domingo, 18 de abril de 2010

Sapos podem prever terremotos

Estudo sugere que sapos podem prever terremotos

Matt Walker
BBC Earth News

Um estudo britânico sugere que os sapos são capazes de perceber a aproximação de um terremoto e fugir de seu habitat poucos dias antes de um tremor.
A pesquisa, publicada na edição desta semana da revista científica Journal of Zoology, foi realizada antes, durante e depois do sismo de 6,3 graus de magnitude que atingiu a cidade italiana de Áquila em 6 de abril de 2009.
A bióloga Rachel Grant, da Open University, na Inglaterra, estava observando diariamente o comportamento de várias colônias de sapos no lago de San Ruffino, a 74 quilômetros do epicentro do terremoto, quando o tremor atingiu a região.
Durante suas observações, iniciadas 29 dias antes do sismo, a bióloga percebeu um comportamento estranho na colônia.
Cinco dias antes do terremoto, o número de machos na colônia que estava em processo de procriação diminuiu 96%.
Segundo o estudo, esse tipo de comportamento é muito incomum para os machos, já que depois do acasalamento normalmente eles permanecem na área de procriação até o fim da desova. Mas a desova mal tinha começado no lago de San Ruffino quando a terra tremeu.

  Os sapos costumam perceber que estão em perigo

 Grant observou também que três dias antes do terremoto, o número de pares em processo de acasalamento caiu para zero repentinamente.
Além do repentino desaparecimento dos sapos, o estudo ainda verificou que não houve desova na colônia nos seis dias que antecederam o sismo e nos seis dias posteriores ao tremor em Áquila.
“Nosso estudo é um dos primeiros a registrar o comportamento animal antes, durante e depois de um terremoto”, afirmou Grant.
A bióloga acredita que os sapos tenham escapado para locais mais altos, provavelmente onde correriam menos risco de serem atingidos por desmoronamentos e enchentes.
Perceber o perigo
Apesar de identificar o comportamento dos sapos no ciclo do terremoto, o estudo não esclarece com precisão o mecanismo que permitiria aos anfíbios perceber a chegada de uma atividade sísmica.
A pesquisa afirma que a mudança no comportamento dos sapos coincidiu com problemas detectados na ionosfera – a mais alta camada eletromagnética da atmosfera terrestre.
Cientistas já haviam relacionado essas mudanças na atmosfera à emissão do gás radônio, ou ondas gravitacionais, antes de um terremoto.
No caso do tremor em Áquila, Grant não soube determinar o que teria causado as mudanças na ionosfera. Mas, segundo ela, os resultados da pesquisa sugerem que os sapos são capazes de detectar alguma alteração antes dos sismos.
“Nossas descobertas sugerem que os sapos são capazes de detectar pistas pré-sísmicas como a emissão de gases e partículas carregadas, e usar essas pistas como uma forma de sistema de alerta precoce de terremotos”, afirmou a bióloga.
É difícil realizar trabalhos científicos para apurar como os animais respondem a atividades sismológicas, em parte porque terremotos são raros e imprevisíveis.
Alguns estudos se concentraram no comportamento de animais domésticos, mas é mais difícil avaliar a resposta de animais selvagens. Além disso, o prazo para se avaliar uma reação também pode ser muito curto. Peixes, roedores e cobras tendem a mudar de comportamento muito pouco tempo antes de um terremoto.

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