domingo, 31 de janeiro de 2010

DNA talvez forme triplas hélices em células viva


31/01/2010 - 11h31

Brasileiros acham indícios de que DNA pode ter hélice tripla

 
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
Sempre que alguém se põe a recontar a saga da descoberta da estrutura do DNA, volta à baila a mancada histórica do genial Linus Pauling (1901-1994), Nobel de Química e da Paz.
Ele chegou a publicar um estudo propondo que a molécula da hereditariedade era uma esquisitíssima hélice tripla, com as "letras" químicas A, T, C e G apontando para fora da molécula. No mesmo ano, 1953, James Watson e Francis Crick sepultaram o modelo maluco: o DNA só podia ser mesmo uma hélice dupla, simples e icônica. Ou não?
Reuters










 
Dados de análise do material genético de duas espécies de moscas indicam que o DNA talvez forme triplas hélices em células viva


Depende, sugere o trabalho de uma equipe brasileira. Os dados obtidos por eles, durante a análise do material genético de duas espécies de moscas, indicam que o DNA talvez forme triplas hélices em células vivas, afinal de contas. A configuração pouco ortodoxa da molécula apareceria em locais muito específicos, influenciando a maneira como o material genético funcionaria nessas regiões.
"É bom ressaltar que a gente não está tentando ressuscitar o modelo do Pauling", explica Eduardo Gorab, do Instituto de Biociências da USP. "A estrutura que ele propunha era totalmente estrambólica. Mal dá para entender como um gênio do calibre dele se saiu com aquele negócio, que nem ácido é [tanto o DNA quanto o RNA, seu "primo" molecular, são classificados quimicamente como ácidos nucleicos]", afirma o pesquisador da USP.
Pista antiga
Se não reabilita o ganhador do Nobel duplo, o trabalho de Gorab e seus colegas segue uma pista que é quase tão antiga quando a publicação da estrutura "correta" do DNA. No final dos anos 1950 e durante todos os anos 1960, experimentos mostraram, inicialmente, que o RNA, mais conhecido como o transmissor da informação do DNA para a maquinaria das células, podia formar triplas hélices. "Mais tarde, houve a constatação de que isso também podia acontecer em fitas híbridas de RNA ou DNA, e mesmo apenas com DNA", afirma Gorab.
Os dados vinham, é verdade, de análises in vitro dos ácidos nucleicos, em contextos bem diferentes da atuação natural das moléculas no organismo, mas eram intrigantes, nem que fosse como curiosidade bioquímica.
A capacidade de identificar hélices triplas, seja de RNA, seja de DNA, tornou-se mais apurada nos anos seguintes graças ao trabalho de Bernard David Stollar, da Universidade Tufts (Estados Unidos), que criou anticorpos capazes de se ligar a essas moléculas.
Trata-se, grosso modo, de um sistema de fechadura e chave: os anticorpos se adaptam ao formato das hélices triplas, grudando-se nelas e denunciando a presença das ditas cujas. "O trabalho do Stollar foi muito importante, e por isso a gente insistiu para que ele assinasse o artigo conosco", diz Gorab, referindo-se ao estudo em edição recente da revista científica "Chromosome Research".
Apesar da importância histórica de seus anticorpos, Stollar acabou não avançando no estudo das triplas hélices. Por sorte, contudo, outro coautor do estudo, José Mariano Amabis, também da USP, havia passado uma temporada no laboratório do americano durante os anos 1980, e o grupo resolveu tirar da geladeira os anticorpos de Stollar, por assim dizer.
Para a análise, o grupo usou cromossomos (as estruturas enoveladas que abrigam o DNA) da mosca Drosophila melanogaster, velho burro de carga dos laboratórios de biologia, e também o de outra mosca, a Rhynchosciara americana, famosa na ciência brasileira e mundial pela maneira peculiar como regiões específicas do seu genoma são multiplicadas. "É possível obter dela cromossomos gigantes, politênicos [formados por material genético multiplicado e emendado, que não se separou por divisão da célula, como ocorreria normalmente], com dimensões excepcionais", diz Gorab.
Isso facilita o estudo do material cromossômico. Um dos pioneiros da genética brasileira, Crodowaldo Pavan (1919-2009), fez grande parte das suas descobertas graças à mosca. "Aposto que ainda temos coisas importantes a aprender com ela", afirma o pesquisador.
A aposta parece ter sido bem calibrada. O que o grupo viu realmente indica a presença de regiões com hélices triplas no material genético das duas moscas. "A grande pergunta que todo mundo quer responder é: será que as triplas hélices estão presentes in vivo [no organismo em seu estado vivo]? Nossos dados mostram que isso é possível", afirma Gorab. Mas ainda há alguns senões.
Preparadas
O mais importante deles envolve um problema metodológico. Para poder examinar os cromossomos das moscas, os pesquisadores precisaram fixá-los, procedimento que envolve o emprego de álcool e ácido acético.
A fixação leva a mudanças no estado natural do DNA, o que poderia, em tese, ser uma explicação alternativa para as triplas hélices.
Por isso, o objetivo da equipe agora é tornar a análise menos invasiva, de modo a refletir o que acontece no organismo dos bichos. Se as hélices triplas estiverem mesmo presentes ao natural, Gorab diz que elas poderiam "emperrar" processos envolvendo o DNA.
"Elas seriam um impedimento para uma série de eventos, como transcrição [passagem da informação do DNA para o RNA] e replicação [multiplicação do material genético]", avalia. Seria, portanto, mais um nível de sofisticação no processo já complicadíssimo de ativação e desativação dos genes.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u687190.shtml

