
referência para facilitar compreensão de conceitos filosóficos por
alunos surdos. Atualmente, está em negociação com o Ministério da
Educação a impressão e distribuição da obra às escolas do país.
Antes de elaborar o dicionário, foram promovidos grupos de estudos
com estudantes deficientes auditivos da universidade para saber quais
eram suas necessidades e dúvidas. O projeto foi escolhido como o
melhor da categoria “graduando” em 2006, e ela ganhou como prêmio uma
bolsa do CNPq até o término do curso.
Como já estava quase se formando, o auxílio para a graduação foi
revertido para o mestrado, que conclui neste ano. “Acredito que não
devo parar por aí, ainda quero fazer muitas pesquisas que posam trazer
contribuição para uma sociedade mais acessível e tecnológica”, planeja.
A mineira Terezinha da Costa Rocha recebe o Jovem Cientista das mãos do
presidente Lula. Ela ganhou a edição de 2008 do prêmio pelo
desenvolvimento de um dicionário temático de filosofia na linguagem
Libras, para deficientes auditivos (foto: Divulgação CNPq)
Em todos os casos ouvidos pela reportagem, o “Jovem Cientista”
contribuiu, de alguma forma, para que os vencedores optassem pela
carreira de pesquisador, o que não significa que a iniciativa, por si
só, seja uma garantia de que isso aconteça.
Mas certamente esforços como esses, que reconhecem o trabalho desses
jovens, são um grande incentivo para que os estudantes invistam na área
científica, já que ele funciona como um diferencial em seleções de
pós-graduação ou mesmo de financiamento de projetos.
É Joana quem melhor define o peso da premiação para sua carreira: “O
prêmio é uma espécie de chancela de qualidade. É como se o CNPQ
dissesse que aquela pessoa vale a pena, e isso faz muita diferença”,
ressume.
Passe longe das doenças transmitidas pelo beijo ou pelo sexo oral
Samba, suor, cerveja e... claro, muita sedução! Essa fórmula é
praticamente infalível para quem quer um carnaval cheio de boas
recordações. A agitação dos quatro dias de folia é tamanha que os
foleões ficam soltinhos, soltinhos e cheios de amor para dar. O beijo
rola solto na praia, na balada, nas ruas, na avenida ou em qualquer
cantinho ao som do batuque.Só é preciso tomar cuidado com um temido
inconveniente. Muitas doenças, das odontológicas às sexualmente
transmissíveis (DST), podem ser transmitidas pela boca, através do
beijo ou do sexo oral.
Mas foi só um beijinho! Não importa. Existem vários tipos de doenças potencialmente
transmissíveis por uma simples troca de saliva e uma delas é inclusive
como a doença do beijo a mononucleose. Isso sem falar em cárie,
gengivite, candidíase, herpes labial e genital, tuberculose, hepatite,
sífilis e gonorréia.
O ritmo alucinado da farra, com muitas horas de agito somadas a uma má
alimentação e a ingestão de álcool e drogas em excesso, abre as portas
do organismo para a entrada de vírus e bactérias. "Para que a
contaminação aconteça, é preciso haver a combinação entre a carga
infectante em um dos indivíduos e a baixa resistência no outro" ,
alerta o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp.
A outra má
notícia para os beijoqueiros é que a melhor forma de se proteger com
relação a transmissão de doenças pela boca é abstinência ou, pelo
menos, uma boca mais comedida, evitando beijar muitas pessoas em pouco
tempo ou. "Este cuidado vale para todas as pessoas sadias. Mas, para
aquelas com alguma ferida em boca, ele é determinante" , alerta o
dentista Pantelis Varvaki Rados, consultor de Estomatologia da
Associação Brasileira de Odontologia (ABO) e professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
Inflamações, como aftas e gengivite, sensibilizam a mucosa e facilitam
a entrada dos micróbios. "As doenças de maior risco de transmissão são
o herpes bucal, em especial os com lesões ativas, e a mononucleose
infecciosa, definitivamente transmitida pelo beijo", avalia Pantelis.
