quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Diabetes pode prejudicar função cognitiva

07 de dezembro de 2010
Diabetes pode prejudicar função cognitiva
Doença desempenha papel importante na síntese de colesterol no cérebro
por Katherine Harmon
Manter o colesterol baixo é positivo. Porém, diminuir a quantidade de lipoproteína de baixa densidade (LDL) ou "colesterol ruim" é apenas uma parte da equação do corpo para manter um equilíbrio saudável de lipídios. Apesar de “diminuir o colesterol” ser bom para o coração, não é sempre bom para o cérebro, que contém cerca de 1/4 do colesterol do organismo.

Ktsimage/iStockphoto

 Uma pesquisa recente mostrou que drogas utilizadas para reduzir o colesterol, como estatinas, podem iniciar o desenvolvimento de problemas cognitivos. A pesquisa sugere que o diabetes, que afeta a síntese de colesterol no fígado, também pode ser ocasionado devido a alteração das taxas de compostos produzidos no cérebro.

Os pesquisadores descobriram que camundongos diabéticos tinham menos colesterol nas membranas em torno de suas sinapses neuronais. "Esse fato tem grande implicação para as pessoas com diabetes", explica Ronald Kahn, do Joslin Diabetes Center da Harvard Medical School e coautor do novo estudo. Os resultados foram publicados on-line no dia 30 de novembro no
Cell Metabolism.

"O colesterol é necessário aos neurônios para estabelecer sinapses com outras células, por isso essa diminuição do colesterol pode afetar a função nervosa", disse Kahn. Os sistemas afetados podem incluir "regulação do apetite, comportamento, memória e até mesmo dor e atividade motora", completa.

Para o estudo, Kahn e sua equipe criaram camundongos sem insulina suficiente, para que pudessem simular uma condição diabética. Em particular, os cientistas tinham como alvo um gene conhecido como “SREBP-2” (que controla o metabolismo do colesterol) e outros genes base do cérebro, fazendo com que os ratos tivessem menos colesterol nas estruturas centrais do cérebro.

Quando os ratos diabéticos receberam injeções de insulina, seus genes pareciam voltar ao funcionamento normal. Os pesquisadores observaram que a depleção de insulina a longo prazo pode causar danos permanentes às bainhas de mielina, cobertura dos nervos graxos que contêm mais de dois terços do colesterol do sistema nervoso central e são cruciais para a comunicação neural.

“Ninguém jamais suspeitara que a insulina e o diabetes iriam desempenhar um papel tão importante na síntese de colesterol no cérebro", Kahn.

 http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/diabetes_pode_prejudicar_funcao_cognitiva.html

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Britânico com rosto desfigurado quer chamar atenção para síndrome rara

Britânico com rosto desfigurado quer chamar atenção para síndrome rara

Vanessa Barford
da BBC

Um jovem britânico que sofre de uma síndrome rara que provoca o desfiguramento do rosto está chamando atenção para o drama dos portadores da condição

 Em programa da BBC, Jono Lancaster conta que sofreu de depressão na adolescência

Jono Lancaster, de 26 anos, nasceu com a síndrome de Treacher Collins, que afeta um em cada dez mil bebês na Grã-Bretanha, e contou sua história de sofrimento e superação em um documentário da BBC, Love Me, Love My Face (Ame-me, ame minha face).
Jono, que foi dado para adoção pelos pais com 36 horas de vida, sofre de um problema genético que afeta a forma com que os ossos da face se desenvolvem enquanto o bebê ainda está no útero.
A síndrome de Treacher Collins faz com que seus portadores não tenham ossos malares, consequentemente os olhos ficam caídos. Jono também tem problemas de audição e usa um aparelho implantado em seu osso.
O jovem britânico teve que passar por várias cirurgias, consultas em hospitais e, apesar de hoje estar feliz com seu emprego e sua namorada, Jono sofreu de depressão durante a adolescência.
"Eu era desesperado para ter amigos, eu fazia qualquer coisa. Eu não tinha confiança, comprava muitos doces e entregava para outras crianças, para que elas gostassem de mim. Acabei fazendo muitas coisas estúpidas, para que as pessoas falassem a meu respeito por uma razão que não fosse a minha aparência", disse à BBC.
Mãe adotiva
Jono foi adotado e seus problemas de comportamento na escola pioravam. No entanto, ele afirma que apenas ficava cada vez mais solitário.
"Eu costumava esconder minha infelicidade de minha mãe. Ela já tinha feito tanto por mim", disse.
O jovem se isolava em casa e chegava a cortar o próprio cabelo para não ter que se olhar no espelho em um local público. No entanto, sua vida começou a mudar quando recebeu uma oferta de emprego em um bar.
"Eu suava muito antes de cada turno de trabalho, ficava muito nervoso, com medo da reação das pessoas."
"Não foi fácil, mas, ao mesmo tempo, encontrei tantas pessoas legais que ficaram verdadeiramente interessadas em mim e no meu rosto."
O novo emprego deu a Jono confiança para começar a ir em encontros com garotas e arrumar um novo trabalho, em uma academia de ginástica.
E, no novo emprego, o jovem encontrou Laura Richardson, 20, sua namorada há quatro anos.
"Ela disse que, quando me viu pela primeira vez, notou meu rosto, mas agora ela não nota mais. Foi a primeira vez que consegui ser eu mesmo com uma garota."
"E olhe para nós, quatro anos depois, compramos uma casa juntos (...). Estamos completamente apaixonados."