Fundo Monetário Internacional (FMI) trabalha na criação de um Fundo Verde de US$ 100 bilhões para ajudar os países pobres


31/01/2010 - 13h02

FMI vai criar Fundo Verde de US$ 100 bi para o clima

Fundo Monetário Internacional (FMI) trabalha na criação de um Fundo Verde de US$ 100 bilhões para ajudar os países pobres     

Schalk van Zuydam -17.nov.09/AP

da France Presse, em Davos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) trabalha na criação de um Fundo Verde de US$ 100 bilhões para ajudar os países pobres a enfrentar os efeitos da mudança climática, anunciou a entidade em um comunicado publicado neste domingo (31) em seu site. 

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que é necessário ser criativo quanto ao tema do aquecimento global, já que os países em desenvolvimento não têm meios para lutar contra suas consequências --principalmente diante dos problemas orçamentários causados pela crise econômica mundial. As afirmações foram feitas durante uma sessão do Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF). 


"Devemos então encontrar maneiras inovadoras de financiar a luta contra os efeitos da mudança climática. Vamos dar ideias, construída em torno de um Fundo Verde dedicado a financiar US$ 100 bilhões por ano --que é cifra aceita de forma comum para fazer frente ao problema", afirmou.
Ele também observou que o fundo se baseará na capitalização procedente dos bancos centrais, apoiada com direitos especiais de giro emitidos pelo próprio fundo.
Os direitos especiais de giro são uma reserva internacional criada pelo FMI em 1969 como suplemento às reservas oficiais dos Estados membros e podem ser trocados por divisas

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u687206.shtml

sábado, 30 de janeiro de 2010

Quando sente que vai morrer, a formiga abandona o formigueiro.




30/01/2010 - 11h36

Formigas doentes preferem ir morrer na solidão

RICARDO MIOTO
da Folha de S.Paulo
Quando sente que vai morrer, a formiga abandona o formigueiro. Passa os últimos momentos na solidão.
Quase tão inesperado quanto o comportamento dos animais é o dos cientistas alemães responsáveis pela descoberta. O trabalho deles é passar o dia acompanhando um "Big Brother Formiga" e, depois, procurar explicar as atitudes dos animais.
Jürgen Heinze/Universidade de Regensburg

