domingo, 29 de agosto de 2010

Técnica corrige má-formação do coração

27/08/2010 - 14h26

Técnica corrige má-formação do coração sem usar artifício

GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO 

Uma técnica cirúrgica inédita no mundo, desenvolvida na Beneficência Portuguesa, permite fazer uma correção anatômica de uma má formação no coração em que as principais artérias se encontram invertidas. O procedimento preserva as válvulas desses vasos, o que pode evitar novas cirurgias.
O problema, chamado de transposição de grandes artérias, é uma das principais causas de cianose ao nascer (coloração azulada da pele) e pode levar à morte.

Editoria de Arte/Folhapress   
Como a posição dos vasos está invertida, a aorta, que deveria levar o sangue oxigenado para o corpo, recebe o sangue pobre em oxigênio. A artéria pulmonar, por sua vez, conduz o líquido oxigenado de volta aos pulmões.
Na técnica clássica, o fluxo é corrigido colocando um tubo com uma válvula entre o ventrículo direito e as artérias pulmonares. Por ser artificial, esse tubo sofre calcificação com o tempo. À medida que a criança cresce, há uma desproporção que exige novas cirurgias.
Na nova técnica, os médicos apenas invertem os vasos, preservando as válvulas de cada um deles, sem a necessidade de usar próteses.
Até agora, duas crianças passaram pela cirurgia. "É preciso acompanhar mais pacientes por um período de tempo para verificar se as válvulas acompanharão o crescimento", diz o cirurgião Gláucio Furlanetto.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/789936-tecnica-corrige-ma-formacao-do-coracao-sem-usar-artificio.shtml

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Córneas biossintéticas são testadas com sucesso

Novas janelas para o mundo

Córneas biossintéticas são testadas com sucesso em pacientes com visão ameaçada. O avanço pode ser o caminho para atender à enorme demanda por doações de córnea, que deixa cerca de 10 milhões de pessoas sem tratamento por ano.
Por: Júlia Dias Carneiro
Publicado em 25/08/2010 | Atualizado em 25/08/2010

 A córnea é a camada superficial transparente que age como uma janela refratora para o globo ocular, ajudando a ajustar o foco. Lesões e doenças na membrana são a segunda causa de cegueira no mundo (foto: Mateusz Stachowski). 
 
Depois da catarata, lesões e doenças que atingem a córnea são a segunda maior causa de cegueira no mundo. Por mais de um século, a solução para remediar esse mal tem sido o transplante da córnea de doadores humanos. A demanda, porém, é muito maior que a oferta. Dos 10 milhões de pacientes que permanecem na fila de espera, cerca de 1,5 milhão viram novos casos de cegueira a cada ano.
Mas um trabalho publicado esta semana por cientistas suecos e canadenses na Science Translational Medicine pode pôr fim a esse cenário sombrio. O artigo apresenta os resultados bem-sucedidos de testes clínicos para implantar córneas biossintéticas em 10 pacientes com lesões graves na membrana, fazendo com que os tecidos ao redor dela se regenerassem.
“O estudo é importante porque é o primeiro a mostrar que uma córnea artificialmente fabricada pode se integrar ao olho humano e estimular a regeneração”, comemora a pesquisadora May Griffith, da Universidade de Ottawa, no Canadá, e da Universidade de Linköping, da Suécia.
Os voluntários, todos suecos, foram submetidos a cirurgias para remover a membrana danificada de um olho e substituí-la pela versão sintética.
Ao longo dos dois anos seguintes, os médicos acompanharam o progresso e verificaram que os implantes foram incorporados pelo organismo, com o crescimento de células epiteliais e nervos em torno da membrana.
A sensibilidade dos olhos foi gradualmente restituída, assim como a capacidade de produzir lágrimas, essencial para lubrificar e assim oxigenar a córnea – que não é irrigada por sangue para preservar sua transparência.
A córnea é uma camada de colágeno e células que age como uma janela para o globo ocular. É o principal elemento refrativo do aparelho visual, ajudando a ajustar o foco, e precisa ser completamente transparente para permitir a entrada de luz. Diversos males podem prejudicar essa função, como o tracoma – a principal origem infecciosa de cegueira, causada por uma bactéria –, úlceras e traumatismos.
Na pesquisa, nove dos pacientes tinham ceratocone avançado (uma doença que modifica o formato da córnea) e um tinha uma infecção na membrana. Em seis deles, a visão a olho nu melhorou após a cirurgia.
Para os demais, o uso de lentes de contato fez o que faltava: permitiu que vissem tão bem quanto pacientes que haviam sido submetidos a transplante de córnea humana, também com lentes. E mais: antes da cirurgia, nenhum deles podia usar lentes de contato, apresentando intolerância para o uso prolongado.

 A pesquisadora May Griffith exibe a córnea biossintética que foi implantada no olho de dez pacientes para restaurar a visão (foto: Ottawa Hospital Research Institute).

DNA de colágeno humano
O ingrediente-chave para o sucesso da pesquisa foi o desenvolvimento de uma córnea artificial usando colágeno humano recombinante – sintetizado em laboratório a partir de DNA humano. “Células de levedura foram manipuladas geneticamente para conter o DNA do colágeno”, explica May Griffith à CH On-line.
“A proteína do colágeno foi então produzida no laboratório em grandes quantidades, purificada e testada para garantir segurança no uso humano”, conta ela. O material, desenvolvido pela empresa Fibrogen, na Califórnia (EUA), foi então moldado para ganhar o formato da córnea.
O uso do material artificial apresentou diversas vantagens em relação aos transplantes de córneas de doadores.
De acordo com a pesquisa, nenhum dos pacientes apresentou rejeição ao material, e em nenhum dos casos foi preciso suprimir a resposta imunológica dos indivíduos (técnica que pode ser usada em transplantes para evitar que o sistema imune do corpo rejeite o novo tecido implantado). 
Além disso, o uso de córneas biossintéticas não traz o risco de transmissão de doenças que existe quando se usa o tecido de um doador. A prevenção desse risco, aliás, é uma das etapas que mais encarece o transplante, explica Griffith.
De acordo com a pesquisadora, o custo de córneas humanas de doadores é estimado em US$ 2 mil cada. “Isso é devido ao rastreamento necessário em cada doador para assegurar que não haverá transmissão de doenças para os receptores. No futuro, com córneas feitas por humanos, a fabricação poderia feita em grande escala e os custos seriam menores”.
De acordo com Griffith, o objetivo não era substituir o uso de tecido humano, e sim desenvolver uma alternativa para suprir a demanda. “Claro que no futuro esperamos chegar a modelos que funcionarão ainda melhor que o tecido humano. Até lá, será preciso realizar muita pesquisa e testar um número bem maior de pacientes”, pondera.
 A córnea artificial, fabricada a partir de DNA de colágeno humano, e seu posicionamento para o implante (imagem: reprodução/ Science Translational Medicine). 