Jono encontrou sua namorada na academia de ginástica onde trabalha

Pais biológicos
Em 2009, Jono tentou entrar em contato com seus pais biológicos pela segunda vez.
"Era algo que eu sempre quis fazer. Quando era adolescente, eu estava com raiva e queria encontrá-los pela razão errada, para perguntar porque eles me abandonaram. Mas, ao ficar mais maduro, percebi que eles obviamente acharam que não dariam conta."
No entanto, os pais biológicos de Jono se recusaram novamente a encontrá-lo.
"Foi horrível, horrível. Chorei muito. Mas me acertei com isso. Deve ter sido uma das decisões mais difíceis da vida deles."
O jovem descobriu que a família teve outros dois filhos depois dele.
"Fico feliz que eles tenham uma família. Estou feliz e espero que eles estejam também", afirmou.
Ajuda e filhos
Jono, que hoje trabalha com adultos que sofrem de autismo, afirma que quer que as pessoas tenham mais informações a respeito da síndrome de Treacher Collins e como lidar com o problema.
"O que realmente me deixa frustrado e me preocupa é quando uma criança em um supermercado me encara e a mãe dela fala para não olhar."
"Eu queria que eles viessem falar comigo então eu poderia falar sobre o problema, para que tudo parecesse mais normal."
O jovem também quer ajudar outras famílias em situação parecida com a dele. Mas, Jono ainda tem outra preocupação, a possibilidade de que seu filho herde o problema.
Apesar de a síndrome Treacher Collins ser um problema genético raro que pode afetar qualquer pessoa, as chances de Jono passar o problema para seus filhos são de 50%. E o jovem se pergunta se poderá expor seu filho à possibilidade de "operações, consultas no hospital e bullying".
"Eu fico imaginando, me deixa louco. Ainda somos jovens, ainda há muito tempo, mas é algo que eu e Laura teremos que pensar em algum momento."
Médicos perguntaram a Jono se ele gostaria de fazer alguma cirurgia para corrigir seu problema, mas ele se recusou.
"Médicos sempre me perguntaram se eu queria a cirurgia... a construção dos ossos malares, ter meus dentes endireitados ou minha mandíbula quebrada e realinhada, mas apesar da minha depressão, eu penso 'Deus me fez assim'", afirmou.
"Fico feliz de não ter escolhido nada disso. Tenho orgulho de quem sou. E (a síndrome de) Treacher Collins me transformou no que sou."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/11/101118_doenca_rara_bbc_fn.shtml

Tratamento experimental de vítima de derrame com células-tronco

Médicos britânicos tratam vítima de derrame com células-tronco

Médicos britânicos injetaram células-tronco no cérebro de um paciente vítima de derrame, como parte de um estudo para descobrir um novo tratamento para a doença.




Tratamento experimental de hospital escocês é pioneiro



O homem idoso, que não apresentava melhora em seu estado de saúde havia muitos anos, é a primeira pessoa no mundo a receber o tratamento experimental, que envolve 12 pacientes do Southern General Hospital, em Glasgow, na Escócia.
Ele recebeu uma injeção com uma pequena dose de células-tronco no último fim de semana, já recebeu alta e, segundo os médicos, passa bem.
O objetivo do teste inicial é garantir que o procedimento seja seguro para os pacientes.
Durante o próximo ano, outras vítimas de derrame cerebral receberão doses progressivamente maiores, ainda para descobrir se o tratamento não apresenta altos riscos.
Mas os médicos também examinarão os pacientes para verificar se as células-tronco conseguiram restaurar as células do cérebro e se seu estado de saúde melhorou.
O tratamento experimental recebeu críticas porque usou células cerebrais de fetos para gerar as células-tronco, mas os criadores do projeto alegam ter recebido aprovação ética do órgão regulador da medicina na Grã-Bretanha e dizem que apenas um pequeno número de fetos foi usado nos primeiros estágios da pesquisa e agora eles não seriam mais necessários.
Primeiros passos
O neurocientista Keith Muir, professor da Universidade de Glasgow e médico do Southern General Hospital, diz que se os testes forem bem sucedidos eles podem levar a pesquisas mais detalhadas.
"Esperamos que no futuro isso leve a estudos mais amplos para determinar a eficácia das células-tronco no tratamento das deficiências causadas pelos derrames", disse ele.
O primeiro grupo de pacientes a receber o tratamento experimental é formado por homens acima de 60 anos que não apresentaram melhora de seus sintomas ao longo de vários anos.
Ter um grupo de pacientes com critérios tão limitados permite que médicos e cientistas comparem melhor qualquer avanço em seu estado de saúde, mesmo nos estágios iniciais da pesquisa.
Se os testes obtiverem bons resultados, os cientistas pretendem levar adiante estudos envolvendo grupos maiores de pacientes, daqui a dois anos.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/11/101116_celulatronco_derrame_is.shtml

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Bactéria e o arsênico abre nova perspectiva para vida.

Bactéria que come arsênico abre nova perspectiva para vida fora da Terra

Estudo realizado em parceria com a Nasa causou boatos que seria anunciada a descoberta de vida ET

02 de dezembro de 2010 | 15h 19
 
Carlos Orsi - estadão.com.br
Sinais de que uma bactéria é capaz de substituir o nutriente essencial fósforo por arsênico - um elemento tóxico para a maioria das formas de vida conhecidas - expande o horizonte para a busca de vida fora da Terra, anunciam os cientistas que assinam pesquisa descrita no serviço online da revista Science, o Science Express.
Veja também:
link Planeta semelhante à Terra pode ter nuvens e água na atmosfera
Todas as formas de vida conhecidas até hoje - plantas, animais e micro-organismos - dependem de seis elementos químicos para construir as moléculas que compõem seus corpos: oxigênio, hidrogênio, carbono, fósforo, enxofre e nitrogênio. A bactéria descoberta pela equipe de cientistas liderada por  Felisa Wolfe-Simon, da Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, seria a primeira exceção conhecida à regra.
Não se trata de uma exceção trivial: o fósforo faz parte da estrutura do DNA e é um componente do ATP, a molécula usada para transportar energia no metabolismo celular.
Batizado de GFAJ-1, o novo organismo foi encontrado em sedimentos do Lago Mono, da Califórnia. O lago é extremamente salgado e conta com níveis elevados de arsênico, um elemento que fica logo abaixo do fósforo na Tabela Periódica.
"A vida como a conhecemos requer alguns elementos químicos em particular e exclui outros", disse, em nota divulgada pela Universidade Estadual do Arizona, um dos coautores do estudo,  Ariel Anbar. "Mas seriam essas as únicas opções? Como a vida poderia ser diferente?"
Um dos princípios da busca por vida em outros planetas, acrescenta Anbar, é que os cientistas devem "seguir os elementos". "O estudo mostra que temos de pensar melhor em que elementos seguir", acredita.
A ideia de que arsênico poderia substituir fósforo já havia sido apresentada por Felisa, Anbar e por Paul Davies - que também assina o artigo na Science Express - em trabalho publicado em 2009 no International Journal of Astrobiology.
"Nós não apenas sugerimos que sistemas bioquímicos análogos aos conhecidos hoje poderiam usar arseniato (composto de arsênico e oxigênio) no papel equivalente do fosfato", diz Felisa. "Mas também que esses organismos poderiam ter evoluído na Terra antiga e persistir em ambientes incomuns até hoje".
A pesquisa foi feita em parceria com a Nasa. O anúncio de que a Science desta semana traria um artigo patrocinado pela agência espacial sobre astrobiologia - a ciência que explora as possibilidades de vida fora da Terra - causou uma onda de boatos na internet, sobre a possível descoberta de alienígenas.


A descoberta
Depois de recolher lama do fundo do Lago Mono - que é três vezes mais salgado do que o oceano - os pesquisadores passaram a cultivar, em laboratório, os micróbios extraídos dali, usando uma dieta onde entravam doses crescentes de arsênico.
A taxa de arsênico em relação a fósforo no meio de cultura foi sendo ampliada paulatinamente, com a transferência de populações de bactérias para meios cada vez mais pobres no elemento tradicional da vida e cada vez mais ricas no material tóxico, até um ponto onde qualquer bactéria que ainda estivesse produzindo DNA, ATP e outras moléculas que dependem de fósforo fosse forçada a usar arsênico no lugar - ou morrer.
Quando o microscópio revelou que havia micróbios vivos mesmo no meio de cultura mais concentrado, uma série de análises delicadas foi realizada para determinar se o arsênico estava mesmo sendo utilizado como "material de construção" pelas bactérias.
Os testes revelaram que o arsênico estava realmente dentro das células. Depois, com o uso de material radiativo baseado em arsênico, os cientistas conseguiram encontrar sinais do elemento em fragmentos de moléculas de proteína, gordura e material genético.
Aprofundando a análise, a equipe determinou a presença de arsênico no DNA purificado das bactérias. Testes com raios X de alta intensidade indicaram que o arsênico presente ali estaria cumprindo uma função química, dentro da molécula de DNA, análoga à do fósforo.
Davies, um físico que vem se especializando na questão da busca por vida extraterrestre, acredita que o micróbio GFAJ-1 é apenas "a ponta do iceberg". "Isso tem o potencial de abrir um novo domínio na microbiologia", disse ele, também por meio de nota. Felisa acrescenta: "Se uma coisa na Terra pode fazer algo tão inesperado, o que mais a vida pode fazer que não vimos ainda?"
Outros cientistas, no entanto, preferem manter cautela e esperar por mais provas de que a bactéria faz tudo o que seus descobridores alegam. Ouvido pela revista Science, o microbiólogo Robert Gunsalus, da Universidade da Califórnia, afirma que "ainda há muito a fazer antes de pôr esse micróbio no mapa da biologia".
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,bacteria-que-come-arsenico-abre-nova-perspectiva-para-vida-fora-da-terra,648558,0.htm

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Resultado da 1ª fase do vestibular da Ufba 2011

Ufba divulga resultado da 1ª fase do vestibular 2011; confira

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) divulgou nesta segunda-feira (29) o resultado da 1ª fase do vestibular 2011.

Clique aqui e confira o resultado

10 Mitos e 1 Verdade: a aids existe.


SÃO PAULO - Para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, lembrado nesta quarta-feira, 1º, o Instituto Kaplan - Centro de Estudos da Sexualidade Humana promove, com o apoio do Laboratório Abbott, uma ação de flash mob nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

 A campanha "10 Mitos e 1 Verdade: a aids existe. Previna-se" espera atrair principalmente os jovens e contará com dez dançarinos vestidos de personagens como Papai Noel, Coelho da Páscoa, Lobisomem e Saci Pererê para chamar a atenção aos "mitos" da doença e conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção.
Na capital paulista, a ação será realizada no vão livre do Masp (Av. Paulista, 1578), às 12h15. No Rio, está programada para ocorrer no calçadão de Copacabana, por volta das 16h30 (o horário ainda será confirmado). Em Recife, o flash mob acontecerá no Parque da Jaqueira, na zona norte, às 16h30.
Na ocasião, também haverá distribuição de informativos à população. Neste sábado, 4, a entrega de material explicativo será ampliada para outras oito cidades do País: São José dos Campos, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Cuiabá, Vitória e Florianópolis. O Parque do Ibirapuera, na capital paulista, também vai participar.
A campanha conta com o apoio das Sociedades de Infectologia Brasileira, Paulista, Pernambucana, Riograndense e do Rio de Janeiro.
Camisetas
Para quem quiser participar mais efetivamente da iniciativa, a partir do dia 1º haverá um quiz sobre o HIV no site www.dezmitos.org, e as primeiras cem pessoas que o acertarem vão ganhar uma camiseta exclusiva da campanha, a mesma que os dançarinos usarão no flash mob.
Os 10 mitos são:
 
1. HIV e aids são a mesma coisa;
2. Não é preciso se preocupar com a aids porque já existe tratamento;
3. Quem é HIV positivo não precisa fazer sexo seguro;
4. Sexo oral não transmite HIV;
5. Um casal virgem não corre risco de pegar HIV;
6. Quem tem parceiro fixo não precisa usar camisinha;
7. Quem tem HIV não pode ter filhos;
8. A aids pode ser transmitida pelo beijo;
9. O teste de HIV só deve ser feito quando há suspeita de aids;
10. Quem tem HIV desenvolverá aids, inevitavelmente.


E a única verdade é:
1. A aids existe. Previna-se e não se esqueça de falar com seu médico.
 http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,campanha-contra-aids-faz-flash-mob-em-tres-cidades-brasileiras-nesta-4a,647035,0.htm

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Língua de Darwin

Edição 103 - Dezembro 2010
A Língua de Darwin
A seleção natural aplicada às línguas naturais
por Paulo Manes e Maria Flávia Figueiredo
O que é, de fato, a vida? O que é que caracteriza um ser vivo e o diferencia da matéria inanimada? Para os biólogos, a vida é caracterizada por alguns fatores: metabolismo, homeostase, capacidade de crescer e responder a estímulos, a capacidade de se reproduzir e, finalmente, a capacidade de se adaptar ao meio em que está inserida, por meio da seleção natural. Podemos dizer que a vida é a transformação constante de uma estrutura básica e estável.

Há muito se discute se às línguas naturais pode ser conferido o título de “vivas”. De um lado, temos os que defendem as semelhanças entre elas e os seres vivos, e, de outro, temos aqueles que afirmam serem as línguas apenas mais um fenômeno social. Apesar de a semelhança entre línguas e entidades vivas parecer evidente, é necessária uma breve comparação entre essas duas existências. O metabolismo pode ser definido como o conjunto de reações químicas que ocorre nos organismos vivos para sustentar sua vida; a homeostase é a propriedade que mantém um sistema regulado e estável internamente; o crescimento é a capacidade de se desenvolver e se transformar em algo maior e/ou mais complexo; a resposta a estímulos é a capacidade de responder a alterações no ambiente externo ou interno, e a capacidade de reprodução é a possibilidade de gerar descendentes; por f m, a adaptação é o processo por meio do qual, com o correr do tempo, a vida se torna mais bem “configurada” ao ambiente em que está inserida, aumentando assim as chances
de sobrevivência.

As línguas naturais têm, se não todas, pelo menos a maioria das características que atribuímos à vida. Notaremos que o metabolismo das línguas se constitui na língua falada. Esta é a realização da língua, isto é, sem ela não existe nada que seja observável ou passível de estudo no campo da linguística. Sem a fala não há uma língua de facto, não há “vida” na língua: apenas um sistema estático, “inorgânico”.

A homeostase da língua se caracteriza pela estrutura lingüística subjacente: sua gramática. Não é possível conceber a existência de uma língua agramatical. Sentenças ditas agramaticais, ou seja, que não estejam de acordo com a gramática da língua por fugirem do “equilíbrio linguístico” que garante a ordem do sistema, não encontram sustentação e simplesmente desaparecem, sem sequer terem sido pronunciadas. Que as línguas crescem, ou seja, que se tornam maiores e mais complexas com o passar do tempo, é inquestionável. Basta que observemos a quantidade de neologismos surgidos quase diariamente em qualquer língua existente.

No que se refere à resposta a estímulos, talvez a língua seja o melhor exemplo para estudo, uma vez que mudamos nossa forma de expressão a todo momento: conforme os estímulos são alterados (mudanças de situação, interlocutores, o tom de um texto etc.), a língua também se altera, tendo uma espécie de sensibilidade, própria de seres vivos. Outro ponto inquestionável é a capacidade de reprodução das línguas naturais. O português é uma das muitas línguas-filhas do latim, bem como o italiano, o francês, o espanhol, o romeno, o catalão e outras 42 línguas. A família do indo-europeu, da qual as línguas itálicas fazem parte, consiste em quase 450 línguas diferentes.