Formiga utilizada no trabalho germânico; animais sinalizados com arame estavam marcados para morrer no "Big Brother Formiga"
O responsável pelo estudo é Jürgen Heinze, da Universidade de Regensburg (Alemanha), uma espécie de Pedro Bial do formigueiro. No caso das formigas moribundas solitárias, a explicação que ele propõe parte da ideia de que quase ninguém, na natureza, morre de velho.
Grandes grupos de seres idosos são uma anomalia histórica criada recentemente pelos humanos. Na vida selvagem, morre-se muito antes de envelhecer. Em geral, a razão é alguma doença, muitas delas transmissíveis. Imagine quantas vezes você já teria ficado à beira da morte se, como as formigas, não tivesse acesso à medicina.
A questão é que sociedades são o cenário perfeito para que doenças transmissíveis se espalhem. Como formigas são seres que vivem em complexas sociedades, afastar-se durante a doença é uma maneira muito eficiente de evitar que mais animais se contaminem no formigueiro. Em termos evolutivos, formigas que tinham esse comportamento beneficiavam a sobrevivência de toda a comunidade e, assim, de vários dos seus próprios genes.
Os cientistas não observaram as formigas doentes sendo atacadas por outras ou forçadas a abandonar os formigueiros. Elas simplesmente iam embora por "vontade" própria.
O trabalho foi feito com uma espécie em particular de formiga (a Temnothorax unifasciatus), mas os cientistas acreditam que encontrariam o mesmo altruísmo em outras espécies com a mesma estrutura de sociedade, como abelhas ou vespas.
Espiadinha
Os cientistas retiraram os formigueiros de seus lugares de origem, no meio do mato, e os levaram para o laboratório. Eles foram delicadamente colocados em caixas de plástico, que facilitavam a observação de cada um dos animais.
"Foi algo bem fácil de fazer. Nós simplesmente sentamos em um microscópio e vemos o que está acontecendo. As colônias de T. unifasciatus [a espécie de formiga utilizada] são bastante pequenas, então, de poucos em poucos minutos, é possível rastrear o estado comportamental de todas as formigas", diz Heinze.
Foram vários os experimentos, que serão publicados na revista "Current Biology". Em um, os pesquisadores infectavam algumas formigas com fungos fatais e marcavam os animais destinados à morte com arame. Em outro, observavam formigas que morriam sozinhas, sem interferência humana. Em ambos os casos, os animais iam, salvo raras exceções, morrer no exílio.
Para Heinze, ainda há muito a pesquisar sobre as formigas, como o seu comportamento de acasalamento e os meios de resolução de conflitos, que podem acabar em lutas fatais.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u686966.shtml

Queeeeeeem passou????

30/01/2010 às 16:48
| ATUALIZADA às 16:57 |

UFBA divulga aprovados do vestibular 2010

A TARDE On Line

Saiu a lista de aprovados no Vestibular 2010 da Universidade Federal da Bahia (UFBA) na tarde deste sábado, 30. Para o candidato que ainda está esperando pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o resultado será divulgado nos próximos dias.

Clique aqui e confira a lista dos aprovados no site da Ufba


Os escores de cada candidato, assim como a classificação, só estarão disponíveis no boletim individual de desempenho, que só será divulgado nos próximos dias, pela internet. A matrícula começa no dia 4 de fevereiro. O calendário detalhado, documentação necessária, procedimentos e informações complementares estão disponíveis no site da Secretaria Geral de Cursos (clique aqui para acessar).

Nesta edição, 43.329 candidatos se inscreveram para concorrer a uma das 6.346 vagas disponibilizadas pela instituição. As provas da primeira fase foram realizadas nos dias 15 e 16 de Novembro, e as da segunda fase nos dias 13 e 14 de dezembro.

http://www.atarde.com.br/vestibular/noticia.jsf?id=1362896

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Peixes com capacidade de aprender...

23/01/2010 - 13h29

Peixes têm boa memória e capacidade de aprender, afirma estudo

da BBC Brasil
Parte piada, parte mito, a memória dos peixes tem sido catalogada como a mais efêmera do mundo animal.
Porém um estudo feito por pesquisadores australianos concluiu que os peixes não somente podem se lembrar de seus predadores por pelo menos um ano como também têm uma capacidade de aprendizagem excelente.
"Isto significa que seu comportamento é, ao contrário do que se pensava, altamente flexível", disse à BBC o coordenador do estudo, Kevin Warburton, pesquisador do Instituto de Terra, Água e Sociedade da Universidade Charles Sturt, na Austrália.
Segundo Warburton, que analisou em detalhes o comportamento dos peixes de água doce da Austrália e em particular a perca prateada, peixe comum na região, os peixes podem lembrar de seus predadores mesmo após um único encontro.
Esta habilidade para lembrar também se aplica a qualquer objeto que represente uma ameaça. Por exemplo, "se um peixe morde um anzol e consegue escapar, guarda esta experiência em sua memória e é muito difícil que volte a morder um anzol numa segunda oportunidade", explica o pesquisador.
"Por causa do desconhecimento sobre o comportamento dessas criaturas, pode-se cometer o erro de achar que quando não há pesca em uma região determinada é porque se esgotaram os recursos ou os peixes foram embora dali, quando na realidade o que pode estar ocorrendo é que os peixes estão ali, mas não caem na armadilha", afirma Warburton.
Associação
Os peixes aprendem também a conhecer em profundidade seu ambiente e associam a abundância de alimentos ou os perigos com determinados lugares. Eles utilizam esta informação para identificar vias de escape caso apareça uma ameaça e também para traçar suas rotas favoritas.
Outra característica dos peixes, segundo Warburton, é a sofisticação do processo para a tomada de decisões.
Por exemplo, "eles preferem a companhia dos peixes que lhe parecem familiares, já que podem ler seu comportamento mais facilmente". "Eles também escolhem se unir a um cardume porque nadar em grupo lhes traz benefícios em termos de proteção diante dos predadores e na busca de alimentos", explica o pesquisador.
Para colocar a memória dos peixes à prova, Warburton e sua equipe estudaram os peixes em seu entorno natural. Analisaram sua relação com as características próprias de seu habitat e depois transferiram alguns exemplares a uma série de tanques de laboratório.
Lá, os especialistas ofereceram a eles diferentes opções, colocando alimentos em diferentes áreas do tanque e os enfrentando com predadores para estudar seus movimentos e suas reações.
Para Warburton, a habilidade dos peixes para lembrar e para aprender é tão complexa que "estudar seu comportamento nos permitirá aprender algo também sobre nossa própria conduta".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u683743.shtml

