Cientistas procuram 100 espécies de anfíbios "perdidos"
O grupo ambientalista Conservação Internacional anunciou nesta segunda (9) o início de um programa de busca inédita para tentar redescobrir cem espécies de anfíbios considerados perdidos.A busca é o primeiro esforço coordenado já realizado para encontrar um número tão grande de criaturas "perdidas" e ocorre em um momento em que as populações mundiais de anfíbios sofrem grande declínio. Mais de 30% de todas as espécies de anfíbios encontram-se ameaçadas, segundo informe da ONG. Muitos dos anfíbios que estão sendo procurados não são vistos há várias décadas.
Domínio Público
O sapo dourado (Incilius periglenes) foi visto pela última vez em 1989; passou de abundante a extinto em uma década
Os anfíbios ajudam a controlar insetos que espalham doenças e destroem plantações agrícolas. A pele desses animais também contém componentes químicos importantes, incluindo um analgésico 200 vezes mais potente do que a morfina.
Os anfíbios são particularmente sensíveis às mudanças no meio ambiente, por isso são geralmente um indicador do dano que tem sido causado aos ecossistemas, informou a Conservação Internacional, que organiza a busca para o Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN (União Mundial para a Conservação da Natureza).
Dentre as cem espécies selecionadas para a busca, dez são alvo de particular atenção. São elas:
- O sapo dourado (Incilius periglenes), encontrado na Costa Rica. Visto pela última vez em 1989. Talvez o mais famoso anfíbio perdido. Passou de abundante a extinto em pouco mais de um ano no final dos anos 1980.
- Rã "incubadora", encontrada na Austrália. Duas espécies (Rheobatrachus vitellinus e R. silus) foram vistas pela última vez em 1985. Possuíaa uma forma singular de reprodução: as fêmeas engoliam os ovos fertilizados e os chocavam no estômago. Davam à luz pela boca.
Domínio Público
Rã incubadora, vista pela última vez em 1985, possuía forma singular de
reprodução: fêmeas engoliam ovos fertilizados e os chocavam no estômago;
davam à luz a girinos pela boca
- O sapo da mesopotâmia (Rhinella rostrata), encontrado na Colômbia. Visto pela última vez em 1914. Tem forma fascinante, com uma cabeça distinta em formato de pirâmide.
- A salamandra Bolitoglossa jacksoni, encontrada na Guatemala. Vista pela última vez em 1975. Uma impressionante salamandra preta e amarela -uma das únicas duas espécies conhecidas, acredita-se que foi roubada de um laboratório na Califórnia em meados dos anos 1970.
- O sapo africano Callixalus pictus, encontrado na República Democrática do Congo/Ruanda. Visto pela última vez em 1950. Sabe-se pouco sobre esse animal.
- O sapo do Rio Pescado, (Atelopus balios), encontrado no Equador. Visto pela última vez em abril de 1995. Pode ter sido dizimado pelo fungo causador da quitridiomicose.
- A salamandra Hynobius turkestanicus, encontrada no Quirguistão, Tadjiquistão ou Uzbequistão. Vista pela última vez em 1909. Conhecida pelos únicos dois espécimes coletados em 1909 em algum lugar "entre Pamir e Samarcanda".
- O sapo arlequim; (Atelopus sorianoi), encontrado na Venezuela. Visto pela última vez em 1990. Encontrado em um único riacho em uma floresta isolada do país.
- A rã sem teto (Discoglossus nigriventer), encontrada em Israel. Vista pela última vez em 1955. Um único adulto coletado em 1955 representa o último registro confirmado da espécie. Esforços para drenar pântanos na Síria para erradicar a malária podem ter sido responsáveis pelo desaparecimento da espécie.
- O sapo Ansonia latidisca, encontrado na ilha de Bornéu (Indonésia e Malásia). Visto pela última vez nos anos 1950. O aumento da sedimentação nos riachos após o desflorestamento pode ter contribuído para o declínio.
- O sapo Crossodactylus grandis, visto pela última vez na década de 1960. A pesquisa, liderada por Taran Grant, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, acontecerá em cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro de 18 a 31 de setembro. A espécie foi descrita a partir de Brejo da Lapa, Itamonte (Minas Gerais).
- A rãzinha-das-pedras (Cycloramphus valae), vista pela última vez em 1982. Liderada por Patrick Colombo, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a pesquisa acontecerá de 20 a 30 de setembro. A espécie é conhecida em quatro localidades da Mata Atlântica nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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