sábado, 31 de julho de 2010

Acidentes com animais peçonhentos crescem no Brasil

Acidentes com animais peçonhentos crescem quase 33% em seis anos no Brasil

Escorpiões e serpentes lideram o ranking, com 68 mil casos em 2009; 309 pessoas morreram após picadas

29 de julho de 2010 | 14h 58
 
estadão.com.br
SÃO PAULO - Uma análise de dados do Ministério da Saúde revela que, nos últimos seis anos, o número de acidentes com animais peçonhentos cresceu 32,7%, em todo o Brasil. Em 2003, foram 68.219 notificações, contra 90.558 em 2009. No ano passado, os escorpiões lideraram o ranking, com 45.721 acidentes, seguidos pelas serpentes, com 22.763. Aranhas e lagartas foram responsáveis por 18.687 e 3.387 notificações, respectivamente.

Marcio Fernandes/AE
 Aranhas foram responsáveis por 18.687 casos em 2009


Dados preliminares indicam, ainda, que acidentes com esses animais foram responsáveis por 309 mortes no Brasil em 2009. Os animais peçonhentos são aqueles que possuem veneno e são capazes de injetá-lo por meio de dentes ou ferrões. Dependendo da espécie do animal, os acidentes podem até levar à morte, caso a pessoa não seja socorrida e tratada adequadamente com soro específico.
Em geral, as serpentes são os animais peçonhentos mais conhecidos e temidos. No entanto, animais menores - como escorpiões, aranhas e lagartas - podem ser tão letais quanto as serpentes venenosas. Para se prevenir, Daniel Sifuentes, responsável pela Área Técnica de Animais Peçonhentos da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, explica que a melhor maneira de evitar um acidente é conhecer os animais e os hábitos deles, principalmente nas grandes cidades.
A partir disso, a adoção de algumas medidas simples pode impedir o contato ou os acidentes com animais peçonhentos. "A maioria das pessoas não conhece os animais e, quando ocorre o contato, não dá o devido valor para o evento, por não achar grave. Mas, se ocorrer algum acidente com esse tipo de animal, é importante procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo", recomenda Sifuentes.


Diferenças regionais
As chuvas, em geral, também fazem aumentar o número de acidentes com animais peçonhentos. Uma das hipóteses é que, com os alagamentos, esses animais são obrigados a sair de seus esconderijos naturais, principalmente no caso de serpentes e lagartas.
No entanto, como a estação chuvosa varia entre as regiões, os meses de maior incidência de casos também são diferentes em cada localidade. "Na Região Nordeste, por exemplo, os acidentes com serpente estão concentrados nos meses de abril a julho, que este ano coincidiu com o período das enchentes", explica Sifuentes.
Capacitação
Em 2009, o Ministério da Saúde realizou cursos de capacitação técnica nos quatro Estados com maior incidência de acidentes com escorpiões: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Paraná.
Também houve capacitações no Pará, que apresenta espécies diferentes do restante do País. Este ano, a área técnica distribuiu às secretarias estaduais da Saúde 100 mil cartazes com orientações sobre educação ambiental e prevenção de acidentes com escorpiões.
Conheça abaixo os hábitos dos principais animais peçonhentos e o que pode ser feito para evitar acidentes:
Escorpiões
Os escorpiões injetam veneno por meio de um ferrão localizado na ponta da cauda. Apenas em 2009, esse animal foi responsável por 47.815 casos e 103 óbitos no Brasil. Os escorpiões se escondem perto das casas, em terrenos baldios, velhas construções, entulhos, pilhas de madeira e lenha, tijolos, mato e lixo.
Também são encontrados em saídas de esgoto, ralos e caixas de gordura da pia das casas. Como se alimentam principalmente de baratas, é importante combater o aparecimento delas, que são atrativos para os escorpiões.
Em geral, o animal ferroa as pessoas nas mãos ou nos pés. Embora a picada provoque dor intensa, a recuperação em adultos costuma ser fácil. Porém, crianças podem apresentar manifestações graves, como náuseas e vômitos, alteração da pressão sanguínea, agitação e falta de ar.
Dicas para evitar acidentes
- Verifique cuidadosamente calçados, roupas, toalhas e roupas de cama antes de usá-los;
- Evite lençóis que toquem o chão;
- Limpe periodicamente ralos de banheiro, cozinha e caixas de gordura;
- Mantenha camas e berços afastados, no mínimo, 10 cm da parede;
- Feche frestas em paredes, móveis e rodapés para que não sirvam de esconderijo aos escorpiões;
- Não acumule lixo, entulho ou resto de obra nos quintais e jardins;
- Coloque o lixo em sacos plásticos fechados para evitar baratas e outros insetos;
- Mude periodicamente de lugar materiais de construção sem uso e lembre-se de proteger as mãos com luvas;
- Evite queimar terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões e outros animais;
- Inseticidas e outros produtos não são eficazes contra escorpiões e podem gerar mais risco de acidente;
- É importante preservar os predadores naturais dos escorpiões, como corujas, macacos, sapos, galinhas e gansos.
Serpentes
Foram os animais peçonhentos responsáveis pelo maior número de mortes no ano passado: 106 no total. A maior parte dos acidentes (80%) ocorre por picadas nos pés e nas pernas. "Se essas partes do corpo estiverem protegidas com botas e perneiras rígidas, durante a atividade rural ou jardinagem, a chance de acidente cai para 20%", explica Daniel Sifuentes.
Para evitar acidentes, é importante não acumular entulhos, lixo orgânico e materiais de construção e limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de 1 a 2 metros junto ao muro ou cercas perto de casa.
O principal alimento das serpentes são os roedores, que vivem próximo ao homem em busca de alimento fácil. "Ao eliminar a fonte de alimento das serpentes, principalmente os ratos, você afasta grande parte dos acidentes em casa", explica o coordenador.
O soro antiofídico é o único tratamento eficaz em caso de envenenamento por serpentes. Quando indicado, deve ser dado ao paciente em unidades de saúde, sob supervisão médica.
Além disso, é preciso conhecer os efeitos clínicos dos venenos para indicar o tipo correto e a quantidade de soro adequada a cada caso. "Não perca tempo passando álcool ou outra substância, pois não vão neutralizar o veneno. Lave rapidamente o local da picada com água e sabão e procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima".
Diferentes sintomas
As reações do organismo humano variam de acordo com o tipo de serpente. Por isso, no caso dos profissionais de saúde, é importante ficar atento aos diferentes sinais e sintomas. Nos acidentes com jararaca, por exemplo, o local da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos pontos da picada, além de sangramentos em gengivas, pele e urina.
Na picada de cascavel, o local não apresenta lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento, mas o paciente tem dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores musculares e urina escura.
Aranhas
Muitas espécies de aranhas vivem próximo e até mesmo dentro de casa, favorecendo a ocorrência de acidentes. Em 2009, foram registrados 24.153 picadas e 22 óbitos. Os sintomas apresentados variam conforme a espécie.
A picada da aranha-armadeira causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis. No caso da aranha marrom, a picada é pouco dolorosa e costuma surgir uma lesão endurecida e escura, podendo evoluir para uma ferida com necrose, de difícil cicatrização. O acidente por viúva-negra apresenta dor pungente no local, contrações musculares, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
Primeiros socorros
- Lave o local da picada com água e sabão;
- Não faça torniquete ou garrote, não fure, não corte, não queime, não esprema, não faça sucção nem aplique substâncias no local da ferida para não causar infecções;
- Não dê aguardente, querosene ou fumo à vítima, como é costume em algumas regiões;
- Leve a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado;
- Dependendo dos sintomas, algumas medidas podem aliviar a dor, como compressas mornas (acidentes por aranha-armadeira e viúva-negra) até o atendimento ao médico.
Como evitar
Bata colchões antes de usá-los e sacuda cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis. Limpe o interior e arredores da casa usando luvas, botas e calças compridas. Nunca coloque as mãos em buracos ou frestas.
Lagartas
Em 2009, ocorreram 4.089 acidentes com lagartas e 5 pessoas morreram. Embora existam diferentes espécies na natureza, as do gênero Lonomia são as que têm maior relevância para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves e até óbitos, pela inoculação do veneno no organismo, o que se dá por meio do contato das cerdas do animal com a pele humana. São as chamadas lagartas "espinhudas".
Os acidentes graves com esse tipo de lagarta ocorrem quando o indivíduo toca o animal, por exemplo, ao encostar em troncos de árvores. A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da 'queimadura' para outras regiões do corpo.
No caso da Lonomia, algumas vezes aparecem complicações, como sangramento na gengiva e aparecimento de sangue na urina. O acidente pode levar, ainda, à insuficiência renal e necrose da pele. Nos casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo para avaliar a necessidade de tomar soro.
Como evitar
Ao colher frutas, praticar jardinagem ou durante qualquer outra atividade em ambientes silvestres, observar com cuidado as superfícies antes de encostar nelas. Observar, também, troncos, folhas e gravetos antes de manuseá-los, sempre usando luvas.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,acidentes-com-animais-peconhentos-crescem-quase-33-em-seis-anos-no-brasil,587718,0.htm

