sábado, 17 de abril de 2010

Cirurgiões plásticos tentam reduzir riscos

14/04/2010 - 07h31

Cirurgiões plásticos tentam reduzir riscos com novos critérios

IARA BIDERMAN
colaboração para a Folha

A SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) prepara um documento com novas normas de segurança para o paciente. Entre as principais mudanças estão a limitação de número de procedimentos em uma só cirurgia; a definição de exames a serem exigidos antes da operação; as restrições para a cirurgia em adolescentes e a especificação do tipo de anestesia para cada caso.
O último documento do CFM (Conselho Federal de Medicina) sobre a especialidade é de 2003.
As novidades tecnológicas e o aumento do número de procedimentos justificam, segundo os médicos, a revisão de normas definidas há sete anos. A estimativa é que sejam feitas 700 mil cirurgias estéticas por ano no Brasil.
Além disso, mortes recentes durante esse tipo de cirurgia tornaram o tema prioritário. "Queremos colocar na mesa um guia explicitando as normas de segurança do paciente. É em cima dessas regras claras que podemos cobrar o médico e diminuir a margem de risco das cirurgias. As mortes [durante as cirurgias plásticas] trazem o assunto à tona, mas já estávamos trabalhando esse tema antes dos últimos acontecimentos", diz Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da SBCP.
Em janeiro deste ano, a jornalista Lanusse Barbosa, 27, morreu durante procedimento de lipoaspiração feita em clínica de Brasília. O médico tinha título de especialista pela SBCP. No último dia 2/4, Kelma Macedo Ferreira Gomes, 33, assessora do ministro das Cidades, morreu sete dias após ter feito uma lipoescultura em um hospital de Goiânia.
Segundo Guerra, a maioria dos problemas relacionados à cirurgia plástica ocorre nos procedimentos feitos com médicos que não têm o título de especialista: "Dados do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) mostram que 97% dos erros foram feitos por profissionais que não eram cirurgiões plásticos", diz.
O presidente da SBPC afirma que a sociedade vai pressionar as autoridades para impedir que médicos não capacitados realizem esse tipo de cirurgia. Não há lei impedindo que um médico de outra especialidade faça cirurgia plástica. "Há curso de lipoaspiração de um final de semana. Isso não qualifica ninguém", diz Pinheiro.
A revisão dos critérios para a elaboração de um protocolo, que deve ser seguido por todos os cirurgiões plásticos, é uma forma de diminuir a margem de erro nos procedimentos feitos pelos especialistas.
"Estamos discutindo nas reuniões como serão essas normas", diz Osvaldo Saldanha, diretor científico da SBCP.
É isso que será feito na Jornada Sul Brasileira de Cirurgia Plástica, aberta hoje em Curitiba. A segurança do paciente também foi discutida no Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, realizado em março em São Paulo, e na Jornada Centro-Oeste de Cirurgia Plástica, que ocorreu em Campo Grande neste mês. A finalização do protocolo deve ocorrer até o final do ano, quando será realizado o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica.

Editoria de Arte/Folha Imagem

 http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u720563.shtml

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