domingo, 13 de março de 2016

Qual a diferença entre teoria e lei? Por que a seleção natural de Darwin é teoria?

Qual a diferença entre teoria e lei? Por que a seleção natural de Darwin é teoria?

Confira a resposta para a questão enviada pelo leitor Emanuel Artiaga de Santiago Silva, de Belém (PA), na seção O leitor pergunta publicada na CH 333.
Por: Luiz Fernando Jardim Bento
Publicado em 04/03/2016 | Atualizado em 04/03/2016

Descritos por Darwin, tentilhões de Galápagos foram fundamentais para estabelecer relação entre processo de especiação e seleção natural. (imagem: domínio público/Wikimedia)

Em uma conversa com amigos podemos levantar uma teoria sobre os motivos da nossa grande derrota para a alemanha na última copa do mundo de futebol, sobre os rumos da crise econômica e outros infinitos temas relevantes. Seriam essas teorias válidas? Claro que sim! Mas não são teorias científicas. Na ciência, chamamos de teoria o que é fortemente embasado por diversas pesquisas feitas de forma independente por cientistas ao longo do tempo. Não é um mero palpite de mesa de bar. Além disso, uma teoria científica não chega à maturidade depois de fazer 18 anos e se transforma em lei.
Enquanto as teorias científicas explicam fenômenos da natureza, as leis são descrições generalistas desses fenômenos
Teoria não é uma versão menos confiável que uma lei, longe disso. Enquanto as teorias científicas explicam fenômenos da natureza, as leis são descrições generalistas desses fenômenos. São termos bem diferentes! Por exemplo, a evolução é uma teoria. Mas não é uma teoria qualquer. Segundo o biólogo alemão Ernst mayr (1904­2005), a evolução é uma teoria que se transformou em um fato devido à imensa quantidade de evidências que a suportam. É um fato, assim  como o fato de a Terra circular ao redor do Sol. Uma das suas mais importantes forças propulsoras é a teoria da seleção natural.
Enquanto podemos considerar a evolução como o fato de que o mundo não é constante e de que os organismos são transformados ao longo do tempo, a teoria da seleção  natural seria o mecanismo que explica, em grande parte, como essas constantes e graduais transformações ocorrem. As evidências de que a seleção natural é real e de extrema importância para a evolução biológica são incontáveis e de diversas áreas do conhecimento, desde históricas (registro fóssil) até experimentais (como descrito em bactérias e peixes). Então, podemos afirmar que sim, a seleção natural é uma teoria científica, e isso não diminui sua importância e seu embasamento científico. Bem diferente daquelas teorias que inventamos todos os dias...
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Luiz Fernando Jardim Bento
Museu Ciência e Vida
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro


A biorremediação pode ser eficaz no rio Doce?


A biorremediação pode ser eficaz no rio Doce?

Procedimento que utiliza organismos naturalmente existentes para degradar substâncias tóxicas seria insuficiente diante de tragédia ambiental, diz especialista na seção O leitor pergunta da CH 333.
Por: Jean Remy Davee Guimarães
Publicado em 10/03/2016 | Atualizado em 10/03/2016


Vista parcial do rio Doce na cidade mineira de Governador Valadares. Segundo informações preliminares, pH da lama que contaminou o rio é extremamente alcalino. (foto: Wikimedia CC BY 3.0)