Uma década de tentativas
Griffith e sua equipe começaram a desenvolver córneas biossintéticas há mais de dez anos. Só depois de muitos testes em laboratório, e alguns em animais, é que foi dado o passo de testar o material em pessoas.
“Ao longo desses dez anos, desenvolvemos vários tipos de biomateriais, inclusive a próxima geração de córneas biossintéticas que será usada na próxima fase de estudos”, conta ela.
Para Griffith, os resultados são “muito animadores” e indicam que as pesquisas em medicina regenerativa são um caminho certo para tratar problemas na córnea. “Agora temos que testar as córneas biossintéticas em um maior número de pacientes, aplicadas a um espectro mais amplo de condições que exigem o transplante”, explica.
Na próxima fase, os testes serão feitos com a versão aprimorada da córnea artificial. “Com esse material mais forte e as lições aprendidas da primeira fase, esperamos aprimorar ainda mais a visão dos próximos pacientes que receberem os implantes”, diz.

Júlia Dias CarneiroCiência Hoje On-line

Rã do tamanho de uma ervilha

Descoberta rã do tamanho de uma ervilha na Ilha de Bornéu

Animal tinha sido calssificado erroneamente como filhote de outra espécie

25 de agosto de 2010 | 18h 40
 
REUTERS - REUTERS
Cientistas descobriram uma rã do tamanho de uma ervilha, a menor já encontrada  na Ásia, na Ilha de Bornéu.

Indraneil Das//Reuters
 Rã minúscula pousada na borda de uma moeda

Machos adultos da minúscula espécie têm de 10,6 a 12,8 milímetros, e o anfíbio foi batizado Microhyla nepenthicola, com base no nome da planta em que vive, de acordo com a revista especializada Zootaxa.
O pesquisador Indraneil Das, do Instituto de Biodiversidade e Conservação da Universidade Malaysia Sarawak disse que a subespécie havia sido originalmente identificada de forma errônea em museus. 
"Cientistas supostamente acreditavam que se tratava de indivíduos jovens de uma outra espécie, mas na verdade são adultos de uma espécie nova", disse ele.
Das publicou o artigo que descreve a rã em parceira com Alexander Haas, da Alemanha.
As minúsculas rãs foram encontradas na beira de uma estrada que leva ao pico da montanha Gunung Serapi, no Parque Nacional de  Kubah, no estado de Sarawak da Malásia.
Os cientistas dizem que rastrearam as rãs pelo canto, que começa ao pôr-do-sol.
A descoberta é parte de uma busca global executada pela Conservação Internacional e pela União Internacional para a Conservação da natureza a fim de "redescobrir" 100 espécies perdidas de anfíbios.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,descoberta-ra-do-tamanho-de-uma-ervilha-na-ilha-de-borneu,600340,0.htm 

domingo, 22 de agosto de 2010

Os segredos evolutivos do orgasmo feminino

Os segredos evolutivos do orgasmo feminino

O orgasmo é visto atualmente como sinônimo de uma relação sexual saudável, e tornou-se quase um fim em si mesmo. Do ponto de vista biológico, porém, o sexo é apenas um meio de assegurar a reprodução. O clímax feminino teria um papel biológico?
Por: Carlos Roberto Fonseca
Publicado em 18/08/2010 | Atualizado em 18/08/2010

Arte: Renato Alarcão. 

O papel biológico do orgasmo masculino é claro para a maioria das pessoas. Como invariavelmente ele está ligado à ejaculação, não há qualquer dúvida a respeito de sua função reprodutiva. O orgasmo masculino seria assim uma espécie de ‘festa de comemoração’, favorecida pela seleção natural, ao longo da evolução, para incentivar e premiar a esperada transferência do esperma para o aparelho reprodutivo da fêmea.
O papel biológico do orgasmo feminino, no entanto, é considerado um grande mistério. Para começar, não existe sincronia entre o momento do orgasmo feminino e a liberação dos óvulos pelos ovários.
Aliás, o período exato do ciclo menstrual em que as mulheres estão férteis parece ser um segredo tão bem guardado que, aparentemente, nem mesmo elas sabem. Muito menos seus parceiros!
Essa ‘ovulação oculta’ contrasta bastante com o ocorre com as fêmeas de muitos outros mamíferos, que anunciam aos quatro ventos seu estado fértil por meio de cores brilhantes, cheiros especiais e solicitações ostensivas.
Em chimpanzés, por exemplo, as partes íntimas das fêmeas tornam-se irresistivelmente rosadas e elas exibem um comportamento altamente receptivo.
Entretanto, a norte-americana Elisabeth Anne Lloyd, filósofa da biologia, da Universidade de Indiana (Estados Unidos), acredita que não há mistério algum a ser desvendado. Em sua opinião, o orgasmo feminino não teria função biológica. Seria simplesmente um subproduto da evolução do orgasmo masculino, este com uma clara função biológica.
Esse tipo de explicação não adaptacionista é a mesma usada para explicar por que os homens têm mamilos, já que estes não têm função alguma no corpo masculino.
Uma hipótese atual propõe que os mamilos masculinos seriam subprodutos da evolução dos mamilos femininos, estes com clara função biológica, associados ao cuidado dos bebês.
Assim, tanto os mamilos nos homens quanto o orgasmo nas mulheres seriam uma espécie de ‘troça’ pregada pelos complicados mecanismos de herança genética dos caracteres.
 
Arte: Renato Alarcão.

  Darwin e a teoria da seleção sexual
Muitos pesquisadores acreditam, porém, que o orgasmo feminino, em toda a sua complexidade fisiológica, morfológica e comportamental, só pode ser compreendido por meio da teoria da seleção sexual proposta pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882).
Em seu famoso livro A origem do homem e a seleção sexual, de 1872, ele propôs que as disputas sexuais entre indivíduos da mesma espécie influenciam profundamente sua evolução. Segundo Darwin, essas disputas podem ser divididas em dois tipos principais: competição entre machos e escolha por parte das fêmeas.
A competição entre machos é a velha disputa que permite estabelecer uma hierarquia de dominância entre eles. Afinal, quem é o maior, mais forte, mais veloz, mais bonito e mais saudável entre os jovens da região? No mundo animal, muitas vezes essa hierarquia é decidida com a ajuda de dentes, garras e chifres, em lutas de final nem sempre feliz.
Na espécie humana, essa competição se manifesta de modo diferente em cada cultura. Em alguns casos, ela pode ser mais ‘animal’, enquanto em outros casos pode ser ritualizada e regrada, como acontece em campos de futebol, bares, pátios de escolas, ambientes de trabalho e, mesmo, no trânsito.
Na história humana, poder e sexo sempre estiveram associados. Antes da difusão de alguns conceitos democráticos e religiosos do Ocidente, os homens que ocupavam posições mais altas na hierarquia de suas sociedades conquistavam as maiores performances reprodutivas, ou seja, tinham mais filhos.
Sociedades em que apenas um homem atingiu um grau ilimitado de poder são particularmente ilustrativas. Todos os déspotas de grandes civilizações antigas (babilônica, egípcia, hindu, chinesa, asteca e inca) organizaram grandes haréns, contendo de centenas a milhares de esposas, concubinas ou escravas, às quais eles tinham acesso sexual exclusivo.