terça-feira, 27 de julho de 2010

Direito de todo mortal a um dia de fúria

27/07/2010 - 13h57

Controle emocional pode elevar nível de tensão, prejudicando a saúde física e mental

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A sensação de calor percorre o corpo, o coração dispara, a mente fica confusa: ataque de raiva a caminho.
Manter esse tipo de emoção sob controle é visto como sinal de equilíbrio. Mas novos estudos apontam que evitar a explosão pode fazer mal, tornando a pessoa mais tensa e fechada.

Marcelo Justo/Folhapress
Na contramão do tão valorizado "controle emocional", especialistas defendem direito de todo mortal a um dia de fúria

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, entrevistaram jovens que estavam entrando na faculdade. Concluíram que os que receberam maiores notas por suprimir emoções tinham mais dificuldade para fazer amigos.
Em outro estudo, pessoas instruídas a demonstrar indiferença ao comentar um documentário sobre bombardeios não conseguiam disfarçar a tensão nas conversas. De acordo com o estudo, as pessoas desenvolvem estratégias para controlar o que expressam, e essas técnicas se tornam subconscientes.
Não esconder a raiva pode até ajudar no desenvolvimento profissional, dizem os pesquisadores. Só uma explosão pode ser capaz de demonstrar, em alguns casos, o quanto se foi ofendido.
"Às vezes, é preciso mostrar o grau de absurdo de uma situação reagindo com espanto. Mostrar que se está perdendo o controle é um caminho para o outro perceber que limites foram invadidos", diz a psicóloga e psicoterapeuta Suely Mizumoto.
Não significa transformar o "rodar a baiana" em padrão. "É preciso usar a tonalidade emocional certa para se fazer entender: o importante não é o que é dito, mas como é dito", afirma Mizumoto.
Fazer uso constante dos mecanismos de controle emocional eleva o nível de tensão, que se manifesta em dores, estresse ou são base de doenças psicossomáticas.
"Sempre que não damos vazão às emoções e sentimentos, não temos vida plena. Há um colapso -e o termo é esse mesmo- do nosso equilíbrio", afirma Elko Perissinotti, coordenador do grupo de resiliência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A pessoa vai aos poucos se descaracterizando, por não lidar com conflitos e nunca discordar, diz Mizumoto. "O indivíduo pode chegar à depressão, fica triste com ele mesmo ao não revidar."
Qualquer posicionamento pode, por vezes, ser experimentado como oposição. "Isso obriga aquela pessoa que sente muita necessidade de se sentir aceita, a estar em constante posição de uma concordância aparente. Torna-se falsa para si mesma."
Às vezes, o ataque de fúria é desproporcional à situação que o causou porque foi alimentado por fatos anteriores, acumulados.
A auxiliar administrativa Marisa Massetti, 52, diz que prefere explodir a engolir sapo. "Até os 30, não era assim. Com o passar dos anos e os problemas que surgiram, aprendi a me defender."
Ela diz que procura sempre expor seu ponto de vista e conversar, mas, se for preciso, "arma um barraco".
"Reprimir a raiva causa um mal danado", afirma Vera Martins, mestre em comunicação e especialista em medicina comportamental.
Segundo ela, a pior forma de manejar emoções negativas é engolindo sapos. A reação ideal é a assertiva, que pode ser atrapalhada pelo medo. Medo de magoar os outros, criar conflitos, perder o emprego, por exemplo.
O trabalho é o ambiente mais fértil para que a explosão germine. "É o local onde a pessoa se sente mais ameaçada, cobrada", diz Vera, que dá consultoria de desenvolvimento em empresas.
A consultora fez uma pesquisa com 220 funcionários e detectou que 48% reagem de maneira defensiva: ou engolem sapos, ou são agressivos ou são dissimulados. "O problema é tomar decisões sob o efeito exclusivo da raiva, a pessoa se torna vulnerável."
Um estudo de Harvard mostra que a raiva pode ser benéfica para a carreira. Os empregados que não hesitam em defender seus pontos de vista são respeitados e lembrados para promoções.
Mas o resultado só é positivo se houver assertividade: acesso descontrolado de fúria não tem o mesmo efeito.
Editoria de Arte/Folhapress