Segundo a EPA, a Agência de Proteção Ambiental norte-­americana, a biorremediação designa tratamentos que usam organismos naturalmente existentes no ambiente para degradar substâncias tóxicas em substâncias não tóxicas ou menos tóxicas. Parece muito virtuoso e esperto; mas, se uma indústria libera toneladas de rejeitos tóxicos  no ambiente, poderá não fazer absolutamente nada e argumentar que está fazendo um tratamento de biorremediação, isto é, permitindo que as bactérias naturalmente presentes no ambiente degradem o rejeito em questão. O processo poderá levar séculos e não degradar mais que uma fração do rejeito, ou, inclusive, transformar o rejeito em algo mais tóxico do que era originalmente, dependendo do tipo e da forma química dos poluentes presentes no rejeito.
Uma opção menos preguiçosa, barata e conveniente seria, por exemplo, isolar bactérias resistentes aos poluentes, que sejam também capazes de degradá-­los, cultivá-­las e reintroduzi-­las no ambiente contaminado, na esperança de que se comportem, naquele ambiente, do mesmo modo que no laboratório, o que nem sempre é o caso. Mas, sendo o caso ou não, é sempre positivo para a imagem das empresas poluidoras: afinal, estão tentando fazer algo e ainda usando técnicas ‘ecológicas’.
Plantas terrestres e aquáticas – como o aguapé – também podem ser úteis na biorremediação, extraindo metais e outros poluentes do solo ou da água. Isso, no entanto, só muda o problema de lugar, e resta decidir o que fazer com o aguapé contaminado: não pode ser consumido ou enterrado. Se contiver apenas metais como poluentes, pode ser queimado, mas as cinzas resultantes deverão ser segregadas  para evitar que os metais em questão voltem a circular pela biosfera. Convém lembrar o ensinamento do químico francês Antoine de Lavoisier: a matéria não se cria nem se perde, só muda de lugar e de estado físico-­químico.
O aguapé poderá talvez ajudar a melhorar algo da qualidade da água do rio, mas será absolutamente inútil para remover, e muito menos detoxificar, os 60 milhões de toneladas de rejeito sólido que a catástrofe despejou no rio Doce
No caso especifico da catástrofe ambiental do rio Doce, o volume de rejeitos que vazou equivale a um cubo de 391 m de lado. Informações preliminares indicam que o pH (grau de acidez) da lama seria 13; portanto, extremamente alcalino. Isso ilustra bem uma das limitações da biorremediação: não só é muito lenta e incerta como também só pode ser empregada se o material a biorremediar tem condições mínimas de abrigar alguma forma de vida – o que é duvidoso no caso dos rejeitos de mineração que praticamente colmataram a calha do rio Doce.
O aguapé poderá talvez ajudar a melhorar algo da qualidade da água do rio, mas será absolutamente inútil para remover, e muito menos detoxificar, os 60 milhões de toneladas de rejeito sólido que a catástrofe despejou no rio Doce e que, por sua quantidade e espessura, ficarão inacessíveis a plantas e outros organismos por tempos que podem ser geológicos de tão longos. Para a sociedade como um todo, prevenir é sempre mais vantajoso do que remediar. Para as empresas de mineração, nem sempre.
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Jean Remy Davee Guimarães 
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Câncer de mama na mira

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Câncer de mama na mira

Publicado em 12/03/2016

Na semana da mulher, CH Online conversa com pesquisadora da Unicamp sobre pesquisa que pode levar a biossensor para detecção de marcador presente em um quarto dos casos da doença.

Dispositivo desenvolvido na Unicamp pode detectar tumor de câncer de mama antes do surgimento de nódulos. (foto: Khuloud T. Al-Jamal e Izzat Suffian/Wellcome Images/CC BY 2.0)

Com o tamanho de uma moeda de cinquenta centavos, um dispositivo em fase de testes pode representar uma esperança considerável para a detecção precoce de alguns tipos de câncer de mama. Composto por um tipo de transistor à base de grafeno, o biossensor pode detectar em poucos minutos a presença de uma proteína que indica tumores mamários em pré-desenvolvimento, antes do surgimento de qualquer nódulo. 
Segundo a pesquisadora responsável pela pesquisa, a química Cecília de Carvalho Castro e Silva, do Instituto de Química da Universidade de Campinas (Unicamp), a proteína HER2, detectada pelo biossensor, está presente em cerca de 25% dos casos de câncer de mama. "Seria possível fazer uma predição do desenvolvimento do tumor de mama no estágio 0, no qual a quantidade de células cancerosas é relativamente pequena e concentrada”, explica a pesquisadora. “Assim, a mulher poderia ter um sinal de alerta para iniciar exames clínicos mais aprofundados e um tratamento precoce”, acredita Silva, que desenvolveu o dispositivo durante o doutorado sob a orientação do químico Lauro Tatsuo Kubota.
O dispositivo foi concebido a partir de pesquisas que apontaram a eficiência da proteína como um marcador para a doença. “Diversos estudos anteriores indicaram que o monitoramento no aumento do HER2 pode proporcionar um diagnóstico entre dois a nove meses antes dos sinais clínicos”. Para criar o biossensor, a pesquisadora fabricou um transistor de efeito de campo à base de grafeno. “Substituímos o silício pelo grafeno, o que trouxe uma sensibilidade elevada ao dispositivo”, relata Silva. Os anticorpos específicos para a interação com o biomarcador HER-2 são imobilizados na superfície do grafeno e, toda vez que a proteína se liga a estes anticorpos, há uma mudança na corrente do biossensor. “Assim podemos fazer uma relação com a concentração de HER-2 na amostra”, detalha a pesquisadora.
O biossensor projetado é tão sensível que pode detectar até 500 fentogramas (10-12) de HER2 por mililitro de sangue. De acordo com Silva, a concentração de uma paciente saudável seria de 12 nanogramas por mililitro, podendo evoluir para 15 nanogramas em pacientes de risco nas quais o HER2 atue como um marcador tumoral do câncer de mama. 