Os únicos homens permitidos nesses haréns eram os eunucos, castrados ainda em idade precoce. Essa poligamia extrema, incomum na espécie humana, invariavelmente levou a extraordinárias hordas de descendentes.
A escolha pela fêmea é um mecanismo mais sutil. Como cada fêmea, ao longo da vida, tem apenas algumas oportunidades reprodutivas, não é vantajoso desperdiçar essas poucas chances com qualquer um. Assim, as fêmeas desenvolveram grande capacidade de observação.
Cada potencial parceiro é submetido a um cuidadoso exame, no qual suas potencialidades e defeitos são registrados e considerados. Aqueles que se saírem melhor nos testes terão grande chance de ser escolhidos como parceiros sexuais.
Quanto aos ‘reprovados’... Bem, quem sabe em uma próxima vez. Essa seleção criteriosa é justificada, já que, em função dos mecanismos de herança genética, as boas características do parceiro escolhido têm grande chance de aparecer em seus filhos. As más, também.

Para que serve o orgasmo feminino?

Diversas hipóteses adaptacionistas foram propostas para explicar o orgasmo feminino. O zoólogo inglês Desmond Morris, no clássico livro O macaco nu, de 1967, defende que a evolução da postura ereta em humanos teria dificultado a fertilização, já que nas fêmeas humanas atuais o orifício externo do colo uterino, por onde o esperma tem que penetrar, situa-se em posição superior da vagina.

Segundo essa hipótese, o relaxamento muscular decorrente do orgasmo induziria a mulher a permanecer deitada após o ato sexual, aumentando suas chances de fertilização. Contudo, a ocorrência de orgasmo em diversos animais quadrúpedes sugere que essa hipótese não é correta.
Outra hipótese adaptacionista baseia-se no fato de que, como o bebê humano nasce mais indefeso do que os filhotes da maioria dos animais, sua sobrevivência só é assegurada pelos cuidados da mãe e do pai. Segundo essa proposta, os orgasmos – tanto o masculino quanto o feminino – seriam um incentivo prazeroso para selar a aliança do casal e favorecer a sobrevivência dos filhos.
O problema com essa hipótese é que o orgasmo, da mesma forma que pode ajudar a criar um vínculo de longo prazo em um casal, pode também ser o estímulo para que um dos parceiros resolva ‘pular a cerca’ e ter relações sexuais extraconjugais.

Carlos Roberto FonsecaDepartamento de Botânica, Ecologia e Zoologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2010/273/os-segredos-evolutivos-do-orgasmo-feminino

Abaixa o volume!

Abaixa o volume!

  • 18 de agosto de 2010|
  • 10h47
Os adolescentes usuários de iPod receberam recomendação para reduzirem o volume em seus tocadores de música, após um estudo realizado nos Estados Unidos constatar que os problemas auditivos entre os jovens haviam aumentado em quase 30% nos últimos 15 anos.

O estudo publicado pelo Journal of the American Medical Association compara pesquisas nacionais do começo dos anos 90 e meados dos anos 2000. Cada uma delas incluía apenas alguns milhares de adolescentes com idade de 12 a 19 anos, mas sua composição foi determinada para representar todo o país.
Na primeira pesquisa, profissionais treinados constataram que cerca de 15 por cento dos adolescentes tinham certo grau de perda auditiva. Passados 15 anos, essa proporção havia crescido em um terço, para aproximadamente 20 por cento.
“Isso significa que em cada sala de aula existem alguns estudantes com problemas auditivos”, disse o Dr. Josef Shargorodsky, pesquisador no Brigham and Women’s Hospital, em Boston, à Reuters Health.
“Os adolescentes realmente subestimam o barulho a qual estão expostos. Muitas vezes o indivíduo não percebe, mas até mesmo uma ligeira perda de audição pode conduzir a diferenças em desenvolvimento de linguagem e aprendizado”, explicou.
O estudo (link.reuters.com/nyz95m) constatou que a maior parte da perda de audição era registrada em apenas um ouvido, mas que as dimensões da perda estavam se agravando.
Embora a perda seja em geral modesta, cinco por cento dos adolescentes tinham problemas mais pronunciados – uma alta de 50 por cento ante a pesquisa anterior.
Shargorodsky se declarou surpreso pelas novas constatações.
Ele disse que o melhor tratamento médico para infecções de ouvido -uma das causas comuns de perda de audição- deveria em tese ter conduzido a uma redução no número de casos.
Os pesquisadores não apontaram os iPods ou outros tocadores de música como causa do problema crescente.
Disseram que os motivos da alta eram incertos, já que os adolescentes declararam não haver mudanças quando questionados sobre exposição a ruídos (no trabalho ou lazer, por exemplo).
Alison Grimes, diretora da clínica audiológica do Ronald Reagan-UCLA Medical Center, em Los Angeles, disse que embora não esteja claro que a culpa é dos eletrônicos musicais, reduzir o volume e não ouvi-los continuamente seria ainda assim uma boa ideia.
(REUTERS)
 http://blogs.estadao.com.br/link/abaixa-o-volume/

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Teste que diagnostica meningite em apenas ‘uma hora’

Cientistas britânicos criam teste que diagnostica meningite em apenas ‘uma hora’