Vantagem evolutiva diante do aquecimento global

26/01/2010 - 11h22

Israelenses acham 1º coral que se alimenta de medusas de seu tamanho

da Efe, em Jerusalém
Uma equipe científica israelense descobriu e fotografou no Mar Vermelho o primeiro tipo de coral que se alimenta de medusas de seu mesmo tamanho.
Este é um exemplo de vantagem evolutiva em um meio afetado pelo aquecimento global.
O coral se chama Fungia Scruposa, composto de um grande pólipo de cerca de 30 centímetros de diâmetro. Ele é solitário, ou seja, não forma colônias, como acontece com a maioria.

Suas vítimas são medusas comuns (Aurelia aurita), como as que povoam a maioria dos oceanos do planeta e eram consideradas até agora alimento somente de predadores como peixes ou tartarugas. 

Omri Bronstein/Efe





 

 

Israelenses descobriram o primeiro tipo de coral que se alimenta de medusas de seu próprio tamanho

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u684700.shtml

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Como são gerados terremotos e vulcanismo

Choque de placas que formam a crosta da Terra provoca fenômenos que têm como usina de força o núcleo do planeta
por Ulisses Capozzoli

Science Photo/Stock Photos
Linhas vermelhas marcam bordas de placas, como gigantescas balsas rochosas, em que se divide a crosta terrestre
O motor de tantos sismos como vulcanismo é uma descoberta recente na história da ciência. Foi em 1912 que o astrônomo e metereologista alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) expôs os esboços do que ficou conhecido como tectonia de placas. A versão finalizada destas idéias é de 1915 e, por surpreendente que possa parecer, até meados do século passado havia certa resistência em relação a elas.

A idéia básica de Wegener, reformulada em detalhes, foi comprovada nos anos 60, beneficiada pelo refinamento e especialmente processamento de dados com a disponibilidade crescente de computadores. As novas gerações, para quem os computadores integram a banalidade dos eletrodomésticos, podem surpreender-se com essa realidade. Mas era assim, na infância de seus pais.

As placas tectônicas podem ser pensadas como enormes balsas rochosas flutuando sobre uma camada pastosa e mais densa, o manto, que se estende por mais de 5 mil km e envolve um núcleo líquido no interior do que está o caroço sólido da Terra. O manto não é uma porção uniforme e está dividido entre uma parte superior, mais densa, separadas por uma região de transição.

Com alguma frequência se compara a crosta, superfície fraturada da Terra, com a casa quebrada de um ovo cozido. Cada porção inteira, na casca fraturada do ovo, seria uma placa. Mas essa analogia, como qualquer outra, tem limitações. As placas tectônicas, comparativamente, quase sempre são blocos maiores que as menores e mais numerosas porções da casca partida de um ovo cozido. Outra analogia que ajuda a compreender a estrutura da Terra é considerar a crosta, superfície sobre a qual vivemos, como a casca de uma maçã em relação à polpa, neste caso, as camadas inferiores.