Diagnóstico com uma gota de sangue

O dispositivo ainda não foi testado em humanos, mas a expectativa é de que o diagnóstico possa ser realizado com apenas uma gota de sangue. Entre as etapas necessárias para transformar a tecnologia em realidade, segundo Silva, estão o desenvolvimento de dispositivos que permitam o monitoramento de mulheres em tempo real, como baterias biocompatíveis e miniaturizadas e um sistema de comunicação para o envio dos resultados. “No momento, nossa meta é conseguir realizar os testes clínicos e etapas de validação para comprovar a eficácia do sensor”, diz Silva. 0
Além do câncer de mama, a pesquisadora explica que o dispositivo poderia ser adaptado para o diagnóstico de outras doenças que possuam biomarcadores semelhantes
Além do câncer de mama, a pesquisadora explica que o dispositivo poderia ser adaptado para o diagnóstico de outras doenças que possuam biomarcadores semelhantes. “Podemos apenas mudar o anticorpo específico de reconhecimento e aplica-lo para a detecção de biomarcadores para tipos de câncer de ovário, próstata, pulmão ou até mesmo pacientes com risco de sofrer um infarto”, diz Silva.
Segundo a biofísica Eliana Abdelhay, que trabalha com marcadores biológicos do câncer de mama no Instituto Nacional do Câncer (Inca), a possibilidade de diagnósticos precoces e não invasivos é a maior contribuição do estudo. “A pesquisa demonstrou que os biomarcadores do câncer podem ser identificados em quantidades muito pequenas no sangue periférico das pacientes propiciando um diagnóstico não invasivo”, avalia. O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres de todo o mundo, com 8,2 milhões de mortes anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Graças ao potencial da pesquisa, Silva, de 28 anos, foi eleita como uma das 30 personalidades brasileiras promissoras com menos de 30 anos segundo uma pesquisa da Forbes Brasil. Por coincidência, o reconhecimento veio pouco antes do Dia Internacional da Mulher. Para Silva, uma oportunidade a mais para discutir a participação feminina na ciência brasileira. “Nosso pais tem inúmeras mulheres produzindo ciência de excelente qualidade, porém elas precisam ser vistas e apoiadas de forma igual”, aponta.
Simone Evangelista
Especial para a CH Online