Meningite é uma das principais causas de morte entre crianças 

Cientistas da Queen’s University, de Belfast e da Autoridade de Saúde da capital da Irlanda do Norte, desenvolveram um teste revolucionário que pode diagnosticar em apenas uma hora se o paciente sofre de meningite.
Semelhante a uma impressora doméstica, o aparelho que faz o teste é portátil e acelera o resultado do exame, que atualmente demora entre 24 e 48 horas.
Um diagnóstico rápido da doença é vital para o tratamento de crianças pequenas com meningite meningocócica e septicemia, já que seu estado se deteriora em muito pouco tempo.
A meningite é a inflamação da meninge – membrana que protege e recobre o cérebro e a medula espinhal – e pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos, entre outros fatores. A forma mais perigosa é a bacteriana, da qual a meningocócica faz parte.
Sintomas
“Os primeiros sintomas das infecções meningocócicas são os mesmos de uma virose, dificultando o diagnóstico nos estágios iniciais”, afirma o cientista Mike Shields, da Queen’s University, que liderou a pesquisa.
“Os pais normalmente usam o ‘teste do copo’ no corpo das crianças, mas as manchas vermelhas (que não somem mesmo quando o copo é pressionado sobre elas) normalmente associadas a um diagnóstico de meningite são um sintoma tardio que nem sempre está presente nas crianças que têm a doença.”
A meningite meningocócica pode causar a morte de uma criança em uma questão de horas, se não for tratada, e também pode deixar sequelas como surdez e lesões cerebrais.
O grupo de maior risco e onde há maior incidência é o de crianças com menos de 5 anos de idade.
“Atualmente, médicos aceitam a internação e tratam com antibióticos qualquer criança sob suspeita de ter meningite meningocócica enquanto aguardam o resultado dos exames, que pode levar entre 24 e 48 horas”, disse o professor.
“Algumas crianças não são diagnosticadas no estágio inicial da doença, enquanto outras são internadas e tratadas, ‘pelo sim, pelo não’, quando na verdade não têm a doença.”
A meningite pode ser transmitida através do contato próximo com secreções respiratórias do paciente. O aparelho criado pelos pesquisadores examina uma amostra da saliva ou de sangue do paciente para avaliar se ele tem a doença.
Além de salvar vidas, o diagnóstico no estágio inicial pode melhorar o tratamento dos pacientes e ajudar a evitar as sequelas associadas à doença.
Testes
A máquina já está em fase de testes no pronto-socorro do Royal Victoria Hospital for Sick Children de Belfast.
“Não há nenhum outro exame que possa confirmar o diagnóstico em tão pouco tempo. Os exames atuais são caros e demorados.”
“A identificação rápida da doença vai permitir aos médicos tomar decisões sobre o tratamento que podem salvar a vida dos pacientes. Se ele tiver os resultados em uma hora, poderá começar o tratamento apropriado imediatamente”, afirmou Shields.
O aparelho, no entanto, ainda precisa ser testado por mais tempo para que seja avaliada a precisão dos resultados.
O estudo contou com o apoio da Fundação para a Pesquisa da Meningite da Grã-Bretanha (MRF, na sigla em inglês).
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil foram registrados 19.708 casos de meningite em 2009, desses 2.603 eram de meningite meningocócica.
A vacina conjugada contra o meningococo do sorogrupo C passará a integrar o calendário básico da vacinação na rede pública a partir de agosto deste ano para crianças com menos de dois anos de idade, informou o Ministério.
 http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/08/100819_testemeningite_ba.shtml

domingo, 15 de agosto de 2010

O misterioso ‘peixe humano’

O misterioso ‘peixe humano’

Considerado um dos animais mais peculiares da natureza, o proteus continua a intrigar os cientistas. Além da pele rosada que lhe rendeu a comparação aos humanos, o anfíbio cego de 20 gramas consegue – ainda não se sabe como – atingir até 100 anos de vida.
Por: Larissa Rangel
Publicado em 10/08/2010 | Atualizado em 10/08/2010

 Um par de proteus numa caverna na Eslovênia: existente apenas no sul da Europa, o anfíbio é exclusivamente aquático e diferente de qualquer outra espécie. Apesar de pesar apenas 20 gramas, consegue chegar aos 100 anos de idade (foto: Boštjan Burger). 

O proteus (Proteus anguinus) é um anfíbio cego que vive nas águas subterrâneas de cavernas do sul da Europa. Por conta de sua pele rosada e sua forma tubular, ganhou o apelido de ‘peixe humano’. O seu nome, inspirado na mitologia grega, remete ao deus marinho que possuía cabeça e tronco humanos e o resto do corpo em forma de serpente – assim como a salamandra.
Mas não é apenas sua aparência que vem despertando a curiosidade dos cientistas. O ecólogo Yann Voituron, da Universidade Claude Bernard, na França, acaba de lançar um artigo no periódico Biology Letters levantando possíveis razões para a impressionante longevidade do animal – que pode chegar aos 100 anos.


O proteus pertence à ordem Caudata, família dos Proteídeos, gênero Proteu. É a única espécie de seu gênero, e o único representante europeu da família dos Proteídeos.
Segundo Voituron, a espécie vem sendo estudada há cinquenta anos numa caverna artificial que imita seu habitat com fidelidade. O objetivo era evitar caçá-la, já que é tão rara. Na época, os primeiros indivíduos do ambiente tinham 10 anos de idade. “Hoje, com 60 anos, as salamandras aquáticas não apresentam qualquer sinal de velhice”, garante o pesquisador.

A pele rosada e o corpo em formato tubular garantiram ao proteus a aparência bizarra e o apelido de ‘peixe humano’ (foto: CNRS).

Mistério da longevidade

Em geral, há uma relação direta entre a massa e a expectativa de vida de um animal, como indica o fato de que um elefante consegue atingir muitos anos a mais que um rato. Segundo Voituron, de acordo com essa lógica, o proteus deveria pesar 35 quilos – e não apenas suas 20 gramas.
O paradoxo não para por aí. O metabolismo do animal não é tão lento assim, o que poderia favorecer a vida longa; e ele também não possui nenhum sistema de proteção antioxidante. Sua longevidade poderia, então, ser explicada pela falta de predadores, que torna sua sobrevivência muito mais fácil – mas não a ponto de estender sua sobrevida a um século. 
Outro ponto observado pela equipe é a vida preguiçosa do ‘peixe humano’. Ele come apenas uma vez por mês e não precisa correr para fugir e, dessa forma, consegue manter sua taxa metabólica estável.

A terceira teoria, a novidade introduzida no artigo, está relacionada à funcionalidade das mitocôndrias, área de estudo de Voituron.
A sugestão é de que os proteus conseguem produzir mais energia celular com menos oxigênio, a partir de um mecanismo extra-eficiente, que emite poucos radicais livres. “Ao produzir mais energia, desprendendo menos radicais livres, é possível evitar o envelhecimento”, explica o pesquisador.
Ainda este ano, sua equipe pretende realizar experimentos com o apoio de gerontologistas, que estudam fenômenos do envelhecimento humano. Porém, Voituron ressalta: “Ainda há muito a entender sobre esse misterioso animal, e nós temos mais perguntas que respostas quanto aos reais motivos de sua vida tão longa”.