Há ainda a candidíase, que surge principalmente quando você está com a
resistência baixa. O contágio também pode ocorrer por meio de copos e
talheres, mas cada vez com menor probabilidade.
Segundo uma pesquisa publicada no jornal da Academia de
Odontologia Clínica Geral dos EUA, em 2002, cerca de 90% dos pacientes
analisados que contraíram o componente oral de uma doença sexualmente
transmissível (como a gonorréia) não apresentam sinais evidentes de
contágio. Os outros 10% exibiam sintomas como inflamação ou edema na
gengiva e hemorragia características de outra doença, a dolorosa
gengivite necrosante ulcerativa, que apresenta um odor desagradável. "O
cirurgião-dentista pode reconhecer os sintomas orais de uma DST e
instruir o paciente a procurar um profissional de saúde para o correto
diagnóstico!" , alerta o dentista Pantelis Varvaki Rados.
Para
reduzir o risco de contaminação através de sexo oral, a regra básica é
praticar sexo seguro e usar camisinha. De acordo com o médico
infectologista Paulo Olzon, não há estudos científicos suficientes que
comprovem a transmissão do vírus HIV, da Aids, por via oral. "A
contaminação do vírus pela boca é extremamente difícil, isso ainda não
foi comprovado", diz Olzon. O risco de transmissão do HIV através do
beijo na boca poderia ser maior entre as pessoas que usam body-piercing
na língua ou lábios, mas só quando não houve cicatrização ou há
sangramento no lugar do corte mesmo caso de quem usa aparelho
ortodôntico e, muitas vezes, tem a mucosa bucal ferida.
O especialista em estomatologia e professor da USP, Francisco
Pacca, considera a região onde o piercing é colocado uma via de entrada
para todos os microorganismos. Pacca fez um estudo com 100 pacientes
usuários de piercing bucal, realizando a biópsia das áreas próximas ao
acessório. "Em todos os pacientes foram encontradas alterações
microscópicas, seja por infecção, inflamação e modificações epiteliais"
, conclui.
Boca-a-boca
A seguir, conheça as principais doenças que podem ser transmitidas quando você resolve brincar de salada mista
cárie: causada por bactérias,
é a mais comum das doenças odontológicas. Para prevenir, basta fazer a
higienização adequada, com escovação dos dentes e limpeza com fio
dental.
gengivite: trata-se da inflamação da gengiva
que, quando não tratada, evolui para um quadro de periodontite.
Gengivas vermelhas e sangrantes, raramente dolorosas, caracterizam o
mal. "Cáries e doenças periodontais são causadas por bactérias,
microorganismos transmitidos por um simples beijo na boca. Mas isso não
significa que o contato seja capaz de provocar a instalação da doença"
, explica o especialista em estomatologia, Francisco Pacca. hepatite:
há risco de transmissão do tipo B da doença, caso haja lesões e feridas
na mucosa bucal. O tipo A é transmitido por fezes e o tipo C, apenas
por agulhas.
herpes: o vírus pode ser transmitido mais
facilmente na fase aguda, quando está em plena atividade e deixa a boca
cheia de pequenas bolhas. "A herpes tipo 1 é caracterizada como labial
e a tipo 2 como genital, mas com a prática do sexo oral, o vírus do
tipo 1 pode causar a genital e vice-versa" , explica o médico
infectologista, Paulo Olzon.
candidíase: também conhecido como sapinho,
caracteriza-se por áreas brancas na mucosa que, quando raspadas, deixam
a região vermelha e sangrante.
gonorréia:
apresenta vermelhidão, ardência e prurido na mucosa. Raramente faz
feridas mononucleose: popularmente chamada de doença do beijo,
apresenta pequenas manchas vermelhas no céu-da-boca. Provoca o aumento
do volume dos gânglios. Estes sinais costumam aparecer após um mês do
contágio.
sífilis: ela
causa uma ferida indolor no lábio ou na língua e ínguas no pescoço. "A
transmissão é considerada muito rara. Mesmo a sífilis genital só atinge
pacientes indivíduos com vida sexual extremamente promíscua", explica
Paulo Olzon.