Kika : DILEMAS DA GESTAÇÃO



DILEMAS DA GESTAÇÃO

Surto faz quatro países da América Latina recomendarem evitar gravidez






CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Com o aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil, governos de quatro países da América Latina e do Caribe (Colômbia, El Salvador, Equador e Jamaica), onde o vírus da zika já circula, passaram a recomendar que se evite engravidar.
O Brasil, no entanto, não adota a mesma orientação. Em novembro, Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, chegou a aconselhar as mulheres a não engravidar, mas o ministério divulgou nota logo depois negando a recomendação.
A pasta diz que "a gravidez é uma decisão pessoal" e que não adotará nenhuma medida de controle de natalidade.
Engravidar ou não é só uma das questões que enfrentam mulheres atualmente diante do avanço do vírus da zika (veja quadro com perguntas e respostas abaixo). A posição do governo divide especialistas.
"É um absurdo. Já passou da hora de o ministério fazer essa recomendação [não engravidar]. As mulheres que estão engravidando neste momento estão desesperadas", diz o médico Artur Timerman.
Infectologista, ele conta que, em uma semana, atendeu no consultório 14 gestantes preocupadas com a zika. "Vão ficar com esse fantasma rondando até o sexto mês de gravidez [quando a microcefalia aparece no ultrassom]."
Já o também infectologista Esper Kallas, professor da USP, afirma que não cabe ao governo decidir se a mulher deve ou não engravidar. "É preciso fornecer informações para que ela tome a decisão."
Ele pondera, por exemplo, que não adianta recomendar ou não a gravidez com base nos casos atuais de microcefalia, já que, quando aparecem, eles são uma fotografia do que ocorreu meses antes.
"É mais útil mapear a circulação do vírus em tempo real e alertar a população para os cuidados", diz ele.
A tendência entre os especialistas, porém, é orientar mulheres jovens a adiar a gravidez. "Para quem tem até 30 anos, não vai mudar esperar dois ou três meses até sabermos como vão evoluir esses casos de microcefalia", diz o obstetra Renato Kalil, do Hospital Albert Einstein.
"Se não precisa engravidar agora, é melhor esperar um pouco", reforça o ginecologista César Fernandes, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. "Mas é complicado dizer isso às que estão no fim da vida reprodutiva."
Para as já grávidas, as principais recomendações são evitar áreas de infestação do Aedes, usar repelente, roupas leves e compridas, e instalar telas em portas e janelas.
"Todo o cuidado tem que ser tomado para evitar a exposição ao mosquito e a infecção pelo zika. Como a maioria dos casos [80%] é assintomática, muitas mulheres nem saberão se foram ou não infectadas", diz o obstetra Adolfo Liao, coordenador materno-infantil do Einstein.
As que manifestam sintomas podem recorrer a testes. O mais acessível, de biologia molecular, só funciona nos primeiros dias de infecção. O outro, que busca anticorpos do zika, custa R$ 900 em média e só está disponível em alguns laboratórios privados.
Após confirmada a zika, porém, não há o que fazer. Além de não existir remédio para curar a infecção, ainda não se sabe qual o risco real de o bebê desenvolver microcefalia.
No Nordeste do país, as alterações cerebrais dos fetos têm aparecido só por volta da 28ª semana de gestação.
"Fazendo um acompanhamento [com ultrassom] mais frequente, podemos identificar alterações mais cedo", afirma o obstetra Thomaz Gollop, professor da USP.
Já o obstetra Manoel Sarno, especialista em medicina fetal e que já acompanhou 80 casos de microcefalia associados à zika na Bahia, diz que será "improvável" o diagnóstico antes da 20ª semana.
Por isso, mulheres com diagnóstico de zika no início da gravidez têm recorrido ao aborto ilegal antes de saber se o feto tem microcefalia. Nessa fase há poucos riscos para a mulher. Quando a microcefalia é detectada, é mais difícil interromper a gravidez: é preciso causar a morte do feto, por meio de uma injeção no coração, para, depois, induzir o parto.
PERGUNTA E RESPOSTAS
1 - Estou grávida, e agora?
Procure um obstetra e faça um pré-natal com ao menos seis consultas. Para evitar o Aedes, elimine criadouros, vista roupas compridas e meias, instale telas em portas e janelas e use repelente. O mais indicado é o que tem icaridina (Exposis), pois dura até 10 horas
2 - Adianta eu me mudar para um lugar mais frio?
O risco diminui um pouco porque, em tese, há menos circulação de mosquitos. Mas saiba que o Aedes tem se adaptado a temperaturas mais baixas
3 - Como descubro se estou com zika?
A maioria dos casos é assintomática, mas, às vezes, o vírus pode causar dor de cabeça e nas articulações, vermelhidão e dor atrás dos olhos, febre baixa por 3 a 7 dias, vômitos, manchas vermelhas e coceira. O teste mais usado, o de biologia molecular, só funciona nos 5 ou 6 primeiros dias de infecção, quando o vírus ainda circula no sangue. Depois é indicado um exame que busca anticorpos de zika. Disponível na rede privada, custa em média R$ 900
4 - Se eu contrair o zika, qual é o risco de o bebê ter microcefalia?
Ainda não se sabe qual o percentual de gestantes com zika que acabam por ter filhos com microcefalia
5 - Qual é o período da gravidez com maior risco?
A suspeita é que o risco de microcefalia seja maior nos primeiros 3 meses. A possibilidade parece existir também, em menor grau, quando a zika é adquirida no 2º trimestre. A partir do 3º, o risco é baixo, pois o feto está formado
6 - Se eu tiver zika antes da gravidez, também corro o risco?
Ainda não se sabe se as mulheres que tiveram zika antes da gravidez adquirem imunidade e, portanto, não têm risco de passar o vírus para o feto. Mais estudos terão que ser feitos para se definir o intervalo seguro entre a infecção e a gravidez
7- Qual exame devo fazer para detectar a má-formação no bebê?
A microcefalia é diagnosticada na gravidez pelo ultrassom morfológico, exame que serve para medir o tamanho do crânio e avaliar as estruturas cerebrais e outros órgãos
8 - Quando é possível saber se o bebê tem ou não microcefalia?
Não há consenso sobre o prazo. Segundo os médicos, é recomendável que se faça o exame morfológico por volta da 22ª semana de gravidez. Se a mulher apresenta sintomas de zika, no entanto, o ideal é que se faça o ultrassom já a partir da 12ª semana mensalmente
9 - Por que eu não consigo saber mais cedo, no 1º trimestre de gestação?
Entre outros motivos, porque leva tempo entre a gestante ser infectada pelo vírus e ele causar danos no cérebro do bebê
10 - Encontrarei juízes dispostos a autorizar o aborto legal ou o chamado "terapêutico"?
Provavelmente, não. A vasta maioria dos casos de microcefalia não é incompatível com a vida, mesmo com as graves lesões cerebrais. Para autorizar o aborto, é preciso que três médicos atestem a impossibilidade de o bebê viver fora do útero
11 - Até quando posso abortar sem risco para a minha saúde?
Até a 14ª semana há menos risco de sangramento, embora nessa fase não seja possível saber se o feto tem ou não microcefalia. Mas a prática é ilegal
12 - Vou encontrar médicos dispostos a fazer um aborto clandestino?
Provavelmente sim, porque já existem relatos de abortos tanto no início da gestação (antes de confirmar a microcefalia) quanto depois da 20ª semana. Nesses casos, porém, tanto a mulher como o médico correm risco de detenção

Aedes aegypti

Saiba mais sobre o mosquito transmissor de várias doenças: de onde ele veio, como se reproduz e os principais sintomas


Zika



O que é o vírus zika?
É um vírus da família dos flavivirus, a mesma da dengue e da febre amarela. Foi isolado pela primeira vez em 1947 em primatas de Uganda, na floresta Zika. Por esse motivo tem essa denominação
Como é transmitido?
Nas cidades, principalmente por meio do Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a chikungunya
Quais os sintomas?
Mais de 80% dos casos são assintomáticos, mas alguns dos sintomas que podem aparecer são febre e vermelhidão (veja infográfico), que geralmente desaparecem depois de 3 a 7 dias
O vírus zika também pode causar outros sintomas mais graves?
Em adultos, é possível que o zika cause a síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica rara e paralisante. Há relato de casos após o contato com o vírus, mas a relação ainda não foi comprovada
O Aedes pode transmitir mais de um tipo de vírus na mesma picada?
Em tese sim, mas isso ainda não foi observado. Por outro lado, já houve o relato de uma coinfecção em um paciente de zika com dengue
Devo evitar viajar a lugares onde o zika circula?
Por ora, entidades como OMS (Organização Mundial da Saúde), OMT (Organização Mundial do Turismo) e o Ministério da Saúde brasileiro não fizeram alertas para que se não viaje a lugares com presença do vírus. Mas todas recomendam uso de repelentes, roupas que protegem o corpo e preservativos (há suspeita de transmissão sexual da doença), além da ventilação de ambientes e instalação de telas e mosquiteiros. Nos EUA, o CDC (agência de saúde local) recomendou a grávidas adiarem suas viagens
Quais são as regiões com mais casos da doença?
Hoje, o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, está presente no mundo inteiro, embora haja uma maior ocorrência de zika nas Américas Central e do Sul (destaque para a Colômbia e Brasil, especialmente na região Nordeste. O mosquito costuma transitar mais em ambientes urbanos, onde há grande quantidade de pessoas e uma série de criadouros -em regiões afastadas, o risco é menor
http://temas.folha.uol.com.br/aedes/tire-suas-duvidas/zika.shtml