Larissa Rangel
Ciência Hoje On-line
 http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/08/o-misterioso-peixe-humano

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

100 espécies de anfíbios "perdidos"

09/08/2010 - 17h06

Cientistas procuram 100 espécies de anfíbios "perdidos"

O grupo ambientalista Conservação Internacional anunciou nesta segunda (9) o início de um programa de busca inédita para tentar redescobrir cem espécies de anfíbios considerados perdidos.
A busca é o primeiro esforço coordenado já realizado para encontrar um número tão grande de criaturas "perdidas" e ocorre em um momento em que as populações mundiais de anfíbios sofrem grande declínio. Mais de 30% de todas as espécies de anfíbios encontram-se ameaçadas, segundo informe da ONG. Muitos dos anfíbios que estão sendo procurados não são vistos há várias décadas.

Domínio Público

O sapo dourado (Incilius periglenes) foi visto pela última vez em 1989; passou de abundante a extinto em uma década

Os anfíbios ajudam a controlar insetos que espalham doenças e destroem plantações agrícolas. A pele desses animais também contém componentes químicos importantes, incluindo um analgésico 200 vezes mais potente do que a morfina.
Os anfíbios são particularmente sensíveis às mudanças no meio ambiente, por isso são geralmente um indicador do dano que tem sido causado aos ecossistemas, informou a Conservação Internacional, que organiza a busca para o Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN (União Mundial para a Conservação da Natureza).
Dentre as cem espécies selecionadas para a busca, dez são alvo de particular atenção. São elas:
  • O sapo dourado (Incilius periglenes), encontrado na Costa Rica. Visto pela última vez em 1989. Talvez o mais famoso anfíbio perdido. Passou de abundante a extinto em pouco mais de um ano no final dos anos 1980.
  • Rã "incubadora", encontrada na Austrália. Duas espécies (Rheobatrachus vitellinus e R. silus) foram vistas pela última vez em 1985. Possuíaa uma forma singular de reprodução: as fêmeas engoliam os ovos fertilizados e os chocavam no estômago. Davam à luz pela boca.
Domínio Público
 Rã incubadora, vista pela última vez em 1985, possuía forma singular de reprodução: fêmeas engoliam ovos fertilizados e os chocavam no estômago; davam à luz a girinos pela boca
  • O sapo da mesopotâmia (Rhinella rostrata), encontrado na Colômbia. Visto pela última vez em 1914. Tem forma fascinante, com uma cabeça distinta em formato de pirâmide.
  • A salamandra Bolitoglossa jacksoni, encontrada na Guatemala. Vista pela última vez em 1975. Uma impressionante salamandra preta e amarela -uma das únicas duas espécies conhecidas, acredita-se que foi roubada de um laboratório na Califórnia em meados dos anos 1970.
  • O sapo africano Callixalus pictus, encontrado na República Democrática do Congo/Ruanda. Visto pela última vez em 1950. Sabe-se pouco sobre esse animal.
  • O sapo do Rio Pescado, (Atelopus balios), encontrado no Equador. Visto pela última vez em abril de 1995. Pode ter sido dizimado pelo fungo causador da quitridiomicose.
  • A salamandra Hynobius turkestanicus, encontrada no Quirguistão, Tadjiquistão ou Uzbequistão. Vista pela última vez em 1909. Conhecida pelos únicos dois espécimes coletados em 1909 em algum lugar "entre Pamir e Samarcanda".
  • O sapo arlequim; (Atelopus sorianoi), encontrado na Venezuela. Visto pela última vez em 1990. Encontrado em um único riacho em uma floresta isolada do país.
  • A rã sem teto (Discoglossus nigriventer), encontrada em Israel. Vista pela última vez em 1955. Um único adulto coletado em 1955 representa o último registro confirmado da espécie. Esforços para drenar pântanos na Síria para erradicar a malária podem ter sido responsáveis pelo desaparecimento da espécie.
  • O sapo Ansonia latidisca, encontrado na ilha de Bornéu (Indonésia e Malásia). Visto pela última vez nos anos 1950. O aumento da sedimentação nos riachos após o desflorestamento pode ter contribuído para o declínio.
Duas das espécies procuradas, são oriundas do Brasil:
  • O sapo Crossodactylus grandis, visto pela última vez na década de 1960. A pesquisa, liderada por Taran Grant, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, acontecerá em cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro de 18 a 31 de setembro. A espécie foi descrita a partir de Brejo da Lapa, Itamonte (Minas Gerais).
  • A rãzinha-das-pedras (Cycloramphus valae), vista pela última vez em 1982. Liderada por Patrick Colombo, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a pesquisa acontecerá de 20 a 30 de setembro. A espécie é conhecida em quatro localidades da Mata Atlântica nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/780226-cientistas-procuram-100-especies-de-anfibios-perdidos.shtml

domingo, 8 de agosto de 2010

O manto negro da morte

O manto negro da morte

O maior derramamento de petróleo da história, no golfo do México, parece ter sido contido. Jerry Borges afirma em sua coluna, porém, que o problema só começou, e que ainda não temos tecnologias para avaliar e combater esse desastre ambiental.
Por: Jerry Carvalho Borges
Publicado em 06/08/2010 | Atualizado em 06/08/2010


 Equipes de salvamento se aproximam da plataforma 'Deepwater Horizon' após a explosão, em 20 de abril: após acidente, o mundo se viu diante de uma situação inédita, escreve Jerry Borges: um vazamento submarino sem solução (foto: US Coast Guard).  
Às 22h do dia 20 de abril de 2010, uma explosão destruiu a plataforma petrolífera Deepwater Horizon, da gigante do setor British Petroleum (BP). O acidente vitimou 11 pessoas e gerou chamas que chegaram a 90 metros de altura e puderam ser vistas a 56 quilômetros de distância. Contudo, os impactos desta explosão no golfo do México serão sentidos muito mais longe e por muito mais tempo.
Após o acidente – que pode ter sido causado por um erro humano – ocorreu uma falha no equipamento de segurança que deveria ter fechado a abertura do poço.
Assim, depois da explosão inicial, o mundo se viu diante de uma situação inédita: um vazamento submarino sem solução. Como consequência, o petróleo vazou sem interrupção por 86 dias até ser aparentemente bloqueado em 15 de julho de 2010.
Nesta semana, diante das medidas da BP para selar o poço definitivamente, o presidente norte-americano Barack Obama disse que a batalha estaria chegando ao fim e que cerca de 75% do petróleo havia sido recolhido ou “foi dissipado pela natureza”. Contudo, com o conhecimento científico que temos hoje, é impossível acreditar que essa informação esteja correta.
Os números associados ao acidente com essa plataforma são surpreendentes, e tornam-no o pior desastre ambiental da história.

 Barack Obama conversa com operários empenhados na contenção do petróleo, em Alabama
(Foto: Chuck Kennedy/ The White House – CC BY 3.0). 