Baleeiros japoneses são feridos por ácido na Antártida
O material foi lançado por ativistas na tentativa de conter a caça de baleias na região
Integrante (à esquerda) do grupo ecologista Sea Sheperd's aponta o lançador de àcido para o baleeiro
SYDNEY
- Três tripulantes de um navio baleeiro japonês ficaram feridos por
ácido corrosivo lançado por ecologistas que protestam contra suas
atividades em águas da Antártida, informaram hoje fontes japonesas.
Os
marinheiros sofreram lesões em seus olhos e rostos por conta da
agressão, segundo Glenn Inwood, porta-voz do Instituto Japonês de
Investigação de Cetáceos, que assinalou que os ativistas estavam em um
barco da organização conservacionista Sea Shepherd.
Os
ecologistas confirmaram que atiraram ácido em direção ao pesqueiro, mas
garantiram que não era tóxico. O fato ocorreu ontem durante um
confronto entre quatro embarcações japonesas e dois navios de ativistas
ambientais nas águas do continente gelado.
Os ativistas
primeiro tentaram bloquear o pesqueiro para danificar o motor, depois
apontaram um laser cegante em direção aos tripulantes e por fim
lançaram bombas de mau cheiro e o ácido corrosivo, denunciaram os
baleeiros.
Há dois anos os ecologistas perseguem os
pesqueiros japoneses para sabotar suas atividades na Antártida, onde
estão autorizados a caçar uma cota anual de baleias para estudá-las com
"fins científicos", segundo o Governo japonês.
Austrália
e Japão estiveram a ponto de uma crise diplomática em 2009, quando um
juiz australiano decidiu que era ilegal capturar cetáceos na reserva
marinha declarada por Canberra no continente, cuja soberania não é
reconhecida por Tóquio.
Pouco depois, um navio do
Departamento de Alfândegas australiano vigiou e filmou durante semanas
as atividades dos baleeiros japoneses, que foram atacados em várias
ocasiões por ecologistas da Austrália e Nova Zelândia.
A
Comissão Baleeira Internacional condena a atividade dos pesqueiros
japoneses, mas Tóquio ignora os protestos, e exige que seja cancelada a
moratória vigente para permitir capturas de cetáceos em pequena escala.
HIV "desencapado" causa Aids, indica pesquisa com casais gays
RICARDO MIOTO
da Folha de S. Paulo
Por mais avanços que se tenha feito no estudo da Aids nos últimos 25
anos, pouco se sabe ainda sobre os mecanismos que o vírus HIV usa para
se espalhar.
Agora, estudando seis casais homossexuais em que um homem tinha
acabado de contaminar o outro, um grupo dos EUA conseguiu ao menos
dizer qual parte do sêmen é responsável por transmitir a doença.
O sêmen é um líquido heterogêneo, que carrega desde espermatozoides
até células do sistema de defesa do corpo, os glóbulos brancos.
Esse tipo de célula costuma ser atacada pelo HIV, que aloja seus
genes no DNA do glóbulo branco --é por isso que a Aids abala a
capacidade de defesa do organismo e o portador que não toma remédios
fica vulnerável a doenças como a pneumonia.
Seria, então, possível que os glóbulos brancos tivessem um papel na transmissão, mas os cientistas viram que isso não acontece.
Editoria de Arte/Folha Imagem
Via fitas
O vírus se propaga, na verdade, como fitas de RNA --molécula-irmã do
DNA-- que ficam soltas (e que carregam todo o material genético do HIV,
com as instruções de que ele precisa para se reproduzir e dominar o
hospedeiro), flutuando no sêmen.
Ou seja, o vírus em sua forma completa não tem papel crucial na
infecção, explicam os cientistas em estudo na última edição da revista
"Science Translational Medicine".
É possível saber isso porque, como o HIV tem alta taxa de mutação,
os vírus flutuantes do sêmen, que estavam separados na vesícula seminal
de quem o transmitiu, têm ligeiras diferenças genéticas quando
comparados com os dos glóbulos brancos, que estão alojados na corrente
sanguínea.
Analisando a diferença na sequência de "letras" químicas do genoma
dos vírus presentes nos indivíduos recém infectados dos casais, foi
possível saber em qual dos dois lugares eles se originaram.
É o mesmo tipo de trabalho que se faz para saber qual o parentesco entre diferentes pessoas ou espécies.
Saber qual parte do sêmen carrega o vírus torna possível definir um
alvo para eventuais medicamentos ou vacinas que evitem a sua
transmissão.
Futuro
Ainda é preciso, porém, entender melhor os mecanismos químicos e
celulares do contágio por HIV através do sêmen para saber por que isso
é assim.
É algo importante, porque, apesar de o vírus também estar presente
no sangue, nos líquidos vaginais e no leite materno, é através do sêmen
que a maioria das pessoas se contamina.
Outro passo é saber se as descobertas são válidas para qualquer tipo
de relação sexual: o estudo atual foi feito apenas com homens gays.
"Não sabemos como é no caso de sexo entre homens e mulheres, tanto
vaginal quando anal. Mas é lógico imaginar que as conclusões seriam
iguais", diz Davey Smith, infectologista da Universidade da Califórnia
em San Diego e autor do estudo.
O problema que pesquisadores como ele enfrentam é conseguir
voluntários para os estudos. "É complicado encontrar parceiros sexuais
que tenham acabado de transmitir o HIV e que estejam dispostos a
contribuir com a ciência", diz Smith.
Ao aumentar a produção de biocombustíveis para substituir o petróleo, o
Brasil pode dar grande contribuição para o mundo reduzir as emissões de
gases-estufa, mas essa política pode acabar sendo um tiro pela culatra,
indica um novo estudo.
Se a tendência atual de mudanças no uso da terra continuar,
plantações de cana-de-açúcar e soja tomarão o lugar de pastagens, e
estas serão empurradas para áreas de floresta, desmatando e emitindo
carbono.
Isso é o que indica uma projeção feita pelo ecólogo paulista David
Lapola, da Universidade de Kassel (Alemanha), autor principal de um
estudo publicado na edição de hoje da revista "PNAS".
Editoria de Arte/Folha Imagem
Segundo ele e seus coautores, se o Brasil cumprir seu objetivo para
2020 --aumentar em 35 bilhões de litros a produção de álcool e em 4
bilhões de litros a de biodiesel de soja-- essas duas culturas
empurrariam as pastagens para cerca de 60 mil km2 de floresta,
desmatando uma área maior do que a Paraíba.
Segundo os cientistas, a troca de petróleo por biocombustível levaria 250 anos para compensar as emissões desse desmate.
As conclusões de Lapola e seus colegas saíram da projeção de uma
tendência que já se verifica. "Identificamos quais seriam as mudanças
diretas de uso da terra, e a maioria era biocombustível tomando lugar
de pasto", explica Lapola.
De gado para soja
"As mudanças indiretas eram o gado que estava naquele espaço sendo
realocado em outras regiões, sobretudo Amazônia e cerrado." Mais de 90%
da expansão da soja na Amazônia em 2006, por exemplo, ocorreu sobre
áreas de pastagem.
Especialistas afirmam que o estudo do ecólogo é consistente, mas sua
conclusão é polêmica. Para o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite,
especialista em política energética e membro do conselho editorial da Folha,
o artigo tenta "assegurar que na distribuição internacional do trabalho
[agricultura] o Brasil se mantenha como produtor de alimento barato".
"Se esse alerta pretende criar desconfiança em relação a nossos
produtos, acho ruim, principalmente agora que os EUA acabam de
reconhecer o etanol brasileiro como um combustível avançado", diz
Suzana Kahn Ribeiro, secretária nacional de Mudança Climática.
Lapola explica que seu trabalho não deve ser visto como uma profecia
incontornável, mas como um dado a partir do qual planejar ação.
Segundo ele, por exemplo, se a produtividade do gado tiver um
pequeno aumento de intensidade --de 0,09 cabeças por hectare para
0,13-- o problema poderia ser contornado. A recuperação de pastos
degradados e abandonados também ajudaria.
Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, essas mudanças
já estão acontecendo. "Nos últimos 20 anos a área de pastagem diminuiu,
e a produção de carne aumentou."
Lapola, porém, defende que o governo atue para fomentar a produção
intensiva. "Muitos subsídios hoje vão para aquisição de animais,
manutenção da infraestrutura e várias outras coisas, mas pouco vai para
incentivar o aumento da intensidade da criação ou a recuperação das
pastagens degradadas."
Alimentação saudável e exercícios podem evitar 19% dos casos de câncer
Se o País não adotar medidas de prevenção, incidência da doença deve crescer 35% em 10 anos, alerta o Inca
Bruno Boghossian, RIO
combinação de uma alimentação saudável com a prática frequente de
atividades físicas pode evitar 19% dos casos de câncer no Brasil, de
acordo com uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Nacional de
Câncer (Inca) em parceria com o Fundo Mundial de Pesquisa contra o
Câncer (WCRF).
O estudo aponta que, ao prevenir a obesidade, é
possível reduzir em até 30% a incidência de 12 tipos específicos de
câncer, considerados comuns na população brasileira, como os de
esôfago, pulmão, mama, fígado e próstata. Considerados apenas os
tumores de boca, faringe e laringe, 63% dos casos poderiam ser evitados.
O
excesso de células de gordura no corpo pode aumentar a produção de
fatores que causam inflamação e contribuir para o desenvolvimento do
câncer. "Além de provocar a doença, essas células facilitam a agressão
de fatores cancerígenos ao organismo", explica o nutricionista Fábio
Gomes, da área de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca. Para proteger
o corpo, pesquisadores recomendam o consumo de 400 gramas de frutas,
verduras e legumes frescos por dia e a redução da ingestão de alimentos
embutidos e com conservantes, como presunto e salame.
PREVENÇÃO
A
publicação divulgada ontem, no Dia Mundial do Câncer, é uma adaptação à
realidade brasileira das recomendações feitas pelo WCRF. Com base no
estudo dos hábitos alimentares do País, a pesquisa propõe medidas para
evitar a escalada de determinados tipos de tumor.
"A prevenção
pode ser uma tarefa difícil e complexa, mas é plenamente possível",
afirma o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. "Se nada for
feito, o Brasil deve ter um aumento de 34,6% nos casos de câncer nos
próximos dez anos."
O médico citou as políticas de controle do tabaco como um exemplo de sucesso na prevenção da doença.
"Podemos
fazer o mesmo em relação à alimentação. As pessoas têm um certo medo
até de falar a palavra "câncer", consideram a doença inevitável e
desconhecem a possibilidade de preveni-la com essas medidas", disse.
Santini
estima que um trabalho baseado em alimentação saudável e atividades
físicas frequentes poderia reduzir em R$ 84,2 milhões os gastos do
Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento e a internação de
pacientes com câncer de boca, faringe e laringe, esôfago, pulmão,
estômago, mama e colorretal.
"O tratamento universal do câncer é
impossível, simplesmente porque não há recursos suficientes", avalia o
coordenador do estudo, Geoffrey Cannon, do Instituto Americano para
Pesquisa do Câncer. "É uma doença extremamente evitável. Só de 5% a 10%
dos casos de câncer não podem ser prevenidos, como os causados por
fatores hereditários."
Para os pesquisadores, os resultados do
estudo não são surpreendentes, mas reforçam a necessidade de incentivar
hábitos saudáveis, por meio de campanhas educativas e da regulamentação
da indústria de alimentos.
"A população brasileira ainda não
absorveu a relação entre alimentação e câncer, como acontece no caso
das doenças do coração e da diabetes, por exemplo", afirmou o
nutricionista Fábio Gomes.