FÚRIA CALCULADA
A modelo gaúcha Aline Garcia, 20, diz que não se deixa intimidar pelas pressões do mundo da moda. "O cliente fala o que ele espera de um trabalho, mas eu sempre digo o que eu penso", afirma.
"É preciso se expressar, sim, mas não se deve ficar calculando as reações. À medida que vamos ganhando maturidade, mais automatizada estará a expressão dos sentimentos", diz o psiquiatra Perissinotti, do HC.
O ser humano fica mais capacitado a controlar seus impulsos e suprimir suas emoções à medida que cresce.
Crianças usam as mãos para esconder um sorriso, mas um adulto consegue disfarçar suas expressões.
Também é possível escolher as emoções, prestando atenção a um elogio e ignorando uma crítica. Estudo da Universidade de Brandeis descobriu que pessoas com mais de 55 anos têm mais facilidade do que jovens para focar imagens positivas quando estão de mau humor.
Perissinotti diz que quanto maior a percepção da realidade, maior a flexibilidade para lidar com confrontos.
"Todas as pessoas buscam independência, liberdade e felicidade, mas é preciso se conformar com uma pequena cota de cada; quem não se dá conta de que as três condições não existem em plenitude acaba se decepcionando."
 http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/773340-controle-emocional-pode-elevar-nivel-de-tensao-prejudicando-a-saude-fisica-e-mental.shtml

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O primeiro transplante de rosto total do mundo

26/07/2010 - 11h39

Paciente que teve primeiro transplante total de rosto do mundo recebe alta

DA FRANCE PRESSE

Oscar, o paciente que teve o rosto transplantado no Hospital Vall d'Hebron de Barcelona em março passado, recebeu alta nesta segunda-feira e expressou seu agradecimento à equipe médica, que o apresentou à imprensa.
Trata-se do primeiro transplante total de rosto do mundo, segundo destacou Pilar Solans, diretor assistente do estabelecimento, que iniciou a coletiva de imprensa onde Oscar foi apresentado, assim como os resultados de uma operação que precisou de 30 profissionais e durou 24 horas.

 David Ramos/AP
 Oscar, paciente que teve primeiro transplante total de rosto do mundo, recebe alta médica, na Espanha 

David Ramos/AP
 Oscar expressou seu agradecimento à equipe médica, que o apresentou à imprensa

David Ramos/AP
 Trata-se do primeiro transplante total de rosto do mundo, segundo destacou Pilar Solans, diretor assistente do estabelecimento

David Ramos/AP
O receptor do rosto é um jovem rapaz que não teve informações pessoais divulgadas para preservar sua intimidade

David Ramos/AP
Ante a imprensa, a rigidez temporária de seu novo rosto contrastava com a vitalidade de seus olhos, que iam de um lado para o outro sem acreditar na quantidade de jornalistas presentes e disparando flashes

Marta Pérez/Efe
 Durante os quatro meses em que esteve internado, a evolução do paciente foi favorável, embora o mais complicado tenha sido controlar uma rejeição ao transplante

 David Ramos/AP
 Oscar sofria de uma deformidade grave no rosto causada por um traumatismo resultante de um acidente, que o impedia de respirar pelo nariz e pela boca, e dificultava muito deglutir e fala

 

O receptor do rosto é um jovem rapaz que não teve informações pessoais divulgadas para preservar sua intimidade. Ante a imprensa, a rigidez temporária de seu novo rosto contrastava com a vitalidade de seus olhos, que iam de um lado para o outro sem acreditar na quantidade de jornalistas presentes e disparando flashes.
Durante os quatro meses em que esteve internado, a evolução do paciente foi favorável, embora o mais complicado tenha sido controlar uma rejeição ao transplante, conforme explicou Joan Pere Barret, o chefe do serviço de cirurgia plástica e recuperadora do hospital.
"Concretamente, ele sofreu duas rejeições agudas: uma na quarta semana e outra entre o segundo e o terceiro mês. Também sofreu algumas complicações que foram sendo resolvidas, como uma trombose venosa dupla três dias depois da cirurgia", explicou.
Oscar sofria de uma deformidade grave no rosto causada por um traumatismo resultante de um acidente, que o impedia de respirar pelo nariz e pela boca, e dificultava muito deglutir e falar.
Uma equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Vall d'Hebron transplantou "toda a pele e músculos dos rosto, pálpebras, nariz, lábios, maxilar superior, todos os dentes, paladar, ossos dos pômulos e da mandíbula, utilizando técnicas de cirurgia plástica e microcirurgia reparadora vasculonervosa", detalhou Barret.
O paciente, que com muita dificuldade agradeceu à família e aos médicos, já pode beber líquidos, está seguindo uma dieta pastosa e começou a falar há dois meses.
Também ganhou sensibilidade em grande parte de seu novo rosto e está recuperando de maneira parcial a mobilidade da musculatura, embora ainda não feche de todo os olhos ou a boca, explicou Barret.
Oscar deverá seguir controles clínicos e sessões de fisioterapia, logopedia e terapia facial até que recupere totalmente a mobilidade do rosto. A previsão é que faça isso durante os 12 ou 18 meses posteriores à operação.
A irmã do paciente transmitiu da parte de Oscar suas sensações e expectativas, como a alegria de poder caminhar pelas ruas normalmente, sem que as pessoas fiquem olhando para ele o tempo todo, e também sentar-se à mesa e desfrutar disso com amigos e familiares.
Segundo explicou ela, Oscar aceitou seu novo rosto e tanto ele quanto a família reconheceram traços anteriores.
Do ponto de vista psicológico, os profissionais asseguram que Oscar está preparado para voltar para casa.
O hospital recordou que no mundo foram realizados 13 transplantes de rosto: seis na França, três no Estado espanhol, dois nos Estados Unidos, um na China e um no Egito, mas insistiu que o de Oscar "é o primeiro transplante total de rosto no mundo".
O hospital explicou ainda que, uma vez concluída a coletiva de imprensa, nenhum detalhe a mais será divulgado aos meios de comunicação para preservar a intimidade de Oscar.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/772702-paciente-que-teve-primeiro-transplante-total-de-rosto-do-mundo-recebe-alta.shtml

Droga para obesidade é eficaz em ratos

Remédio contra obesidade sem efeitos colaterais é eficaz em ratos

Droga reduziu gordura e açúçar no sangue das cobaias e é uma versão melhorada do Acomplia

26 de julho de 2010 | 15h 50
 
Reuters
CHICAGO - Um remédio semelhante ao Acomplia, droga da farmacêutica Sanofi-Aventis tida como promessa na redução de peso, ajudou ratos obesos a perder peso e diminuir o açúcar e as gorduras no sangue, sem causar efeitos colaterais psicológicos, disseram pesquisadores americanos nesta segunda-feira, 26.
Como o Acomplia, a droga mira os receptores canabinoides, ativados após o consumo de substâncias como a maconha, mas a equipe fez com que o composto atravessasse o cérebro dos ratos, reduzindo o risco de depressão, ansiedade e outros problemas neurológicos observados no Acomplia.
Apesar de os ratos obesos não perderem tanto peso com esse novo composto, ele foi tão eficaz quanto o Acomplia na redução de alterações metabólicas ligadas à obesidade, segundo divulgaram pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) e da Universidade Northeastern, em Boston, no Journal of Clinical Investigation.
"Ele causa perda de peso menor que o outro composto, o que não é o único problema da obesidade", disse por telefone o Dr. George Kunos, do NIH, em Bethesda, Maryland.
A obesidade se tornou uma epidemia nos Estados Unidos, levando a um enorme aumento da diabete e a uma série de problemas de saúde relacionados. Mas muitas drogas potenciais para perda de peso falharam ou foram suspensas por questões de segurança.
Acomplia teve de ser retirado do mercado depois que foi ligado a várias mortes e centenas de reações adversas na Grã-Bretanha. A droga, conhecida genericamente como rimonabant, nunca foi aprovada nos Estados Unidos, após um painel de peritos rejeitá-la em meio a temores de que poderia causar pensamentos suicidas.