Viagem

Quais são as recomendações de viagens para as gestantes?
Especialistas ouvidos pela Folha aconselham que os turistas se informem sobre a condição epidemiológica do destino. No caso de mulheres grávidas, a recomendação é adiar a viagem, por causa da suposta ligação do vírus à microcefalia em bebês. A gestante deve consultar seu médico sobre medidas de prevenção e acompanhamento adicionais antes, durante e depois da viagem
Se a companhia se recusar a me ressarcir, a quem eu devo recorrer?
O Idec aconselha que o consumidor procure os órgãos de defesa do consumidor. Apesar de ainda não ter um posicionamento oficial sobre a obrigatoriedade de reembolso das empresas, o Procon afirma que estará à disposição dos consumidores e trabalhará para buscar, em cada caso, um acordo entre as partes
As companhias aéreas só reembolsam a viagem se eu estiver grávida?
Em geral, sim. Elas podem exigir uma declaração médica em que constem as semanas da gestação para fazer o cancelamento.
O que fazer se eu sentir sintomas durante a viagem?
O risco mais imediato da doença é a febre alta, que pode levar a convulsões. Médicos recomendam procurar um serviço de saúde imediatamente no caso de febre acima de 38ºC

sábado, 12 de março de 2016

ANO INTERNACIONAL DO ENTENDIMENTO GLOBAL – 2016

ANO INTERNACIONAL DO ENTENDIMENTO GLOBAL – 2016



APRESENTAÇÃO:
A Missão da UNESCO consiste em contribuir para a consolidação da paz, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural através da educação, das ciências, da cultura, da comunicação e da informação. Educar para a Cidadania Global pressupõe: - alcançar a educação de qualidade para todos e a aprendizagem permanente ao longo de toda a vida; mobilizar o conhecimento científico e as políticas relativas à Ciência com vistas ao desenvolvimento sustentável; enfrentar e resolver os novos problemas éticos e sociais; construir sociedades do conhecimento inclusivas e integradoras com o apoio da informação e da comunicação.
O Ano Internacional do Entendimento Global tem a finalidade de proporcionar uma compreensão profunda da maneira com que os povos devem conviver para garantir a sustentabilidade.

I.    Introdução

1.          Entendimento Global pressupõem o "refletir a partir de uma perspectiva mundial e intervir no plano local". Para alcançar a sustentabilidade do planeta e propiciar a governança e a transparência, devemos reduzir a defasagem de conhecimentos sobre as ações locais, por um lado, e por outro, seus efeitos mundiais. Esta é, em definição, a meta de um programa destinado a promover o Entendimento Global.

2.          A humanidade encontra-se, hoje em dia, diante de situações sem precedentes: o que está em jogo é o clima mundial, os ecossistemas, a biodiversidade, a ordem econômica e o bem estar sociocultural. Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio está se tornando cada vez mais difícil, considerando que os mais vulneráveis já arcaram com a maior parte do peso dos efeitos do status quo.  

3.          As investigações sobre a mudança ambiental mundial lançaram resultados científicos inequívocos sobre os processos do sistema terrestre que raras vezes se traduzem em políticas eficazes. Devemos aprofundar nosso conhecimento dos contextos socioculturais, melhorar a aceitação social e cultural dos conhecimentos científicos e encontrar vias diferenciadas em função das culturas para alcançar a sustentabilidade mundial.

4.          Uma autêntica investigação interdisciplinar é, na atualidade, uma necessidade de primeira ordem. Para que se faça realidade, é preciso superar a dicotomia estabelecida entre as ciências exatas e naturais e as ciências sociais. Os conhecimentos nessas esferas devem se integrar com formas de conhecimento não científicos e não exclusivamente ocidentais para construir um marco de competências de caráter mundial.

5.          É imperativo preencher a brecha entre os problemas mundiais e os comportamentos e a adoção de decisões nacionais, regionais e locais. Algumas soluções eficazes que se fundem em decisões e medidas desde a base devem complementar as medidas que se adotem a partir de ambas.

II.   Fundamento e Objetivos de um Ano Internacional do Entendimento Global

6.          O Ano Internacional do Entendimento Global

     criará, em nível mundial, um entendimento e uma consciência integral da tradição natural e cultural de toda ação humana;

     contribuirá para modificar os hábitos nocivos para o meio ambiente mediante a elaboração de modelos de práticas alternativas exemplares, cotidianas e essenciais, diferenciados segundo as culturas;

     promoverá a tomada de consciência da capacidade e das responsabilidades individuais relativas as decisões cotidianas;

     encorajará cientistas das ciências sociais, exatas e naturais, assim como estudiosos das humanidades, a participarem de investigações transdisciplinares sobre a sustentabilidade;

     produzirá módulos didáticos sobre diretrizes de estudos que se aplicarão a todos os níveis de ensino e educação;

    servirá de catalizador para a cooperação transdisciplinar nas práticas sociais e melhorará a transferência de conhecimentos científicos diferenciados de acordo com as  culturas.

7.          Uma vez que as sociedades e as culturas determinam a forma como vivemos, e modelam nosso entorno natural, o Ano Internacional do Entendimento Global tratará da nossa maneira de viver em um mundo cada vez mais globalizado e da transformação da natureza a partir da perspectiva da sustentabilidade mundial.

8.          O Ano Internacional do Entendimento Global centra-se nas práticas cotidianas habituais para demostrar a dupla raiz global da biofísica local e das condições de vida socioculturais. É necessidade imperiosa estender pontes entre esses dos âmbitos das práticas cotidianas.

9.          O Ano Internacional do Entendimento Global visa fornecer uma compreensão profunda, ainda que prática, da maneira com que todos os povos podem conviver de forma mais sustentável. A ênfase será na elaboração de estratégias para projetos locais específicos que tenham visibilidade de alcance mundial.

10.       Os objetivos do Ano Internacional do Entendimento Global compreendem 3 (três) Elementos Fundamentais: a investigação, a educação e a formação.

·       A investigação reunirá pesquisadores das Ciências Sociais, Ciências Exatas e Naturais para alcançar uma melhor compreensão dos efeitos mundiais das atividades cotidianas locais.
·       A educação aproveitará os resultados das pesquisas em todos os níveis, nas salas de aulas espalhadas pelo mundo inteiro.
·       A informação será proporcionada em cooperação com grandes associados do setor privado para fomentar a sensibilização do público, por exemplo, por meio da imprensa escrita, jogos de computadores, redes sociais, plataformas de Internet (www.global-understanding.info) e programas de televisão.


III.   Coordenação do Ano Internacional do Entendimento Global

11.       Lidera esta iniciativa a União Geográfica Internacional (UGI), que tem um alcance realmente mundial com seus 57 membros nacionais de pleno direito e seus 40 membros nacionais associados que têm a condição de observadores. Em sua Assembleia Geral celebrada em agosto de 2012, em Colônia, os presidentes dos comitês nacionais e o Comitê Executivo da UGI aprovaram, por unanimidade, a iniciativa desta última com a intenção que as Nações Unidas proclamassem 2016 Ano internacional do Entendimento Global. Esta iniciativa que conta com o pleno respaldo do Conselho internacional para a Ciência (ICSU), do Conselho Internacional de Ciências Sociais (CICS), do Conselho Internacional de filosofia e Ciências Humanas (CIPSH) e do Programa Internacional sobre as Dimensões Humanas da Mudança Ambiental Mundial (IHDP), deveria fazer parte da iniciativa Future Earth copatrocinada pelo ICSU, CICS, UNESCO, PNUMA, ONU e Fórum Belmont.

12.           Os objetivos do Ano Internacional do Entendimento Global complementaram a iniciativa Future Earth conclamando as Ciências Sociais, Ciências Naturais e Exatas, assim como as Ciências Humanas a participar nas pesquisas sobre a sustentabilidade, o que aumentará as oportunidades de que tanto os cidadãos como os responsáveis pela adoção de decisões beneficiem-se das novas conclusões e orientações e as tomem como referência. Além disso, do Ano Internacional  colocará a Ciência e a Tecnologia a serviço do desenvolvimento sustentável, apoiará a prioridade África da UNESCO e contribuirá com a realização dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.