Estimativas indicam que mais de 60 mil barris jorraram a cada dia pela abertura do poço da Deepwater Horizon. Como cada barril de petróleo comporta cerca de 159 litros, acredita-se que, nesses quase três meses de vazamento, tenham jorrado mais de 1,2 milhão de toneladas de petróleo.
Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) são ainda superiores e indicam que o vazamento tenha sido de 2,3 a 4,5 milhões de barris de petróleo. Para fins comparativos, vale lembrar que no Brasil se consomem 2,1 milhões de barris de petróleo por dia.
Baseando-se nesses números, o acidente supera o vazamento de 18 meses ocorrido entre março de 1910 e setembro de 1911, no poço Lakeview Gusher, na Califórnia (EUA), e seria cerca de 35 vezes maior que o derramamento causado pelo acidente com o petroleiro Exxon Valdez no Alasca (EUA) em 1989 (ou 112 vezes maior, com base nas estimativas da AIE).
O montante do petróleo que vazou é difícil de ser estimado. Da mesma forma, a contenção do vazamento é muito difícil de ser quantificada sem qualquer contestação e, mesmo que restem ‘apenas’ 25% de petróleo no ambiente, como afirmado, o acidente pode ter consequências ecológicas, sociais e econômicas muito mais graves do que estamos aventando agora.
A BP gastou em torno de US$ 5 bilhões em tentativas infrutíferas para bloquear a abertura do poço e mais de US$ 25 bilhões em gastos diversos associados com o acidente.
Ainda assim, o vazamento, a cerca de 1,6 km de profundidade gerou uma mancha de óleo que contaminou cerca de 6.500 km2 e poluiu as regiões litorâneas de seis estados norte-americanos destruindo manguezais e matando impiedosamente aves, caranguejos, peixes, corais e tudo o mais que podia alcançar. Estimativas indicam que a sobrevivência de mais de 600 espécies animais esteja ameaçada pelo vazamento.

Funcionários de agências de proteção à vida animal resgatam um pelicano coberto de óleo na costa da Louisiana (foto: John Miller/ US Coast Guard).

Sabe-se prevenir, mas não remediar

O problema é que, simplesmente, ainda não foi desenvolvida uma tecnologia eficaz para minimizar os efeitos de grandes vazamentos de petróleo.
O petróleo é um composto complexo constituído por quatro frações: os elementos saturados (parafinas e naftenos), os aromáticos, as resinas e os asfaltenos.
Cada uma dessas frações é formada por uma série de compostos com uma composição química complexa e, em diversos casos, ainda desconhecida. Além disso, há uma considerável variação na composição de amostras diferentes de petróleo.
Quando o petróleo é derramado em uma área, ele se espalha sobre a superfície da água, sofrendo modificações que transformam seus componentes. No caso do acidente com a Deepwater Horizon, parte do petróleo derramado, principalmente alguns de seus componentes mais tóxicos, pode também estar se espalhando pelo fundo do oceano, alcançando distâncias de até 50 km do poço danificado.

 Banho em um atobá salvo do petróleo 
(foto: Les Stone, International Bird Rescue Research Center – CC BY 2.0).

O petróleo possui compostos altamente tóxicos, muitos dos quais são reconhecidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos como carcinogênicos e mutagênicos.
Especialistas afirmam a exposição de organismos marinhos a esses produtos tóxicos pode se estender durante longos períodos, pois a eliminação desses componentes depende da ação de microrganismos e é um processo muito lento, que demora anos.
A degradação de componentes do petróleo através da ação de espécies de bactérias e de fungos filamentosos e de leveduras é amplamente conhecida.
Contudo, como o petróleo contém concentrações muito pequenas de nutrientes essenciais, como o nitrogênio e o fosfato, o desenvolvimento da imensa maioria de microrganismos é diminuído ou mesmo impedido.
A disponibilidade reduzida de oxigênio no fundo do mar faz com que a degradação do petróleo dependa da ação de microrganismos anaeróbicos.


Além disso, a degradação microbiana de petróleo torna-se mais lenta quando há uma diminuição da temperatura ambiental, sendo praticamente nula em temperaturas próximas do congelamento.
Essas condições ambientais tornam mais difícil a utilização de técnicas para se eliminar a contaminação por petróleo. Mesmo em ambientes sujeitos a condições mais amenas, os processos metabólicos bacterianos consomem um tempo considerável, o que limita bastante a sua eficácia em situações como as observadas no golfo do México.
Apenas para se ter uma ideia, algumas bactérias que vivem nesses ambientes podem demandar entre 20 e 160 dias para se multiplicarem – processo que consome apenas algumas horas em bactérias que vivem em temperaturas maiores.

 Os vazamento de petróleo é visível nas ilhas Chandeleur, na costa da Louisiana 
(foto: Jeffrey Warren – CC BY 2.0).

Biorremediação

O emprego de microrganismos para a eliminação dos efeitos de poluentes, conhecido como biorremediação, foi desenvolvido durante as décadas de 1980 e 1990. Atualmente, essas técnicas têm sido empregadas para a atenuação da poluição ambiental causada por atividades de mineração e eliminação de efluentes tóxicos e pela extração, transporte e transformações químicas do petróleo.
Quando comparadas com métodos tradicionais, as técnicas de biorremediação são interessantes devido ao seu baixo custo, por apresentarem riscos ambientais menores, além de serem mais específicas e eficientes do que métodos tradicionais.
Alterações fisico-químicas também podem ser realizadas como parte dos processos de biorremediação. Essas modificações podem estimular o metabolismo de bactérias naturalmente presentes no ambiente ou, alternativamente, de microrganismos introduzidos no local.
Para alguns especialistas na área, uma alternativa para se minimizar os problemas ambientais da Deepwater Horizon, poderia ser, por exemplo, a adição de compostos ricos em nutrientes, como os fertilizantes agrícolas. Essa metodologia tem se mostrado efetiva e proporcionado uma elevação na taxa de biodegradação em cerca de 2 a 5 vezes, sem causar efeitos adversos reconhecíveis.
Os desdobramentos políticos e ecológicos do desastre no golfo do México ainda não são totalmente conhecidos, porém há indícios de que ocorrerão muitas mudanças no futuro da exploração submarina de petróleo. O presidente norte-americano Barack Obama, por exemplo, que era favorável a um aumento na prospecção petrolífera em águas profundas, suspendeu esse tipo de perfuração e vetou novas permissões de exploração petrolífera.

 Barcos de pesca de camarão puxam cordão de isolamento de petróleo na costa da Louisiana 
(foto: Patrick Kelley/ US Coast Guard).