ESTIMATIVA
489 mil
casos de câncer deverão ser registrados neste ano no País
114 mil
casos serão de câncer de pele não melanoma. Entre os
homens, o mais incidente
deverá ser o de próstata (52 mil casos) e entre as mulheres, o de mama (49 mil casos)
BONS HÁBITOS
Recomendações: Pratique exercícios físicos regulares; valorize o transporte a pé e use bicicleta
Frutas, legumes e verduras: Consuma diariamente 400 gramas dos três grupos de alimentos, valorizando os da safra
Carnes: Prefira as assadas, cozidas ou ensopadas. Evite o
preparo usando fritura
Embutidos: Evite presunto, salsicha, linguiça, mortadela e
salame - eles também não figuram em um cardápio saudável
Alta densidade energética: Devem ser evitados alimentos com mais de
duas calorias por grama de alimento, como biscoitos, refrigerantes,
frituras (batatas, hambúrgueres) e cereais matinais com açúcar ou
chocolate.
Perda da biodiversidade já afeta economia, dizem especialistas
Populações humanas dependem da diversidade biológica, alerta grupo reunido em convenção na Noruega
Reuters
OSLO - A perda de espécies animais e vegetais está aumentando a ameaça
á economia e o mundo precisa de novas metas para proteger a natureza,
depois de fracassar em atingir o objetivo de redução das extinções
traçado pelas nações Unidas para 2010, disseram especialistas.
Perdas
de biodiversidade "têm consequências cada vez mais perigosas para o
bem-estar humano, e para a sobrevivência de algumas sociedades", diz o
resumo de uma conferência que reuniu 90 países na Noruega, nesta
semana.
As Nações Unidas afirmam que o mundo está
enfrentando a pior crise de extinções desde que os dinossauros foram
eliminados há 65 milhões de anos. A onda atual é impulsionada pelo
crescimento da população humana e suas consequências, como poluição,
urbanização e aquecimento global.
Danos aos recifes de
coral nos trópicos, a desertificação crescente na África e a derrubada
da floresta amazônica estão entre as ameaças à vida silvestre e,
também, ao estilo de vida de populações humanas.
"Muito mais setores da economia dependem da biodiversidade do que imaginamos", disseram os dirigentes da conferência.
Além
da produção de alimentos, setores como turismo, farmácia e geração de
energia com biocombustíveis dependem da diversidade de espécies na
natureza.
Uma cúpula da ONU em 2002 havia definido uma
meta de "redução significativa da atual taxa de perda de diversidade
biológica" até 2010. As nações Unidas dizem que o objetivo fracassou.
Reveladas cores de pequeno dinossauro de 150 milhões de anos
Animal emplumado tinha uma crista avermelhada e listras brancas nas asas, de acordo com cientistas
Associated Press
WASHINGTON - Um dinossauro de 110 gramas, que viveu há 150 milhões de
anos, tinha penteado moicano e penas listradas, diz estudo publicado na
edição online da revista Science.
Os pesquisadores foram capazes de determinar as cores de penas
individuais, e assim determinar os padrões cromáticos do fóssil
completo do Anchiornis huxleyi.
O animal parece ter tido um corpo preto e asas com algumas penas
brancas, gerando um padrão listrado, além de uma crista vermelha e
pintas no rosto.
Reconstituição do Anchiornis huxleyi, um pequeno dinossauro emplumado chinês. Divulgação
"Esta criatura tinha uma plumagem notável", disse um dos autores do
estudo, o ornitólogo Richard O. Prum. "Seria um animal bem
impressionante se estivesse vivo hoje".
O espécime estudado foi descoberto na China, mesmo país de origem do Sinosauropteryx, uma criatura que parece ter tido penas ruivas, de acordo com artigo publicado na semana passada na revista Nature.
Prum especulou que o padrão de cores do A. huxleyi pode ter servido como um sinal para atrair parceiros para o acasalamento.
Grupo revela como mosquito da malária escolhe alvos
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S. Paulo
Uma equipe de pesquisadores identificou as proteínas que o mosquito da
malária usa para localizar suas vítimas pelo cheiro. O achado abre a
possibilidade de criar melhores repelentes ou armadilhas para o inseto
transmissor da moléstia.
