terça-feira, 25 de setembro de 2012

Agora é culpa é do refrigerante.

22/09/2012 - 05h00

Novos estudos intensificam guerra aos refrigerantes

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DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

Agora é culpa é do refrigerante. A ligação entre o consumo da bebida e dos sucos adoçados e a obesidade é tema de três estudos e de um editorial publicados ontem no periódico "New England Journal of Medicine".
Os trabalhos aparecem uma semana depois de Nova York ter aprovado uma norma que vai proibir a venda de bebidas açucaradas com mais de 437 ml em restaurantes, lanchonetes e cinemas, em uma tentativa de estancar o crescimento constante dos indicadores de obesidade.
Nos EUA, até 2030, 44% da população será obesa -hoje 35% estão nessa faixa. No Brasil, 15,8% dos adultos são obesos e quase metade está acima do peso.

Editoria de arte/folhapress


Uma das novas pesquisas, feita pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, analisou o consumo de bebidas adoçadas, o índice de massa corporal e genes associados à obesidade de três grupos de pessoas somando 33 mil mulheres e homens.
Eles foram divididos de acordo com a frequência do consumo de refrigerantes e sucos adoçados.
Segundo os autores, o consumo mais frequente de bebidas açucaradas foi associado a uma predisposição genética maior a um índice de massa corporal mais alto e ao risco de obesidade.
A relação entre obesidade e maior risco genético foi muito maior entre os que bebiam refrigerantes todo dia do que nos grupos que consumiam menos de uma vez por mês. Isso significa, de acordo com os pesquisadores, que esse hábito pode ampliar o efeito do risco genético à obesidade.
Os outros dois estudos publicados ontem mostram os benefícios de substituir os refrigerantes e sucos com açúcar para reduzir o índice de massa corporal de crianças e adolescentes.
VILÕES LÍQUIDOS?
Para a nutricionista funcional Daniela Jobst, faz sentido centrar fogo nos refrigerantes e sucos industrializados no combate à obesidade.
"O refrigerante é importante porque as pessoas bebem muito e ficam viciadas. Para alguns pacientes que atendo, a hidratação do dia é refrigerante ou bebida com açúcar."
O açúcar, de fácil absorção, coloca o corpo em uma "gangorra" metabólica.
"As bebidas adoçadas aumentam muito rápido a produção de insulina. Essa elevação dá o comando para colocar açúcar nas células. Quanto mais você estimula a produção de insulina, mais vai colocar açúcar nas células e armazenar gordura."
A repetição desse processo vezes demais pode levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, diz a nutricionista. "Outra preocupação são os corantes e os conservantes dos industrializados, que estimulam uma resposta inflamatória no corpo."
O nutrólogo Celso Cukier lembra também que o refrigerante, mesmo contendo carboidratos, não traz a sensação de saciedade, aumentando o risco de uma ingestão exagerada de calorias.
Mas, para ele, é possível incluir essas bebidas na dieta de uma forma moderada. "Não acredito na imposição de uma proibição."
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1157551-novos-estudos-intensificam-guerra-aos-refrigerantes.shtml

Mosquito "vacinado" contra dengue

24/09/2012 - 18h25

Brasil vai testar mosquito "vacinado" contra dengue

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

O Brasil começa a dar os primeiros passos em uma ambiciosa estratégia internacional de combate à dengue: a introdução na natureza de exemplares do mosquito transmissor, o "Aedes aegypti", imunes à doença.
A iniciativa, capitaneada pela Fiocruz, (Fundação Oswaldo Cruz), foi anunciada nesta segunda (24) no Congresso Internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro.
O trabalho está em fase de testes iniciais e, se tudo sair como o planejado, os primeiros aedes "vacinados" contra a dengue devem ganhar as ruas do país em estudos controlados no segundo semestre de 2014.
Em laboratório, cientistas contaminam os embriões do "Aedes aegypti" com uma variante da bactéria wolbachia, que é encontrada em cerca de 70% dos insetos na natureza, incluindo moscas-das-frutas e pernilongos "comuns".
No organismo do mosquito, a presença da bactéria acaba impedindo o desenvolvimento do vírus da dengue.
"Os mecanismos que provocam isso são complexos, desde mudanças no sistema imune até a competição por nutrientes no interior das células", diz Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e chefe do projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil".
"Mas o método é extremamente seguro. A bactéria usada já faz parte do dia a dia. Não se trata de uma alteração genética ou introdução de um micro-organismo novo", diz.
Uma vez introduzida na população de mosquitos, a bactéria consegue se espalhar com certa facilidade. Embora a contaminação seja apenas vertical (dos pais para a prole), os mosquitinhos infectados têm mais sucesso na reprodução.
As fêmeas contaminadas têm descendentes com a bactéria independentemente de o macho estar infectado.
No caso das fêmeas que não apresentam o wolbachia mas que copulam com machos com a bactéria, praticamente todos os ovos fecundados acabam morrendo.
Ou seja: comparativamente, fêmeas com a wolbachia produzem mais ovos, que vão originar novos mosquitos que já nascem com a bactéria e, portanto, imunes à dengue.
O método, desenvolvido na Austrália, já foi testado com sucesso em duas cidades do país, onde a população de insetos foi rapidamente substituída pela variante imune.
"Nós monitoramos constantemente essas áreas [da Austrália] e vimos que, até agora, 18 meses depois, os essas áreas continuam com praticamente 100% dos mosquitos com a bactéria", diz Scott O'Neill, professor da Universidade Monash, em Melbourne, e um dos autores do trabalho australiano, publicado em 2011 na "Nature".
Antes de começar os testes com o mosquito na natureza, os cientistas da Fiocruz vão fazer pequenas adaptações no método australiano.
"Os vírus que circulam nos dois países têm algumas diferenças. Isso precisa ser levado em consideração", explica Luciano Moreira.

Editoria de arte/Folhapress

  http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1158582-brasil-vai-testar-mosquito-vacinado-contra-dengue.shtml