Atualmente, cerca de 6% do petróleo produzido no mundo provém de plataformas similares à Deepwater Horizon, que era uma das mais avançadas do ponto de vista tecnológico. Estimativas indicam esse tipo de exploração poderá ser duplicada nos próximos vinte anos, apesar de a empreitada envolver enormes riscos para quem trabalha na sua operação e para o meio ambiente.

As lições do desastre no golfo do México devem de ser compreendidas pelo Brasil, um país que extrai cerca de 90% do petróleo que produz dos mares (são 826 poços marítimos, 200 deles em águas profundas) e que pretende começar a exploração comercial do petróleo localizado na camada pré-sal, em uma profundidade de onde nunca se extraiu petróleo.
Esperemos que esse acidente finalmente abra os olhos do governo brasileiro, já que as dezenas de pequenos e médios acidentes nas plataformas brasileiras e o total de quase cinquenta mortos nesses acidentes não foram capazes de fazê-lo.

Jerry Carvalho Borges

Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras
 http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por-dentro-das-celulas/o-manto-negro-da-morte

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pupilas verticais ajudam predadores a fazer emboscadas no escuro

06/08/2010 - 16h11

Pupilas verticais ajudam cobras a pegar presas de surpresa

NEW SCIENTIST 

Pupilas verticais não foram feitas simplesmente para visão noturna. Elas também podem ajudar cobras a espreitarem presas sem serem vistas.
Richard Shine e François Brischoux da Universidade de Sydney, na Austrália, reviraram a literatura científica e descobriram que pupilas verticais na maioria dos animais ficam redondas em baixa luminosidade. Essa constatação vai contra a teoria mais aceita de que pupilas verticais evoluíram para facilitar visão noturna.

David Nelson/University of Sydney
 Pupilas verticais ajudam predadores a fazer emboscadas no escuro; pupilas redondas são melhores para animais diurnos

Os pesquisadores então compararam a forma da pupila de 127 espécies de cobras australianas, seu comportamento de caça e a hora do dia em que elas são mais ativas.
Isso revelou que cobrar que fazem emboscadas contra presas e caçam à noite tendem a ter pupilas verticais, enquanto pupilas redondas são mais características de cobras diurnas que procuram ativamente e perseguem suas presas.
No geral, a forma das pupilas estava mais fortemente associada ao comportamento de caça que à atividade noturna.
Pupilas verticais provavelmente ajudam predadores espreitar presas à noite porque tornam mais nítidos objetos vistos a distância, diz Brischoux.
Assim como uma abertura menor na lente de uma câmera, uma pupila menor cria maior profundidade de campo. A desvantagem é que entra menos luz nos olhos.
Pupilas verticais são menores somente no plano horizontal, o que permite a formação de uma maior profundidade de campo no plano horizontal e, ao mesmo tempo, luz suficiente para ver no escuro.
Ver um campo horizontal amplo em foco pode ajudar uma cobra a capturar uma presa porque torna desnecessário que o animal tenha que se mover para frente para ver a presa em foco.
Segundo Shine, a relação entre a forma da pupila e técnica de caça deve também ser aplicável a outros animais com pupilas verticais, como gatos e raposas. Por exemplo, a raposa vermelha é um caçador de emboscada com pupilas verticais, enquanto o lobo cinza é um caçador ativo com pupilas redondas.
Mark Hutchinson, herpetologista do Museu do Sul da Austrália, em Adelaide, não está convencido. Segundo ele, ter pupilas verticais durante o dia poderia ajudar a reduzir o reflexo do olho, o que poderia explicar por que as pupilas ficam redondas em condições de baixa luminosidade.
O estudo foi publicado no "Journal of Evolutionary Biology".
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/779019-pupilas-verticais-ajudam-cobras-a-pegar-presas-de-surpresa.shtml

Catapora protege de dermatite e asma

Catapora pode proteger crianças contra doença de pele e asma, diz estudo

Especialistas alertam que conclusão não deve desafiar os benefícios da vacina contra a doença

05 de agosto de 2010 | 20h 25
 
 
 
Crianças que contraem catapora podem ter menor probabilidade de desenvolver dermatite atópica e asma quando forem mais velhas que aquelas que não tiveram a doença ou foram vacinados contra ela, sugere um novo estudo publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology.
Entre as crianças diagnosticadas com dermatite atópica, 20% já tinham pegado catapora, em comparação a 28% das sem o problema de pele.

Divulgação
 Conclusão não deve desafiar benefícios da vacina

Mas especialistas em vacina alertam que a pesquisa foi limitada e que uma conclusão não deve desafiar os benefícios da imunização contra catapora.
"Houve um benefício à saúde bastante visível em termos de uso da vacina", disse a especialista em vírus Jane Seward, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. "Estamos vendo uma queda significativa nas mortes e internações [da catapora], disse ela. "Um único estudo com um só achado é interessante, mas precisa de mais provas."
A dermatite atópica é um tipo de eczema, que muitas vezes causa coceira, e surge de uma reação alérgica. Também pode ser o "primeiro passo" de uma série de alergias que levam à asma, disse o principal autor do estudo, Dr. Jonathan Silverberg, do centro médico da Universidade Estadual de Nova York, no Brooklyn.
A pesquisa anterior de Silverberg e colegas sobre a resposta do corpo à catapora e à herpes zoster (cobreiro), sugeriu que pegar catapora pode diminuir o risco de uma criança desenvolver dermatite atópica no futuro. Para testar essa hipótese, eles examinaram os registros médicos de quase 700 crianças e adolescentes, alguns com dermatite atópica e alguns sem a condição incômoda da pele.
Para cada problema, os autores analisaram os registros anteriores para ver se os participantes já tinham sido infectados com catapora.
Crianças normalmente são vacinadas contra catapora com 1 ano de idade, de acordo com a especialista Jane Seward, e há uma boa razão para isso: a maioria que contrai a doença é contaminada quando é muito pequena. Nesse estudo, as crianças doentes tinham em média 3 anos quando foram infectadas.
Embora a catapora não seja frequentemente vista como muito grave, segundo Jane, algumas crianças acabam com pneumonia ou outras infecções graves, e algumas perdem membros. 

domingo, 1 de agosto de 2010

Inteligência cultural

Inteligência cultural

O que torna o homem um ser social? Roberto Lent comenta um estudo que comparou crianças e símios para descobrir, afinal, com que grau de cognição social nascem os homens. Os resultados indicam que nascemos propensos à cooperação social – como a sociedade nos moldará depois já é outra história.
Por: Roberto Lent
| Atualizado em 30/07/2010

 Uma criança ajuda a outra a ficar de pé: espírito de solidariedade inato ou aprendido? Testes de cognição social com crianças e símios indicam que as capacidades cognitivas para a cultura e a vida social nascem conosco (foto: Mor Naaman – CC BY-NC 2.0). 