 Reuters

Remédio sem reações diminui gordura e açúçar

 Rimonabant tem como alvo a proteína CB1R, mesma molécula que controla os efeitos da maconha. CB1R está presente no cérebro, em órgãos como fígado e pâncreas, e nos tecidos adiposos.
Kunos e Alexandros Makriyannis, da Universidade Northeastern, testaram uma droga mais seletiva que bloqueia o CB1R apenas em órgãos periféricos, mas não consegue entrar no cérebro.
Os pesquisadores constataram que os ratos que ficaram gordos por comer demais perderam 12% da gordura corporal com essa nova fórmula, em comparação com 21% nos ratos que tinham tomado Rimonabant.
Mas Kunos disse que os outros efeitos - redução de gorduras no sangue que podem causar doenças cardíacas e diminuição do açúcar no sangue, que pode desenvolver o risco de diabete - foram sobre os mesmos com as novas e as antigas drogas.
Kunos afirmou que a droga não teve efeito sobre ratos mutantes que haviam sido obesos, porque eles não tinham o hormônio de supressão do apetite leptina.
"Ratos e humanos obesos perdem a sensibilidade à leptina. Esse medicamento restaura a sensibilidade", disse Kuns.
Segundo ele, o próximo passo é fazer testes para ver se a droga é tóxica em seres humanos. Eventualmente, a esperança é que o medicamento seja testado como um novo tratamento antiobesidade. 

Estudo desvenda veneno de jararaca

Estudo desvenda ação do veneno de jararaca no local da picada

Pela primeira vez, cientistas observaram toxina da cobra agindo nos vasos sanguíneos

26 de julho de 2010 | 16h 00
 
Carlos Orsi, do estadao.com.br
Além do efeito tóxico que atinge o corpo todo e é combatido pelo soro antiofídico, o veneno das cobras botrópicas, a família das jararacas, tem uma ação específica no local da picada que pode causar inflamação, hemorragia e, em alguns casos, levar à necrose e à amputação da parte atingida. Pesquisa encabeçada por cientistas brasileiros mostra que uma proteína envolvida no efeito local, a jararagina, acumula-se junto aos vasos sanguíneos, danificando-os e precipitando a hemorragia. Essa descoberta pode apontar o caminho para novos tratamentos.


documento Mechanisms of Vascular Damage by Hemorrhagic Snake Venom (íntegra do estudo)


A jararagina já havia sido isolada em 1991, explica a principal autora do trabalho, Cristiani Baldo, do  Laboratório de Imunopatologia, Instituto Butantã. Mas só agora seu mecanismo de ação foi observado e comprovado. "Injetamos a proteína, marcada, em camundongos e vimos que ela se localiza bem perto do vaso sanguíneo, e degrada o vaso", disse.
Uma possibilidade de tratamento aberta pelo estudo, publicado no site PLoS Neglected Tropical Diseases, seria o uso, em combinação com o soro antiofídico, de inibidores de metaloproteinase, a classe de proteínas a que a jararagina pertence.
"Mas é preciso estudar qual o inibidor mais adequado, ver se os inibidores não teriam um efeito ruim na saúde", alerta a pesquisadora. "Tudo começa na pesquisa básica, mas para chegar a um tratamento são necessários mais estudos, num processo de anos".

Filipe Araújo/AE
 Pela 1ª vez, cientistas observam toxina no sangue

 Dados do Ministério da Saúde dão conta de que, no Brasil, em 2008, ocorreram cerca de 26.900 acidentes envolvendo cobras venenosas, sendo mais de 70% deles com cobras da família das jararacas. Das picadas de jararaca, sequelas relacionadas a complicações locais, como as causadas pela jararagina, aparecem em 10% dos casos.
Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 5 milhões de pessoas sofram picadas de cobra a cada ano, com 2,5 milhões de envenenamentos. O total estimado de mortes é de 100.000, e o de amputações e outras complicações causadas pelas picadas chega a 300.000.
  

sábado, 24 de julho de 2010

Quatro espécies de polvos são descobertas na Antártida

Quatro espécies de polvos são descobertas na Antártida

Adelieledone polymorpha e Megaleledone selebos têm veneno anticongelamento para se proteger

22 de julho de 2010 | 11h 39
 
  Fotos: Reuters/University of Melbourne
 
O polvo Adelieledone polymorpha (acima) é uma das quatro novas espécies que os pesquisadores descobriram na Antártida. Os animais têm veneno anticongelamento que funcionam a temperaturas negativas, uma prova de adaptação ao ambiente.
O achado ocorreu durante expedicção de seis meses ao continente em 2007 e saiu na revista científica 'Toxicon'. Os pesquisadores querem analisar o veneno para ver se ele pode ser usado no desenvolvimento de remédios.
Os polvos abrem pequenos buracos em presas maiores e, por meio deles, injetam a saliva tóxica.
 
A imagem acima é da espécie Megaleledone selebos, também recém-encontrada na Antártida.
  

Caçador e presa: predadores em ação

Caçador e presa: Fotografia de alta velocidade mostra predadores em ação

Fotógrafo canadense captura momentos que não são percebidos pelo olho humano

23 de julho de 2010 | 9h 33

Scott Linstead
Imagem congela camaleão atacando presa. Fotos: Scott Linstead

O fotógrafo de vida selvagem canadense Scott Linstead capturou uma série de animais e insetos em ação, mostrando em detalhes cenas praticamente impossíveis de serem vistas a olho nu.
Usando fotografia de alta velocidade, em que a foto é tirada em milésimos de segundos, Linstead mostra animais no momento de um bote, batendo asas, e até a polinização de uma flor por uma abelha. É possível se ver o pólen se desprendendo das patas do inseto.

Scott Linstead
 Em um lago da Finlândia, Scott registrou o momento exatao em que a águia-marinha pesca o salmão

O canadense de 33 anos começou a fotografar animais como amador em 2004 e desde 2008 trabalha exclusivamente como fotógrafo de vida selvagem.
Esta série de imagens foi tirada ao longo de dois anos. Algumas delas em estúdio, outras ao ar livre, com uma câmera de alta velocidade e sem tripé.
Para captar o momento crucial, Linstead usou um dispositivo conhecido como Phototrap, um disparador de alta velocidade que interage com o flash e a câmera.