Associada à capacidade de reprodução, encontramos a capacidade de adaptação das línguas naturais. Uma vez separadas do ramo principal e isoladas geograficamente de sua língua-mãe, as variantes linguísticas se tornarão maiores e mais maduras até constituírem línguas próprias e distintas, como ocorreu com o português e o francês, por exemplo, após a queda do Império Romano e o consequente enfraquecimento do latim.

Dessa forma, as línguas merecem, sim, o título de “vivas”, ainda que, evidentemente, com reservas. Como Darwin nos ensina em seu A origem das espécies, os seres vivos estão sujeitos a transformações em si próprios e no ambiente em que vivem. Não fosse assim, jamais teríamos a maravilhosa diversidade ao nosso redor, com criaturas perfeitamente adaptadas a certos ambientes e funções, como a famosa Xanthopan morgani, a “mariposa que Darwin previu”.

Darwin descobriu um mecanismo natural que preserva as características úteis à sobrevivência de um indivíduo e descarta as prejudiciais. Esse mecanismo – a seleção natural – é tão poderoso e universal que pode ser aplicado a praticamente qualquer sistema complexo. A língua de Darwin é afiada e poderosa, já que descreve o funcionamento da Natureza com precisão espantosa. É a língua da variação e da adaptação, da vida e da maravilha que nos cerca neste mundo. Realmente, “há grandeza nessa forma de ver a vida”.
Paulo Manes e Maria Flávia Figueiredo Paulo Manes é pesquisador-bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPT) na área de estudos linguísticos.
Maria Flávia Figueiredo é doutora em lingüística pela Unesp. 

 http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/a_lingua_de_darwin.html

 MATÉRIA SUGERIDA POR: Vitor viu uma matéria no site da revista Scientific American Brasil e gostaria que você visitasse: http://www.sciam.com.br/artigos/a_lingua_de_darwin.html

domingo, 21 de novembro de 2010

Macarrão instantâneo com tempero é campeão em sódio

19/11/2010 - 03h30

Macarrão instantâneo com tempero é campeão em sódio

LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA 
 

Macarrão instantâneo, batata frita e biscoito de polvilho são os alimentos industrializados com maior teor de sódio, gordura saturada e trans, respectivamente.
A constatação é de um estudo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que analisou mais de 20 categorias de produtos.
O consumo elevado de sódio pode levar à hipertensão. A ingestão de gorduras trans e saturada acima dos níveis indicados pode causar problemas cardíacos.
O macarrão instantâneo com tempero foi um dos que mais chamou a atenção. Dependendo da marca, a pessoa ingere em uma porção até 167% do sódio recomendado para o consumo diário.
A Anvisa comparou 12 marcas de macarrão instantâneo: algumas têm duas vezes mais sódio que outras.
"O consumidor precisa comparar, há fabricantes que já produzem alimentos mais saudáveis", diz Maria Cecília Brito, diretora da Anvisa.
Na análise da gordura saturada, a batata frita foi o alimento "vilão". Também houve, nesse caso, grande variação entre as 28 marcas pesquisadas. Há marcas que contêm até cinco vezes mais gordura saturada que outras.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação afirmou estar "surpresa" com a divulgação do estudo da Anvisa, porque esperava discutir o tema em um evento na próxima semana.

Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/832842-macarrao-instantaneo-com-tempero-e-campeao-em-sodio.shtml

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Micróbios sem DNA?

Micróbios sem DNA?

Sergio Pena explica como age o príon – proteína infecciosa por trás do mal da vaca louca e de outras doenças degenerativas – e mostra o que ele tem em comum com uma entidade química postulada em uma obra de ficção científica dos anos 1960.
Por: Sergio Danilo Pena
Publicado em 12/11/2010 | Atualizado em 12/11/2010

Representação artística da estrutura tridimensional de resíduos do príon, agente infeccioso puramente proteico – portanto, sem DNA – por trás de várias doenças neurodegenerativas (foto: Wikimedia Commons – CC 3.0 BY-SA). 


Há duas semanas o presidente dos Estados Unidos Barack Obama anunciou os ganhadores da Medalha Nacional da Ciência, a maior honraria outorgada a cientistas naquele país. Dentre os agraciados deste ano está Stanley B. Prusiner (1942 -), que ganhou também o Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1997 por sua descoberta dos príons, uma nova classe de agentes infecciosos compostos apenas de proteínas.
Como eu já tinha vagos planos de abordar a questão dos príons algum dia na Deriva Genética, vi que o momento ideal chegara. Mas decidi abordar os príons de forma lenta, recapitulando a minha própria trajetória na compreensão dessas bizarras proteínas infecciosas, agentes da encefalopatia espongiforme bovina (popularmente conhecida como “doença da vaca louca”) e de várias doenças neurogenerativas humanas.


Kurt Vonnegut Jr.


Retornemos à década de 1970, quando um dos autores mais lidos nos campi universitários norte-americanos era Kurt Vonnegut Jr. (1922-2007). Ainda fazendo meu doutorado no Canadá, tive a oportunidade de ler e me encantar com seu livro Cat’s Cradle [“Cama de gato”], que havia sido publicado em 1962.
O livro tem um enredo complexo que gira em torno de uma entidade química chamada “gelo-9”. Este tem uma estrutura cristalina muito mais estável do que o gelo normal, mas derrete a 45,8ºC, em vez de  0ºC, como é usual.
Assim, caso um pequeno pedaço de gelo-9 entrasse em contato  com a água do oceano, ele iria agir instrutivamente como uma “semente” de cristal. Em pouco tempo, toda a água do oceano iria se congelar na forma cristalina estável, causando uma catástrofe global de medonhas proporções.


Canibalismo e doenças degenerativas

No cenário das terras altas orientais da Nova-Guiné, um grupo primitivo – os Fore – começou a apresentar na década de 1950 uma doença neurodegenerativa chamada por eles de kuru, que quer dizer tremor.
A doença tinha um padrão claramente familiar, com transmissão de geração em geração. Por isso, a primeira hipótese dos pesquisadores que se depararam com ela foi de que se tratava de um problema genético mendeliano. A tribo foi visitada pelo antropólogo Daniel Carleton Gajdusek (1923-2008), que iniciou uma investigação dos costumes do povo Fore, que incluíam o canibalismo ritual de membros mortos da comunidade.
Equipes médicas visitaram a região e observaram a semelhança dos sintomas e das alterações neuropatológicas do kuru com uma enfermidade rara chamada doença de Creutzfeld-Jakob, que acomete pessoas idosas. A diferença é que o kuru frequentemente afetava crianças e adolescentes, e não apenas adultos.

 A imagem mostra quatro mulheres afetadas com uma forma avançada de kuru, necessitando de estacas de madeira para se manterem de pé. As três meninas sentadas também são afetadas (foto: Daniel Carleton Gajduzek / Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 363: 3636–3643, 2008).

 Mais tarde Gajdusek observou também a similaridade do kuru com uma doença infecciosa transmissível de ovelhas conhecida por seu nome em inglês, scrapie (ou paraplexia enzoótica dos ovinos, na denominação técnica).

Estimulado por tais observações, Gajdusek demonstrou experimentalmente a transmissão laboratorial do Kuru para primatas usando injeções cerebrais com extratos obtidos do sistema nervoso central de pacientes vitimados por essa enfermidade.
A doença foi então caracterizada como infectocontagiosa, com uma cadeia epidemiológica dependente do canibalismo. Quando os Fore deixaram de praticar o ritual, a doença desapareceu entre eles.
Gajdusek descreveu o vírus do kuru como atípico e de ação lenta. Pelo seu trabalho, ele recebeu o Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1976.

Proteínas normais e patogênicas

Em 1972, Stanley Prusiner, um neurologista na Universidade da Califórnia em São Francisco (EUA), interessou-se pela doença Creutzfeldt-Jakob,  depois que um de seus pacientes foi vitimado por ela. Sabendo do trabalho de Gajdusek com o kuru, Prusiner dedicou-se a identificar o “vírus”, usando o método de infecção por transferência de humanos a animais.
Uma década depois, ele conseguiu purificar no cérebro de hamsters o agente infeccioso. Para surpresa de Prusiner, o mesmo mostrou-se constituído de uma única proteína e não possuía DNA! O agente foi chamado de príon, um acrônimo cunhado pelo pesquisador a partir da expressão PRotein Infection ONly (‘infecção por proteína apenas’, em português).

Sendo o príon apenas uma proteína, como seria ele geneticamente codificado? Usando sondas de DNA, Prusiner demonstrou que todos os mamíferos, inclusive os humanos, possuíam o gene do príon em seu genoma.
Mas como, então, explicar a capacidade infecciosa de uma proteína tão facilmente encontrável?
A solução veio quando ele verificou que a proteína, denominada PrP, era capaz de se enovelar em duas conformações distintas – a celular normal (PrPc) e a patogênica (PrPSc), mais estável, que se precipitava nos neurônios e causava a doença.
Descobriu-se então que, quando a proteína normal PrPc entrava em contato com o príon PrPSc, ela mudava de conformação e se tornava patogênica. Assim, o mecanismo infeccioso do príon é instrutivo – exatamente o modus operandi que Vonnegut havia postulado para o gelo-9! O príon era um gelo-9 de proteínas!
A partir daí, acumularam-se inúmeras evidências que demonstraram, definitivamente, a ausência de DNA e a natureza puramente proteica dos príons.

A mais importante delas foi obtida em 1992, quando foi demonstrado que camundongos que haviam sofrido deleção (knock-out) do gene normal da PrPc se tornavam resistentes aos príons infecciosos.


Entretanto, se o gene era reintroduzido, a susceptibilidade se restaurava. Curiosamente, os camundongos sem o gene da PrPc eram saudáveis, mostrando que a proteína não é indispensável para a vida normal.

Esperteza

Em 1994, eu participava de um simpósio sobre biologia molecular e doenças humanas em Miami quando, ao entrar no auditório, me deparei com Stanley Prusiner, sentado sozinho.
Achando-me muito esperto, me dirigi a ele e perguntei se ele conhecia o livro Cat’s Cradle de Kurt Vonnegut e se sabia da similaridade entre o gelo-9 e os príons. Ele olhou para mim espantado e disparou: “É claro!”. Tomei uma lição, mas pelo menos fiquei com uma estória para contar...

 A flor ‘Paris japonica’ tem o maior genoma conhecido, com 150 bilhões de nucleotídeos (foto: Wikimedia Commons).

A antítese do príon

O príon é um agente infeccioso que não contém DNA – consequentemente, não tem genoma! Poderíamos indagar, então, qual seria sua antítese – o organismo com o maior genoma conhecido?

No mês passado, pesquisadores descobriram uma flor japonesa bastante rara chamada Paris japonica. Ela tem um genoma de 150 bilhões de pares de base, 50 vezes maior que o genoma humano. Não deixa de ter um certo toque poético o fato de o maior genoma ser de uma flor!

Sergio Danilo Pena
Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais
 http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/microbios-sem-dna

Alho pode ser bom contra pressão alta

Alho pode ser bom contra pressão alta, revela estudo com 50 pessoas

Voluntários que tomaram extrato envelhecido tinham pressão em torno de 10 mmHg menor

18 de novembro de 2010 | 21h 17
 
 Divulgação
Estudo testou extrato envelhecido em 50 pessoas

Reuters
SYDNEY - Um estudo feito por cientistas australianos e publicado na revista científica Maturitas revela que alho pode ser bom contra pressão alta.
Em um levantamento de 12 semanas, envolvendo 50 pacientes, Karen Reid e colegas da Universidade de Adelaide descobriram que aqueles que tomavam quatro cápsulas por dia de um suplemento chamado "extrato de alho envelhecido" tinham pressão arterial em torno de 10 mmHg inferior ao grupo que recebeu placebo.
Karen disse que o alho, ingerido de qualquer forma (cru, fresco ou em pó) não tem o mesmo efeito. "Quando você cozinha o alho fresco, o ingrediente responsável pela redução da pressão arterial desaparece", explicou.
"O que realmente interessa é saber que o extrato de alho envelhecido é um suplemento alimentar que funciona como uma arma secreta contra a pressão sanguínea", completa.
Há muito tempo o alho tem sido considerado bom para o coração, e praticantes da medicina tradicional indiana Ayurveda têm promovido há séculos os benefícios desse bulbo como preventivo de pressão alta.
Mas Karen afirmou que sua pesquisa foi a primeira a avaliar o impacto do extrato de alho envelhecido sobre o fluxo sanguíneo. O tratamento foi pensado para ser uma alternativa a outros medicamentos.
A pressão arterial elevada é um importante fator de risco para doenças cardíacas, derrames, insuficiência cardíaca, doença vascular periférica e insuficiência renal. O risco de problemas aumenta à medida que sobe o nível da pressão. Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem de hipertensão
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alho-pode-ser-bom-contra-pressao-alta--revela-estudo-com-50-pessoas,641941,0.htm

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mal uso de antibiótico pode enfraquecer as defesas do corpo.

08/11/2010 - 11h20

Uma semana de antibiótico pode enfraquecer as defesas do corpo por até dois anos

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JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Tomar antibiótico por uma semana pode prejudicar as defesas do organismo por até dois anos, segundo estudo feito pelo Instituto Sueco para Controle de Doenças Infecciosas e publicado na revista "Microbiology".


Flora intestinal é o nome dado às bactérias que vivem na parede do intestino. Lá existem centenas de espécies de micro-organismos, protetores ou nocivos à saúde, que convivem em equilíbrio.
As bactérias "boas" têm funções metabólicas, como ajudar no funcionamento do intestino, na absorção de gordura e vitamina B12 e na produção de ácido fólico.
"A função mais importante é controlar bactérias desfavoráveis. Sem elas, nós viveríamos constantemente com infecções", diz Ricardo Barbuti, médico endocrinologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Segundo o especialista, há muito se sabe que os antibióticos têm efeito na flora intestinal. O que o estudo recém-publicado mostra é que essas alterações duram muito mais tempo do que se pensava.
"Além de causar um desequilíbrio passageiro, o remédio também seleciona bactérias resistentes. Agora sabemos que essa resistência pode durar mais tempo", explica André Zonetti de Arruda Leite, médico endocrinologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Editoria de Arte/Folhapress

 
CONSEQUÊNCIAS
Diarreias, disfunção intestinal e inflamações (colites) são as consequências mais comuns do desequilíbrio da flora intestinal. Tanto faz se o uso do antibiótico é feito de forma correta ou incorreta -por mais ou menos tempo do que o necessário.
"O medicamento deve ser usado só quando o benefício compensa o risco e não há outra alternativa", diz Barbuti. Gripes, resfriados ou dores de cabeça não devem ser tratados com antibiótico.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/827146-uma-semana-de-antibiotico-pode-enfraquecer-as-defesas-do-corpo-por-ate-dois-anos.shtml

domingo, 7 de novembro de 2010

O uso de bisfenol A (BPA) de suas embalagens plásticas.

05/11/2010 - 10h03

Plástico nocivo será tirado de produtos, diz indústria


GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Na última semana, três grandes empresas alimentícias anunciaram esforços para banir o uso de bisfenol A (BPA) de suas embalagens.
A Nestlé se comprometeu a abolir o uso da substância nos próximos três anos. Outros conglomerados -Heinz e General Mills- estão investindo em alternativas.
O bisfenol A, componente químico usado na confecção de alguns tipos de plástico e no revestimento interno de latas de comida e bebida, é contestado por organizações de consumidores e parte da comunidade científica, devido a riscos ao organismo.
Pesquisas têm associado o contato com a substância a probabilidades maiores de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, puberdade precoce e queda da fertilidade em adultos.
No dia 28, foi publicado um estudo no periódico "Fertility and Sterility" que analisou 514 operários chineses por cinco anos. Aqueles com vestígios de BPA na urina apresentavam risco três vezes maior de produzir sêmen de pior qualidade.