13.   A UGI e aqueles que propõem o Ano internacional do Entendimento Mundial cooperarão com a UNESCO para destacar a função da Cultura, das Ciências Sociais, Exatas e Naturais na realização da sustentabilidade mundial por meios diferenciados, em função das culturas, com o objetivo de responder às necessidades da sociedade e apoiar as configurações geográficas adaptadas às novas realidades da era digital. A UGI se ocupará da coordenação e da comunicação em relação as atividades do Ano Internacional. Estas atividades serão planejadas pelas sociedades geográficas nacionais, pelos ministérios de educação, ciência e tecnologia, pelas instituições educacionais e pelas organizações não governamentais e governamentais. Todas estas atividades serão coordenadas por centros de ação regional e pela Secretaria Geral, situada em Jana (Alemanha).

14.       O Ano Internacional do Entendimento Global pode inspirar-se nos programas da UNESCO em matéria de educação para a mudança climática e estará em plena consonância com eles assim como os esforços da Organização em matéria de educação para o desenvolvimento sustentável, cuja finalidade é dotar as pessoas dos meios para prever, fazer frente e resolver os problemas que ameaçam nosso futuro. O Ano propiciará que uma ampla gama de cidadãos de todo o mundo tomem consciência de que a maioria das atividades cotidianas tem uma dupla raiz global, natural e social, que estabelece um nexo entre o local e o mundial.

15.       A UNESCO desempenhou uma função essencial na proclamação da celebração do Ano Internacional do Planeta Terra, do Ano Internacional da Astronomia e do Ano Internacional da Química. Por intermédio do seu Conselho Executivo e de sua Conferência Geral, a UNESCO terá um importante papel a desempenhar para que as Nações Unidas proclamem o Ano Internacional do Entendimento Global.

IV.     Conclusão

16.       As Nações Unidas só podem proclamar Anos Internacionais durante os períodos de sessões de sua Assembleia Geral e se for pedido por pelo menos um de seus Estados Membros. Ruanda encabeça esta iniciativa, na expectativa de que um grande número de Estados Membros das Nações Unidas a apoiará.

17.       Um Ano Internacional do Entendimento Global apoiará e promoverá a liderança mundial da UNESCO no fortalecimento das capacidades científicas e tecnológicas a serviço do Desenvolvimento Sustentável.


Decisão proposta

18. A luz do que foi exposto, o Conselho Executivo poderia adotar uma decisão do seguinte teor:

O Conselho Executivo,

1.          Reconhecendo que a sustentabilidade mundial baseia-se numa compreensão mundial de nossas atividades cotidianas;

2.          Assinalando que o ensino da geografia para o entendimento mundial é essencial para fazer frente a desafios como a mudança climática e a mudança social em nível mundial, para proporcionar fontes sustentáveis de água potável, alimentos e energia e para preservar um entorno para as futuras gerações;

3.          Considerando que o entendimento global contribui para reduzir os riscos de conflitos regionais e, por isso, contribui para promover a paz nos planos local, nacional e mundial;

4.          Consciente de que o ano 2016 oferecerá a possibilidade de destacar a necessidade da colaboração científica internacional e transdisciplinar para conseguir a sustentabilidade mundial,

5.          Havendo examinado o documento 192 EX/39;

6.          Congratula-se que a União Geográfica Internacional (UGI) em seu Congresso Internacional e sua Assembleia Geral de 2012, com o apoio dos conselhos Executivos do Conselho Internacional para a Ciência, do Conselho Internacional de Ciências Sociais e do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas, haja aprovado unanimemente a iniciativa de proclamar 2016 Ano Internacional do Entendimento Global e tenha-se decidido liderar a coordenação e a promoção de atividades nacionais e regionais relacionadas com a geografia em todo o mundo;

7.          Convida a Diretora Geral a apoiar todos os esforços encaminhados a que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclame 2016 Ano Internacional do Entendimento Mundial;

8.          Recomenda que a Conferência Geral na sua 37ª reunião aprove uma resolução a respeito.
Conselho Executivo
192 EX/39
192a reunião




                       

PROCLAMAÇÃO DE 2016, ANO INTERNACIONAL DO ENTENDIMENTO GLOBAL




PEA-UNESCO-Curitiba/2015