Scott Linstead
As fotos são tiradas em milésimos de segundos. Esta coruja foi fotografada no Canadá

 Ele atua quando um objeto passa por um espaço demarcado em frente à câmera.
"Usando o phototrap consigo fotografar o inimaginavelmente rápido", diz Linstead. "Consigo superar a limitação do tempo de reação humana. É preciso muita paciência para fotografar fenômenos que ocorrem uma vez ao dia, sem horário marcado."
O fotógrafo explica que a maioria de suas fotos são iluminadas por flash, por causa da alta velocidade necessária para "congelar" o momento na imagem.

Scott Linstead
  Trabalhando em estúdio, o fotógrafo sobrepôs várias imagens do sapo em pleno salto

Algumas fotos foram montadas em poucas horas, enquanto outras, levaram dias.
Linstead conta que a situação mais frustrante é quando falta apenas uma das variáveis essenciais, tendo-se todas as outras em conjunção. Segundo ele isso põe todo o processo a perder.

Scott Linstead
 O marsupial petauro-do-açúcar foi fotografado em uma loja de animais


"Isso pode ser tão simples como um curioso que esteja olhando e venha perguntar alguma coisa, assustando o objeto da fotografia. Em parte, foi o que me levou a fotografar em estúdio."
Para ele, a maior recompensa é quando a foto conseguida tem o que chama de impacto universal - quando uma fotografia de vida selvagem consegue uma reação unânime do público, independentemente de onde eles vivem e quem eles sejam.

Scott Linstead
 É possível ver os grãos de pólen caindo dos pés da abelha prestes a pousar na flor

 http://www.estadao.com.br/noticias/geral,cacador-e-presa-fotografia-de-alta-velocidade-mostra-predadores-em-acao,585116,0.htm



quinta-feira, 22 de julho de 2010

China luta para conter vazamento de petróleo

China luta para manter vazamento de petróleo longe de águas internacionais

Greenpeace avalia se derramamento é pior que o divulgado; bactéria que come óleo é usada na limpeza

20 de julho de 2010 | 15h 30
 
PEQUIM - A China se esforça para manter um derramamento de óleo longe de águas internacionais nesta terça-feira, 20. O grupo ambientalista Greenpeace tenta avaliar se o maior derramamento já comunicado pelo país é pior do que foi divulgado.  
O vice-prefeito da cidade de Dalian, Dai Yulin, disse que 40 barcos de controle de óleo entrariam em ação nesta terça à noite, juntamente com centenas de barcos de pesca.
Uma bactéria que come petróleo também está sendo utilizada na limpeza. "Nossa prioridade é recolher o óleo derramado no prazo de cinco dias para reduzir a possibilidade de contaminação de águas internacionais", disse.
Não ficou claro a que distância da Coreia do Norte ocorreu o vazamento.
O óleo cru começou a surgir no Mar Amarelo por um movimentado porto do nordeste do país, depois que um gasoduto explodiu no final da semana passada, provocando um grande incêndio durante 15 horas. O governo diz que a mancha tem se espalhado por um trecho de 180 quilômetros quadrados no oceano.

Jiang He/AP
Mancha de óleo se espalha por 180 km² no oceano

Imagens de chamas de até 30 metros de altura perto de reservas estratégicas de petróleo da China chamaram a atenção do presidente Hu Jintao e de outros líderes. O desafio agora é a limpeza da camada gordurosa no litoral de Dalian, uma vez eleita a cidade mais habitável da China.
O Greenpeace China divulgou várias fotografias no local do incidente nesta terça, antes de a equipe ser forçada a deixar o local. Eles mostraram petróleo em praias rochosas, um homem coberto de petróleo e trabalhadores carregando um colega também envolto por óleo. O estado de saúde dele é desconhecido.
Ativistas disseram que é muito cedo para afirmar o impacto que a poluição pode ter sobre a vida marinha.
Apesar do incidente, o Festival Internacional de Cultura Praiana de Dalian, que atrai milhares de turistas todos os anos, começou no último fim de semana. A agência estatal Xinhua News disse que as águas em torno da praia não tinham sido afetadas pelo vazamento.
Autoridades informaram à Xinhua que ainda não sabem quanto petróleo vazou, mas a emissora China Central Television disse que nenhum foco de poluição - incluindo petróleo e produtos químicos de combate a incêndios - entrou no mar nesta terça.
O porto de Dalian é o segundo maior de importação de petróleo bruto, e o vazamento da semana passada parece ser o maior do país nos últimos anos.
A mídia chinesa continua a falar sobre a explosão e a limpeza do óleo, apesar de o governo ser conhecido por censurar informações quando se trata de temas sensíveis.
A Agência Internacional de Energia disse nesta terça que a China já ultrapassou os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de energia, usando o equivalente a 2,252 bilhões de toneladas de petróleo no ano passado. A China questionou o cálculo. 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Terapia precoce de Aids diminui risco de morte