Faça você a seguinte brincadeira: deixe cair ‘acidentalmente’ um objeto no chão, e tente alcançá-lo simulando dificuldade. Uma criança de 18 meses que esteja por perto engatinhará até o objeto para pegá-lo e devolvê-lo a você.
Esse é um dos testes simples utilizado pela equipe do antropólogo Michael Tomasello, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, na Alemanha, para avaliar uma pergunta antiga que ele mesmo formula da seguinte forma: as pessoas são naturalmente cooperativas e a sociedade as corrompe, ou são naturalmente egoístas e a sociedade as corrige?
Assisti a uma conferência de Tomasello há poucas semanas em Amsterdã, na qual ele relatou seus experimentos sobre a hipótese da ‘inteligência cultural’, que defende para explicar a extraordinária capacidade humana para uma cognição social.
Na ocasião, mostrou alguns vídeos sobre os experimentos com crianças e com chimpanzés, que o leitor pode conferir aqui.


Na foto à esquerda, o experimentador deixa cair um objeto, e a criança o devolve. À direita, a experimentadora tem as mãos ocupadas para abrir o armário, e a criança a ajuda. Modificado de Warneken e Tomasello, 2009.

Inteligência e cognição social

É ponto pacífico que os seres humanos são dotados de capacidades cognitivas superiores em relação aos símios, seus parentes mais próximos na evolução. Basta lembrar a linguagem, o simbolismo matemático e o raciocínio científico, para citar apenas algumas.
Tudo indica que essa superioridade esteja relacionada ao grande cérebro que temos, três vezes maior que o dos chimpanzés, e dotado também de três vezes mais neurônios.
A questão central é saber de que modo a estrutura do cérebro e suas estratégias funcionais adquiriram capacidades cognitivas tão poderosas e únicas entre os seres vivos.

Uma hipótese bem aceita é a da ‘inteligência geral’. Dizem os seus adeptos que os cérebros maiores permitiram realizarmos operações cognitivas de todo tipo, com maior eficiência que outras espécies.
Teríamos maior memória, aprendizagem mais rápida, percepção mais ágil (inclusive do estado mental de outras pessoas), planejamento de longo prazo. Dotado dessas potencialidades genéricas, o ambiente faria a diferenciação individual, lapidando cada um diferentemente do outro.
Tomasello defende a hipótese da ‘inteligência cultural’, cuja premissa é que a natureza nos dotou especificamente de uma capacidade superior – a cognição social – que nos oferece um grau elevado de cooperação interindividual, e a construção de redes sociais nunca conseguida pelos símios ou qualquer outra espécie, mesmo aquelas que apresentam uma organização populacional que se pode chamar de social. Outras capacidades humanas seriam semelhantes às dos símios, apenas potencializadas pela cultura e a vida em sociedade.

O teste das inteligências

Se a hipótese da ‘inteligência cultural’ for verdadeira, existiria uma idade em humanos, durante o seu desenvolvimento precoce (antes que a cultura os influencie fortemente), em que a cognição física (relações de espaço, quantidade e causalidade entre fenômenos) seria semelhante à dos grandes símios. Nessa mesma idade, porém, a previsão é que a nossa cognição social seja nitidamente superior à dos chimpanzés e orangotangos.
Se for correta a hipótese da ‘inteligência geral’, crianças seriam superiores aos símios nos testes de cognição física também.

A equipe de Tomasello elaborou uma bateria de testes que foram aplicados a 106 chimpanzés de idades entre 3 e 21 anos, 32 orangotangos de 3 a 10 anos e 105 crianças de cerca de 2 anos e meio. Em todos os casos, metade dos indivíduos era do sexo masculino, metade do sexo feminino.
Os testes foram divididos em dois grandes grupos. Os de cognição física lidam com objetos inanimados e suas relações de causa e efeito no espaço e no tempo. Por exemplo: localizar um objeto desejado, escondido pelo experimentador; ou diferenciar uma caixa com duas bolinhas de uma caixa idêntica com cinco bolinhas.
Já os testes de cognição social consideram as interações entre indivíduos, suas ações intencionais, percepções e conhecimento. Nesse caso, o sujeito aprende e imita uma ação observando o experimentador realizá-la; ou tenta encontrar um objeto seguindo a direção do olhar do experimentador; ou interage com ele objetivando ajudá-lo.

 O gráfico à esquerda mostra que as crianças acertaram os testes de cognição física tanto quanto os chimpanzés, e o da direita mostra o contrário para os testes de cognição social: as crianças foram bem melhores! Modificado de Herrmann e cols., 2007.
 
Cultura e vida em sociedade é da natureza humana

Os resultados obtidos pela equipe de Tomasello comprovaram a sua hipótese da ‘inteligência cultural’. Nos testes de cognição física, as crianças e os chimpanzés não diferiram estatisticamente, mas ambos tiveram desempenho melhor que os orangotangos. Nos testes de cognição social, entretanto, as crianças mostraram-se muito superiores aos símios, que por sua vez não diferiram entre si.  

Dentre os testes de cognição física, não houve diferença entre as três espécies no quesito de avaliação quantitativa: crianças e símios são igualmente capazes de estimar a quantidade de objetos.
Nos quesitos de espaço e de causalidade entre fenômenos, crianças e chimpanzés foram iguais, mas os orangotangos destoaram para pior. Já nos testes de cognição social as crianças venceram a parada em todos os quesitos, e os símios não diferiram entre si.
Tudo indica, então, que a cultura e a vida social representam capacidades cognitivas que nascem conosco, possivelmente derivadas do nosso grande cérebro povoado por quase 90 bilhões de neurônios. Possivelmente, a aquisição dessa capacidade social se deu em algum momento entre um e dois milhões de anos atrás, quando a evolução foi selecionando cérebros dotados de mais que os 40 bilhões estimados para os australopitecos, nossos ancestrais africanos.
O processo seletivo continuou até chegar ao gênero Homo, que gradualmente atingiu os nossos atuais 90 bilhões e adquiriu novas capacidades: a comunicação entre indivíduos por meio da linguagem, a aprendizagem social de regras de conduta coletiva voltadas para a cooperação, a percepção do estado mental dos outros e de suas intenções e emoções (‘teoria da mente’) e o planejamento de ações futuras de longo prazo.

Assim, nascemos propensos à cooperação social: essa é a nossa força. Provavelmente, os poucos genes que nos diferenciam dos chimpanzés são responsáveis pelos circuitos neurais que coordenam as funções relacionadas à vida social.
Sua expressão, entretanto, deve ser modulada pela sociedade que nós próprios construímos. A sociedade nos eleva, ou ela mesma nos corrompe.
Toda força aos cientistas sociais, para que nos indiquem como construir sociedades melhores...

Roberto LentInstituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro