Cachorro surgiu no Oriente Médio, mostra análise de DNA
RICARDO MIOTO
da Folha de S. Paulo
Um São Bernardo é tão diferente de um chihuahua que nem parecem ser da
mesma espécie. Mas o maior estudo genético já feito sobre cães
domésticos acaba de mostrar que, no seu DNA, as várias raças de cachorro
são ainda mais parecidas do que se imaginava.
da Folha de S. Paulo
Enquanto a maioria das diferenças de peso e altura em humanos e outros animais envolvem um punhado de genes com efeitos individuais pequenos, em cachorros um único gene é responsável por mais de 50% da variação no tamanho do corpo, por exemplo.
Os cientistas conseguiram também apontar o local onde os primeiros lobos foram domesticados: no Oriente Médio, e não no extremo Oriente, como se pensava.
Editoria de Arte/Folha Imagem
Eles puderam chegar a essa conclusão analisando o trechos do material genético de mais de 900 cachorros de 85 raças e de lobos do mundo inteiro. Assim, foi possível criar um grande retrato de família, montando uma árvore genealógica da espécie.
Ela é bem inesperada, porque a localização geográfica das raças não parece ter relação com as diferenças genéticas entre elas --ao contrário do que ocorre com espécies que evoluem naturalmente. Afinal, é a seleção artificial humana, não a seleção natural, a principal força a guiar a evolução canina.
As pessoas escolhem os animais que vão sobreviver utilizando critérios como a docilidade, a beleza, a utilidade na caça ou com rebanhos. A seleção artificial faz com que as características da região onde o bicho vive não sejam tão importantes quanto a vontade dos criadores na determinação das suas características.
Os cientistas perceberam como a domesticação podia causar grande impacto nos animais na década de 1950. O soviético Dmitri Belyaev, na época, selecionou por seis gerações os filhotes de raposa mais dóceis para se reproduzirem. Ao final, os animais eram ávidos por contato humano e até ganharam características físicas que humanos consideram simpáticas, como orelhas caídas.
Origens
A seleção artificial aconteceu com força em dois momentos, diz Robert Wayne, biólogo da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ele é coautor do estudo, que envolveu um grupo de 36 cientistas e sai na edição de hoje da revista "Nature".
O primeiro momento ocorreu no próprio Oriente Médio, quando surgiram cerca de 20% das raças atuais. Foi quando surgiu a agricultura, há 10 mil anos, que os laços entre humanos e cachorros se estreitaram. "Nessa região, eles são encontrados enterrados com as pessoas. Em um caso, um filhote foi enterrado nos braços de um homem", diz Wayne.
O outro foi no século 19, quando virou moda criar novas raças de cachorros e apareceram 80% das atuais, dizem os cientistas. Na época se fortaleceu o conceito de "pureza" das raças, surgindo, a partir de então, animais com todo tipo de comportamento e porte.
A partir da 2ª Guerra Mundial, o pedigree se tornou mania entre quem queria comprar um cachorro. O que os cientistas questionam agora é se tal esforço pela purificação das raças é saudável. A falta de variedade genética pode facilitar a proliferação de doenças.
O debate se reacendeu quando Barack Obama decidiu qual cachorro iria morar na Casa Branca --um cão d'água português, para decepção dos grupos de direitos dos animais, que preferiam um vira-lata.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u708598.shtml
2 comentários:
Achei Bastante interessante essa reportagem da origem dos cachorros. Não sabia que um gene apenas poderia fazer tanta diferença entre as raças caninas. Abraço
Achei Bastante interessante essa reportagem da origem dos cachorros. Não sabia que um gene apenas poderia fazer tanta diferença entre as raças caninas. Abraço
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