19/07/2010 - 11h16

Terapia precoce de Aids com coquetel antiviral diminui risco de morte

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CLÁUDIA COLLUCCI

O tratamento precoce com o coquetel antiviral reduz em 75% o risco de morte de pacientes com HIV. Também cai em 50% o diagnóstico de novos casos de tuberculose, doença que mais mata os soropositivos brasileiros.
A conclusão é de um estudo controlado inédito publicado no "New England Journal of Medicine". No Brasil, 43% dos soropositivos iniciam a terapia tardiamente- quando a contagem das células de defesa do organismo (CD4) está muito baixa.
O nível de CD4 e o teste de carga viral (que mede quantidade de HIV no sangue) são os exames mais usados para decidir o início da terapia com os antirretrovirais, que inibem a reprodução do HIV.
O recente estudo, feito no Haiti, endossa o que outros trabalhos observacionais já tinham constatado: para reduzir as mortes, a terapia deve ser iniciada com o CD4 menor que 350 células por milímetro cúbico de sangue.
Em abril, o Brasil passou a adotar esse critério, a exemplo do que fazem os países europeus. Antes, a terapia era indicada quando o CD4 estava próximo a 200. Nos EUA, preconiza-se o tratamento ainda mais precoce, com o CD4 abaixo de 500 ou tão logo a pessoa descubra ser soropositiva.
DEFESA BAIXA
O principal problema no país, porém, é o diagnóstico tardio. Cerca de 630 mil brasileiros são portadores do vírus HIV, mas 255 mil ainda não sabem disso, segundo o Ministério da Saúde.
"As pessoas já chegam doentes ou com CD4 baixíssimo nos serviços. Temos os medicamentos, temos uma recomendação atualizada à luz dos estudos mais recentes, mas uma grande parte dos pacientes não se beneficia disso", diz Mário Scheffer, presidente do Grupo Pela Vidda-SP e membro do grupo de consenso terapêutico de Aids do Ministério da Saúde.
Segundo ele, há dois fatores que levam ao atraso no diagnóstico: a testagem anti-HIV é falha e a cobertura do teste rápido para a detecção do vírus ainda é "medíocre".
O infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, explica que a maioria dos pacientes descobre o HIV quando procura o serviço de saúde em razão de outra doença (neurotoxoplasmose e tuberculose, por exemplo) ou, no caso das mulheres, de gravidez.
"Os médicos precisam ter a cultura de solicitar o teste de HIV aos pacientes. E são necessárias mais campanhas para alertar a população sobre a importância da testagem", afirma Rosenthal.
ANTECIPAÇÃO
Mudanças na antecipação do tratamento anti-HIV são sempre vistas com cautela. Como a infecção por HIV é uma doença crônica incurável, é preciso levar em conta os riscos de toxicidade, as falhas na adesão e a resistência do vírus às drogas.
"Embora alguns países desenvolvidos indiquem [a terapia] abaixo de 500, entendemos que, para a nossa realidade, está correto o critério de CD4 abaixo de 350 e carga viral acima de 10 mil para início da terapia", diz o médico.
No trabalho no Haiti, os pesquisadores avaliaram 816 soropositivos assintomáticos, com CD4 de 280 por milímetro cúbico de sangue. Metade do grupo iniciou o tratamento duas semanas após o diagnóstico e a outra metade teve de esperar a contagem de CD4 chegar a 200.
O estudo durou 21 meses e teve de ser interrompido por razões éticas óbvias: o adiamento da terapia havia quadruplicado o risco de morte no grupo que demorou mais para iniciar o tratamento.

Editoria de Arte/Folhapress
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/768996-terapia-precoce-de-aids-com-coquetel-antiviral-diminui-risco-de-morte.shtml

sexta-feira, 16 de julho de 2010

BP consegue tampar vazamento de óleo

15/07/2010 - 18h18

Pela primeira vez desde abril, BP consegue tampar vazamento de óleo

O óleo que vaza no golfo do México desde abril foi contido nesta quinta (15) pela primeira vez, informa a petrolífera BP. É o maior avanço registrado nos esforços de contenção do vazamento, o pior da história dos Estados Unidos.
Agora a empresa deve avaliar se a tampa colocada sobre o poço, que vaza a 1.500 metros de profundidade, resistirá à pressão do óleo. Engenheiros da empresa irão monitorar a pressão por 48 horas antes de retirar a tampa provisória enquanto decidem sobre os próximos passos.

Efe
Tampa de contenção colocada sobre poço que vaza a 1.500 metros de profundidade no golfo do México; pela primeira vez desde o início do desastre, aparato conseguiu conter óleo

O uso da tampa é apenas uma estratégia temporária de contenção, já que a solução definitiva deve vir da perfuração de dois poços de alívio, cuja conclusão é esperada para meados de agosto.
A torneira de óleo foi fechada pela primeira vez 85 dias, 16 horas e 25 minutos após o primeiro registro no dia 20 de abril de uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, que matou 11 funcionários e deu início ao vazamento.
O vice-presidente da BP, Kent Wells, disse que o óleo parou de fluir nesta tarde com o fechamento de três válvulas na tampa de 75 toneladas. "Estou muito feliz que não há mais óleo jorrando no golfo do México", disse Wells.
O governo federal estima que entre 94 e 185 milhões de litros de óleo tenham sido derramados no golfo do México.
REPERCUSSÃO
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que se trata de uma boa notícia. No entanto, Obama completou que o fechamento do poço é apenas temporário.
Hoje cedo o almirante da Guarda Costeira, Thad Allen, também havia dito que a medida é apenas temporária e que a BP ainda precisa completar os poços de alívio.
A operação realizada hoje ocorreu após dois dias de atraso. Nesse período a BP consertou um vazamento que os engenheiros da empresa descobriram na quarta à noite.
Uma das preocupações era justamente checar se o poço estava danificado, o que poderia espalhar óleo por baixo do leito do mar ao redor do poço em vez de canalizá-lo pelo poço.
Allen disse que, apesar de temporário, o fechamento do poço pode ajudar não só a reter o óleo, mas também a facilitar a retirada da equipe da BP em caso de furacões. "Caso a tampa consiga resistir às pressões e caso o poço permaneça intacto, teremos a possibilidade de abandonar o local em caso de furacões."
TESTE
Nas próximas horas, a petrolífera deve realizar testes no aparato. O teste envolve o fechamento de várias válvulas a fim de aumentar a pressão no poço.
Allen comparou o processo a colocar o dedão sobre a ponta de uma mangueira de jardim. Se a pressão não aumentar com o fechamento das válvulas, isso significa que há um vazamento em algum lugar. Se a pressão aumentar, isso significa que o poço está intacto.
 http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/767552-pela-primeira-vez-desde-abril-bp-consegue-tampar-vazamento-de-oleo.shtml

domingo, 11 de julho de 2010

Quem usa Viagra tem mais risco de DSTs

Homens mais velhos que usam Viagra têm maior risco de contrair DSTs

 

Crescimento de divórcios, melhoria da saúde masculina e sexo sem prevenção seriam as causas

06 de julho de 2010 | 17h 05
Reuters
WASHINGTON - Estudo publicado no Annals of Internal Medicine mostra que homens mais velhos que usam remédios contra impotência sexual, como o Viagra, tem duas vezes mais risco de contrair Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) em comparação com os que não usam esses medicamentos.


Quem usa Viagra tem mais risco de DSTs
Estudo mostra que os mais velhos não se previnem