Outros dois grupos de cientistas acharam uma enzima essencial para
penetração das células sanguíneas pelo parasita, que poderá servir de
alvo para medicamentos semelhantes usados com sucesso contra o vírus da
Aids, o HIV, as drogas inibidoras de protease.
Anopheles albimanus, transmissor da malária, pica humano; para ele, algumas pessoas têm cheiro mais atraente
Juntas, as pesquisas oferecem novas estratégias contra a doença, que
atinge centenas de milhões de pessoas, tem metade da população do
planeta em áreas de risco e causa quase 1 milhão de mortes a cada ano.
Insetos detectam cheiros através de neurônios receptores olfativos.
A equipe de John Carlson, da Universidade Yale, EUA, inseriu os genes
desses receptores presentes em mosquitos em moscas-das-frutas
transgênicas da espécie Drosophila melanogaster com "neurônios vazios", isto é, um neurônio olfativo mutante que não tem o seu receptor próprio.
Dissecação
A pesquisa envolveu um trabalho paciente e delicado, desde a dissecação
dos mosquitos para extrair seu DNA até a inserção dos genes nas moscas
e a medição dos impulsos elétricos causados pelos odores.
Foram inseridos 72 genes diferentes de mosquitos da espécie Anopheles gambiae, principal transmissor da doença na África, dos quais 50 tornaram-se funcionais.
E cada um deles foi testado com 110 diferentes substâncias
odoríferas --gerando um banco de dados de 5.500 combinações de
receptores-odores. Também foram feitas comparações com os receptores
das moscas-das-frutas.
"Nós identificamos vários compostos que ativam fortemente muitos
desses receptores. Estamos também buscando compostos que os inibam",
declarou Carlson à Folha.
"Alguns desses compostos ativadores e inibidores podem ser muito úteis
para atrair mosquitos a armadilhas, repeli-los ou confundi-los",
completou ele, que ressalta: "Desenvolver um produto efetivo vai
provavelmente levar vários anos."
No Brasil, o principal transmissor da malária é de outra espécie, o A. darlingi. "É possível que alguns dos resultados do nosso trabalho sejam aplicáveis a outros mosquitos vetores de doenças", diz Carlson.
Sangue doce
Uma das substâncias que provocaram forte ativação foi o indol,
presente no suor humano. Já os ésteres e aldeídos não obtiveram muito
sucesso com os receptores do mosquito, mas ativaram fortemente os das
moscas -algo que se explica pela sua forte presença nos odores exalados
por frutas.
"Algumas pessoas parecem ser muito mais atraentes para os mosquitos
do que outras, e a base olfativa disso é um foco de estudo empolgante e
atual", acrescenta Carlson. Ou seja, para o mosquito, há gente que é
"cheiro bom" ou "sangue bom", e há quem é menos.
O estudo de Carlson e mais quatro colegas vai ser publicado em
edição futura da revista científica britânica "Nature", mas já está
disponível no site da publicação para os assinantes.
Inspiração na Aids
A mesma revista publicou dois artigos de duas equipes distintas de
pesquisadores com a descoberta da enzima envolvida na infecção das
células vermelhas do sangue pelo parasita da malária.
Uma das equipes é liderada por Alan Cowman, do Instituto de Pesquisa
Médica Walter & Eliza Hall (Austrália), e a outra é comandada por
Daniel Goldberg, da Universidade Washington em Saint Louis, EUA.
Quando infecta um glóbulo vermelho, o parasita da malária injeta
nele centenas de proteínas que ajudam a enganar o sistema de defesa do
organismo e modelam a célula humana para suas necessidades.
As duas equipes agora identificaram uma protease --enzima que quebra
proteínas-- fundamental para a viabilidade do parasita, a chamada
plasmepsina 5.
"Sua identificação como uma enzima crítica para a exportação de
proteína provê um importante alvo para o desenvolvimento de novos
antimaláricos", escreveram Cowman e colegas.