Editoria de Arte/Folhapress

 
PRECAUÇÃO
Canadá, Dinamarca, França e Costa Rica já vetaram o uso de bisfenol em mamadeiras e copos infantis.
No Brasil, a Anvisa estabelece o limite de 0,6 miligrama de BPA por quilo de embalagem alimentícia. Segundo a Vigilância Sanitária, "dentro desse parâmetro, a substância não oferece risco para a saúde da população".
Mas, para a tradutora Fabiana Dupont, 39, que criou um site para alertar sobre os riscos do bisfenol A, não há certeza sobre qual nível pode ser considerado seguro.
"A utilização de BPA em embalagens alimentares tem que ser banida até que os produtores provem que ele não faz mal à saúde", diz.
Segundo endocrinologistas, nenhum estudo em humanos foi conclusivo sobre o aspecto nocivo da substância, mas há indícios de que sua composição possa causar alterações hormonais.
"A conformação é similar à do estrógeno: é possível que seja recebido no corpo como se fosse o próprio hormônio e cause efeitos como puberdade precoce e redução da fertilidade", diz Elaine Costa, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
A Nestlé do Brasil informou que pretende seguir as diretrizes da sede e que já iniciou estudos "que visam eliminar integralmente, em até três anos, o bisfenol das embalagens dos produtos".
Já a Coca-Cola informou que as quantidades da substância usadas em seus produtos não oferecem risco à saúde, "conforme é consenso entre agências reguladoras da área de alimentos".
RÓTULOS
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) defende a proibição do uso e, antes disso, a adoção de avisos nos rótulos de todos os produtos que contenham bisfenol A.
"Não há norma que obrigue a isso, mas temos essa posição com base no direito à informação previsto no Código do Consumidor", diz a advogada Juliana Ferreira.
No Senado, tramita projeto de lei para banir o uso do BPA em produtos infantis.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/825931-plastico-nocivo-sera-tirado-de-produtos-diz-industria.shtml

Projeto quer reduzir reserva legal em Mato Grosso

05/11/2010 - 08h31

Projeto quer reduzir reserva legal em Mato Grosso

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
A Assembleia de Mato Grosso aprovou um projeto que reduz áreas passíveis de preservação no Estado e diminui o percentual de recomposição de reserva legal.
Aprovado por 19 votos a um, o projeto substitui o zoneamento socioeconômico e ecológico que havia sido proposto pelo ex-governador Blairo Maggi (PR), após três anos de reuniões técnicas e audiências públicas.


O zoneamento estipula uma série de indicações para o uso e a ocupação dos 90 milhões de hectares do Estado.
Em relação à proposta original, aumentam em 67% as áreas destinadas à "intensificação das atividades agropecuárias": de 23 milhões de hectares para 39 milhões de hectares, um acréscimo equivalente ao território do Acre.
As áreas destinadas à criação de unidades de conservação, que no texto anterior chegavam a 5,5 milhões de hectares, caíram 73%.
O principal articulador foi o deputado Dilceu Dal Bosco (DEM). Segundo ele, a versão anterior, que havia recebido o apoio dos ambientalistas, poderia "engessar" o desenvolvimento do Estado.
"Manter o texto original seria algo gravíssimo. Áreas já abertas e consolidadas seriam engessadas e teriam, por exemplo, dificuldades em obter financiamento", disse o deputado.

Editoria de Arte/Folhapress


O material aprovado também indica o "plantio da cana-de-açúcar e a produção sucroalcooleira" em áreas já abertas no Estado, excluindo as áreas alagáveis. Segundo ambientalistas, o texto abre caminho para o plantio de cana nas terras altas do Pantanal e na Amazônia.
Outro artigo diz que, para fins de recomposição florestal, o percentual de reserva legal cai de 80% para 50% de cada propriedade rural.
O projeto receberá redação final e vai ao governador Silval Barbosa (PMDB) para sanção ou veto. Reeleito no primeiro turno, Barbosa disse que só irá se pronunciar após receber o texto final.
De acordo com a diretoria de Zoneamento Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, os zoneamentos estaduais podem prever a redução da reserva legal para fins de recomposição.
A proposta de Mato Grosso, porém, só passa a vigorar após ser submetida à avaliação técnica da CCZEE (Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico), formada por representantes de 15 ministérios.
Por meio de nota, a ONG ICV (Instituto Centro de Vida) disse que o zoneamento de MT "contradiz os compromissos assumidos perante a comunidade internacional, que preveem a redução do desmatamento e a promoção da agricultura de baixas emissões de carbono".
Um manifesto assinado por 27 entidades, entre elas o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), será entregue hoje ao governador Silval Barbosa. O documento pede o veto integral ao projeto aprovado pelos deputados. "A versão atual apresenta inconsistências técnicas, além de desperdiçar um grande orçamento já destinado aos seus estudos."
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/825892-projeto-quer-reduzir-reserva-legal-em-mato-grosso.shtml