Em ambos os grupos, porém, os números têm aumentado. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, havia mais de seis novos casos de DSTs a cada 10 mil homens acima de 40 anos em 2008, quase 50% a mais que em 1996.
"Adultos mais jovens têm mais doenças sexualmente transmissíveis que os mais velhos, mas as taxas estão crescendo muito entre os mais velhos", disse Anupam B. Jena, do Massachusetts General Hospital, em Boston, que conduziu o estudo.
Embora as razões para esse crescimento não estão bem compreendidas, o maior número de divórcios e a melhoria da saúde masculina podem ter ajudado a aumentar o vigor e a atividade sexual entre os homens mais velhos.
O problema, porém, é que os adultos mais velhos parecem abrir mão do sexo seguro. Por exemplo, segundo os pesquisadores, homens na faixa dos 50 anos têm seis vezes menos probabilidade de usar preservativo que os jovens de 20 anos.
"As pessoas normalmente estão desacostumadas a praticar sexo seguro acima dos 50, porque o risco de gravidez é eliminada", afirmou Jena.
Para testar se a introdução do Viagra, em 1998, pode explicar alguns dos picos de DST, Jena e os colegas examinaram registros de mais de 1,4 milhão de homens americanos acima dos 40 anos. A idade média no estudo foi de aproximadamente 60 anos.
A DST mais comum encontrada pelo estudo foi o vírus HIV, seguido por clamídia, sífilis e gonorreia.
Entre a baixa porcentagem de homens que tinham prescrições de medicamentos contra disfunção erétil, mais de dois a cada mil tinham sido tratados de alguma DST no ano anterior ao qual começaram a tomar o remédio.
Um ano depois, o número caiu pela metade, o que sugere que o Viagra e seus "primos" químicos não estimularam doenças sexualmente transmissíveis.
No entanto, o risco de contrair uma DST se revelou por ser mais que o dobro em homens que tomam medicamentos para disfunção erétil em comparação com aqueles que não o fizeram.
"Esses usuários têm um perfil de risco sexual diferente dos não-usuários", disse Jena, acrescentando que os dados não revelam uma boa explicação para isso.
Em um editorial, o dr. Thomas Fekete, da Temple University School of Medicine, na Filadélfia, constatou que teria sido útil saber mais sobre a frequência dos encontros sexuais, parceiros e orientação desses homens.
Ele acrescentou que estratégias de prevenção devem ainda ser dirigidas aos grupos etários mais jovens, cujo risco de DST é pelo menos 10 vezes superior do que em adultos de meia-idade e idosos.
Ainda assim, os autores da pesquisa lembram que "os homens com mais de 40 anos permanecem sexualmente ativos, mesmo se precisar de ajuda química para fazê-lo. Esse estudo também serve como um lembrete de que o sexo após os 40 anos não é necessariamente seguro".
Jena recomendou que os médicos tirem alguns minutos para discutir sexo seguro com homens mais velhos quando prescreverem o Viagra.
 http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,homens-mais-velhos-que-usam-viagra-tem-maior-risco-de-contrair-dsts,577293,0.htm

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Anticorpos capazes de neutralizar 90% dos tipo de HIV

Descobertos anticorpos capazes de neutralizar 90% das variedades de HIV

 

Estruturas podem dar origem a tratamentos novos e inspirar criação de vacinas


08 de julho de 2010 | 15h 10
 A estrutura do anticorpo VRC01, em verde e azul, ligando-se ao HIV, em cinza e vermelho. Divulgação
 Cientistas descobriram dois anticorpos capazes de impedir, em condições de laboratório, que mais de 90% das cepas conhecidas do vírus causador da aids, o HIV, invadam células humanas. Os pesquisadores também foram capazes de demonstrar como um desses anticorpos obtém o efeito.


O trabalho, descrito na edição desta semana da revista Science, pode inspirar o desenvolvimento de vacinas contra a aids. Os anticorpos também poderiam ser desenvolvidos como uma forma de tratamento da doença, acreditam os autores da descoberta, cientistas ligados ao governo dos Estados Unidos.
"Estou mais otimista sobre uma vacina de aids neste momento do que provavelmente já estive nos últimos dez anos", disse o principal autor do estudo, Gary Nabel.
O médico Anthony S. Fauci, diretor do NIAD, órgão do governo americano dedicado ao estudo de alergias e doenças infecciosas, refere-se à descoberta dos anticorpos e à determinação do método de ação de um deles como "avanços excitantes". "Além disso, a técnica usada para descobrir esses anticorpos representa uma nova estratégia que pode ser aplicada na criação de vacinas para muitas outras doenças", afirma, em nota.
Os anticorpos descobertos, chamados  VRC01 e VRC02, foram encontrados no sangue de um paciente infectado com o HIV e que não desenvolveu a doença.

A detecção foi feita com base numa nova técnica, que utiliza uma proteína modificada do HIV para localizar anticorpos específicos para a parte do vírus que se liga à célula infectada. 
Os cientistas determinaram que o VRC01 e o VRC02 neutralizam mais cepas do HIV, e com maior eficiência, que anticorpos para o vírus testados anteriormente.
Descobrir anticorpos capazes de neutralizar cepas do HIV originárias de qualquer parte do mundo tem sido um desafio, porque o vírus muda continuamente a estrutura de proteínas em sua superfície. Isso dificulta o reconhecimento do invasor pelo sistema imunológico. E, como consequência dessas mudanças, um número enorme de versões do vírus existe no mundo.
Mesmo assim, cientistas identificaram algumas poucas áreas na superfície do HIV que se mantêm praticamente constantes em todas as versões. Uma dessas áreas, localizada nos "espinhos" usados pelo HIV para se ligar a células do sistema imunológico e infectá-las, é chamada de local de ligação CD4.
Os anticorpos VRC01 e VRC02 bloqueiam a infecção pelo HIV ligando-se a esse local, evitando que o vírus consiga usar o "espinho" para se agarrar às células imunológicas.
A aids infecta cerca de 33 milhões de pessoas no globo, de acordo com a agência da ONU para a doença, a Unaids. Já matou 25 milhões desde que a pandemia teve início, nos anos 80, e não há atualmente uma vacina ou cura, embora seja possível controlar a infecção com drogas.

(com Reuters)
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,descobertos-anticorpos-capazes-de-neutralizar-90-das-variedades-de-hiv,578429,0.htm 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cápsula de maconha trata pacientes com fobia social

07/07/2010 - 10h18

Cápsula de maconha trata pacientes com fobia social

JULLIANE SILVEIRA
DE SÃO PAULO

Uma substância extraída da maconha ajuda a tratar pacientes com fobia social. É o que mostram dois estudos inéditos da USP de Ribeirão Preto com pacientes que ingeriram cápsulas de canabidiol, um dos 400 compostos encontrados na erva.


Em um dos trabalhos, dez pacientes foram avaliados por imagens do cérebro: após o consumo do remédio, as áreas cerebrais que são hiperativadas nos doentes tiveram atividade reduzida.
Isso indica que a substância pode atuar diretamente na região e minimizar os sintomas desse tipo de fobia.
A outra pesquisa analisou os níveis de ansiedade de 36 pessoas que tiveram de falar em público -uma das situações mais complicadas para quem tem o transtorno.
Todos tiveram de fazer um discurso de quatro minutos em frente a uma câmara -24 deles tinham a doença e 12 ingeriram canabidiol.
Os voluntários com fobia social que tomaram a cápsula apresentaram sinais de ansiedade semelhantes aos dos saudáveis. Já os doentes que ingeriram placebo mantiveram os padrões de ansiedade causados pela fobia.
Os mecanismos de ação da substância ainda não são bem conhecidos pelos pesquisadores. Mas já se sabe que o canabidiol tem um efeito tranquilizante mesmo em pessoas saudáveis.
A fobia social pode ser tratada com remédios e psicoterapia. Mas as drogas podem demorar até 20 dias para ter efeito e causar dependência.
"Nesse experimento, observamos o efeito com uma única dose, o que faz supor que o canabidiol tenha a vantagem de começar a agir de imediato", diz o psiquiatra Antonio Zuardi, do departamento de neurociências e ciências do comportamento da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
Para os pesquisadores, os resultados também ajudam a explicar por que pacientes com transtornos de ansiedade fumam maconha com mais frequência do que a população geral.
"Talvez eles não procurem a droga pelo "barato", mas pela ação do canabidiol. Seria uma forma de automedicação. O problema é que eles consomem junto outras substâncias com efeitos negativos", afirma José Alexandre Crippa, também psiquiatra da USP de Ribeirão Preto.
No Brasil, ainda não há autorização para o uso terapêutico de nenhuma substância derivada da cânabis.