Eles completam que "inibidores de protease do HIV-1 têm sido
tratamentos bem sucedidos no combate ao HIV e, por isso, esses
inibidores podem prover uma plataforma para o design de novos compostos
antimaláricos."
Cientistas imitam teia de aranha em fibra sintética para coletar água
da France Presse, em Paris
Redes desenvolvidas com alta tecnologia, inspiradas por teias de
aranha, e capazes de coletar água da névoa de locais muito úmidos,
podem ajudar a levar o líquido a locais atingidos por secas.
Em estudo publicado na revista "Nature" nesta quarta-feira (3),
cientistas chineses explicam que a teia das aranhas não é apenas forte,
mas também possui uma significativa capacidade de coletar a água
presente no ar, evitando que o animal precise se preocupar em ter o que
beber.
O segredo, revelado por um microscópio eletrônico, está nas fibras
proteicas em formato de cauda que formam a teia, cuja estrutura muda ao
reagir com a água.
Uma vez em contato com a umidade, pequenos segmentos do fio se
"enrolam" em minúsculos nós, cuja distribuição aleatória de fibras é
responsável pela textura áspera e cheia de protuberâncias da teia.
As pequenas gotas se condensam por toda a teia de aranha, até
chegarem a um tamanho máximo, quando escorregam pelo fio até as
articulações da trama, onde se unem às outras gotas, formando porções
maiores de água.
Fabricação
A equipe de pesquisadores, coordenada por Lei Jiang, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, estudou a teia da aranha Uloborus walckenaerius, que usa uma espécie de pente, ou cribellum, para separar as fibras e moldá-las de diferentes maneiras.
Inspirados na aranha, os cientistas começaram a desenvolver fibras com
o objetivo de reproduzir a estrutura microscópica da teia.
"Nossa teia de aranha artificial não apenas imita a estrutura da
teia de aranha em contato com a água, mas também sua capacidade de
direcionar a água coletada", afirmam.
A descoberta ajudará no desenvolvimento de fibras fabricáveis
capazes de coletar água tanto em lugares úmidos quanto em grandes
altitudes, acopladas a aeronaves, por exemplo.
A coleta de orvalho da névoa pode ser feita com redes ou telas
esticadas em mastros. A técnica, utilizada na região dos Andes, está
sendo incentivada em localidades mais pobres e secas do mundo, como o
Nepal, além de lugares que sofrem com o aquecimento global e com secas
prolongadas.
México anuncia venda de vacinas contra a gripe A em farmácias
Cada dose custará o equivalente a R$ 43 e poderá ser aplicada em clínicas particulares sob prescrição médica
CIDADE DO MÉXICO - O ministro da Saúde do México, José Angel Córdova,
anunciou nesta segunda-feira, 1, que a vacina contra o vírus da gripe A
(H1N1) já está liberada para ser vendida em farmácias do país.
Cada dose da vacina custará 300 pesos, o equivalente a R$ 43,00. Até
hoje, os antivirais contra a doença eram distribuídos pelo governo, de
acordo com a necessidade de abastecimentos dos hospitais públicos e
privados.
O ministro confirmou ainda que a vacina
poderá ser aplicada em clínicas particulares, mas "sempre sob
prescrição médica". A vacina será distribuída pela estatal Biológicos y
Reactivos de México (Birmex).
Inicialmente, foram
entregues cerca de 215 mil vacinas para a venda em farmácias. Nos
próximos dias, ainda de acordo com Córdova, o México deverá receber
mais 15 milhões. No total, o país já adquiriu 30 milhões de doses de
laboratórios estrangeiros.
A epidemia da Gripe A teve
início no México, em abril de 2009, e em poucos meses se espalhou pelo
mundo, fazendo com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevasse ao
máximo o nível de alerta sobre a doença.
No início do
ano, a OMS divulgou um novo balanço sobre as vítimas da pandemia.
Segundo o documento, quase 13 mil pessoas morreram no ano passado
vítimas da doença em todo o mundo.