 Editoria de Arte/Folha Press
 
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/763183-capsula-de-maconha-trata-pacientes-com-fobia-social.shtml

Cachorro tem aulas de mergulho

05/07/2010 - 12h44

Com roupa especial, cachorro tem aulas de mergulho na Rússia

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DA ASSOCIATED PRESS

Qualquer dono de um cão da raça dachshund sabe que o animal raramente recua de um desafio. Na Rússia, essa reputação estão atingindo um novo patamar: as profundezas do oceano.
O dachshund Bonifácio está fazendo aulas de mergulho com seu dono, Sergei Gorbunov.
Mergulhador profissional na cidade de Vladivostok, na costa do Pacífico, Gorbunov fez um traje de mergulho completo com capacete para o cão e está ensinando os truques da atividade a ele.

AP
Cão da raça dachshund tem aulas de mergulho com o dono, na Rússia

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Descoberto o DNA da longevidade

Cientistas descobrem complexa assinatura genética da longevidade

Existem 150 variações genéticas que, em 19 diferentes combinações, diferenciam os centenários

01 de julho de 2010 | 15h 01

Carlos Orsi, estadao.com.br
Hábitos saudáveis provavelmente são o fator mais importante para se chegar bem aos 80 anos, mas para sobreviver aos 100 é preciso uma boa ajuda do DNA. Isso é o que  indica um estudo publicado na edição desta semana da revista Science, no qual pesquisadores americanos e italianos encontraram 150 marcadores genéticos - variações de uma única letra no material genético, espalhadas por todos os cromossomos humanos - cuja presença permite determinar, com 77% de precisão, se uma pessoa é centenária.
  • Dez anos depois, genoma ainda é um labirinto
  • Sequenciar é uma coisa, entender é outra
  • DNA 'saltador' faz cada pessoa ser única, diz estudo
"Suspeitávamos há tempos que a capacidade de viver 20 anos ou mais além dos 80 é, em sua maior parte, ditada pelos genes", explicou Paola Sebastiani, professora de Bioestatística da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston e autora do estudo. "E como as pessoas podem envelhecer de tantas formas diferentes, também suspeitávamos que a capacidade de sobreviver a uma idade extremamente alta tem bases muito complexas, envolvendo muitos genes interagindo entre si e com fatores ambientais".
Ela afirma, ainda, que o fato de as 150 variações da DNA encontradas terem permitido identificar centenários com alta precisão, e independentemente de outros fatores, indica que a longevidade excepcional tem forte base genética. "O fato de o modelo não ser perfeito, no entanto, sugere que ambiente e estilo de vida também afetam a capacidade de uma pessoa atingir idades muito avançadas, mas provavelmente com menos intensidade".

David Mdzinarishvili/Reuters
150 variações genéticas diferenciam os centenários

As variações, disse Tom Perls, diretor do Estudo de Centenários da Nova Inglaterra e também autor do trabalho, estão espalhadas por aproximadamente 70 genes, e o papel exato de cada uma delas ainda  precisa ser identificado em novos estudos. Perls não acredita, no entanto, que as pesquisas futuras venham a produzir  um "elixir da juventude".
"Olho para a complexidade deste quebra-cabeças e fico com a forte impressão de que isso não levará a tratamentos que farão com que muita gente se torne centenária, mas sim permitirá adiar o início da manifestação de doenças relacionadas à idade, como o Alzheimer", disse ele.
Paola afirma que uma descoberta "surpreendente" veio da comparação do número de variações genéticas que predispõem a doenças ligadas à idade presente nos centenários e no grupo de controle.
"Descobrimos que os centenários e os controles não diferem muito nesse número. Esse resultado sugere que o que faz as pessoas viverem muito não é uma ausência de predisposição para doenças, mas um enriquecimento na predisposição à longevidade". Ela acredita que as variações que estimulam a longevidade podem, até mesmo, cancelar o efeito das predisposições negativas.
Esse resultado, segundo Perls, põe em dúvida a validade dos testes genéticos que avaliam predisposição a doenças, já que essas avaliações podem estar ignorando a ação protetora dos genes da vida longa.
O trabalho revelou ainda a existência de 19 "estilos" de assinatura genética para longevidade, definidos por diferentes combinações dos 150 marcadores.
"As assinaturas correlacionam-se com diferentes padrões de longevidade excepcional. Por exemplo, algumas correlacionam-se com longa sobrevivência, outras com uma demora no aparecimento de doenças. As assinaturas representam caminhos diferentes para a vida longa", disse Paola.
Perls lembrou que 90% dos centenários que apresentam problemas de saúde relacionados à idade só começam a sentir esses efeitos após os 90 anos.
O estudo, no entanto, não indica se as pessoas que têm as variações genéticas da longevidade contam com algum tipo de imunidade, e por isso poderiam fumar, evitar exercícios ou comer gordura à vontade. "A maioria dos centenários envolvidos no estudo tinha um estilo de vida muito saudável, com uma minoria muito pequena, por exemplo, com o hábito de fumar ou beber", disse Paola.
Os testes genéticos no grupo de controle do estudo revelou que 15% deles têm predisposição para a alta longevidade, uma taxa muito maior que a encontrada na população em geral: em países ricos, a proporção é de um centenário para cada 6.000 pessoas.
"O fato é que 15% da população tem a assinatura genética que eleva a chance de viver até os 100 anos entre 65% e 98%, se essas pessoas não forem atropeladas por um ônibus, não morrerem na guerra, não sofrerem um acidente", disse Perl. "Além disso,  boa parte dessas pessoas talvez precise também evitar o fumo e a obesidade".
Na próxima semana, o website do Estudo de Centenários da Nova Inglaterra (http://www.bumc.bu.edu/centenarian/) deve publicar um programa que permitirá a qualquer um que já conheça seu genoma pessoal computar sua predisposição à longevidade, com base nos marcadores descobertos. O site trará também indicações sobre a melhor interpretação do resultado.
Mas os autores do trabalho disseram que não pretendem lançar um teste do tipo no mercado, e Perls questionou se a sociedade já estaria pronta para algo assim. "Eu me preocupo com o que as companhias de seguro fariam com essa informação".
 http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,-cientistas-descobrem-complexa-assinatura-genetica-da-longevidade,574859,0.htm