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/como_sao_gerados_terremotos_e_vulcanismo.html

Greenpeace

Descobertas novas contaminações por urânio em Caitité (BA)

A Secretaria da Saúde da Bahia e o Inga (Instituto de Gestão das Águas e Clima) notificaram nesta quinta-feira (21) a Prefeitura de Caetité e a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) para suspenderem imediatamente o consumo de água em três pontos onde foi detectada a presença de radioatividade acima do permitido pelo Ministério da Saúde. Dos três locais contaminados, um é utilizado para abastecimento de moradores: um poço no povoado de Barreiro abastece cerca de 15 famílias desde 2007.
A prefeitura está obrigada a garantir o abastecimento alternativo de água para as famílias. A suspensão foi determinada pelo diretor geral do Inga, Julio Rocha, logo após o recebimento dos resultados da última análise de coleta de amostra de água realizada pelo órgão na região de Caetité, que fica no sudoeste da Bahia, no início de dezembro do ano passado.
A descoberta de radioatividade acima dos níveis considerados seguros para humanos em poços na área rural do município, onde está instalada uma mina de urânio operada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), aconteceu foi confirmada em fins de 2008, graças a um trabalho de análise levado à cabo pelo Greenpeace. Na ocasião, técnicos da ONG encontraram água contaminada em dois poços. O Greenpeace levou os resultados para o Ministério Público Federal, que abriu um inquérito, e para o Instituto de Águas da Bahia (Ingá), que decidiu ampliar o raio de análise da radiotividade encontrada na água da região.
A INB insiste que não tem nada a ver com o problema e que a contaminação na região, por conta da presença do urânio, é natural. Mas a última análise do Ingá, que examinou água em dois ponto dentro da área ocupada pela INB mostra que ambos estão contaminando um aquífero da região. A estatal posa de Pilatos, preferindo lavar as mãos, como se uma eventual origem natural da contaminação a absolvesse de qualquer reponsabilidade em relação à população.
O Greenpeace deslocou essa manhã uma equipe para Caitité para acompanhar a finalização dos trabalhos de análise do Ingá e prestar apoio à população rural local. Nossa presença na região coincide com a visita de técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), sediada em Viena, à mina de urânio de Caitité. Num dos pontos analisados pelo Ingá, dentro da área da mina, os níveis de radiação encontrados são 40 vezes superiores aos considerados seguros para seres humanos.
Postado por Manoel Francisco Brito em: Greenpeace

Para que acha que é só coisa de criança

21/01/2010 - 09h06

Mamíferos de Madagascar chegaram à ilha pelo mar, dizem cientistas

da Folha de S. Paulo
Certamente os mamíferos não chegaram a Madagascar após tentar fugir de um zoológico em Nova York, como no cinema --mostrado no filme de animação "Madagascar".
Mas os cientistas dizem agora que eles também não ocuparam a ilha atravessando pontes de terra firme que poderiam ter existido no passado entre o lugar e o continente africano.


Animação "Madagascar 2", que acertou em mandar animais

via mar à ilha, segundo cientistas; mas teriam ido assim só os pequenos


A emoção foi maior: foram levados pelo mar, flutuando sobre pedaços de vegetação que caíram na água.
Eles não escolheram fazer a viagem, claro. Intensas tempestades fizeram a água subir e os animais foram arrastados por ela até o oceano, diz Matthew Huber, da Universidade Pardue, nos EUA.
Ele é um dos autores do trabalho publicado na revista "Nature". Segundo eles, a ocupação não aconteceu de uma vez só, e se deu a partir de 65 milhões de anos atrás.
As correntes marinhas antigas, segundo o trabalho, tinham condições favoráveis para que bichos do continente fossem levados até Madagascar.

Mais: a viagem nos pedaços de madeira que usavam como "jangadas" era rápida o suficiente para que chegassem vivos --ainda que talvez desesperados-- à ilha, após uma viagem de centenas de quilômetros.
A teoria explica por que existem apenas pequenos mamíferos em Madagascar --uma ligação por terra teria permitido que espécies grandes como girafas ou macacos também tivessem ocupado a ilha. Viajar pelo mar em um pedaço de madeira não é muito fácil para um elefante.
No enredo do filme de animação, um leão, uma fêmea de hipopótamo, uma zebra e uma girafa fazem a travessia por mar até Madagascar.
 Jerome Delay/AP

Mais: a viagem nos pedaços de madeira que usavam como "jangadas" era rápida o suficiente para que chegassem vivos --ainda que talvez desesperados-- à ilha, após uma viagem de centenas de quilômetros.
A teoria explica por que existem apenas pequenos mamíferos em Madagascar --uma ligação por terra teria permitido que espécies grandes como girafas ou macacos também tivessem ocupado a ilha. Viajar pelo mar em um pedaço de madeira não é muito fácil para um elefante.
No enredo do filme de animação, um leão, uma fêmea de hipopótamo, uma zebra e uma girafa fazem a travessia por mar até Madagascar.
Os pequenos mamíferos deram origem aos animais hoje típicos da ilha, como os lêmures. Muitas espécies só podem ser encontradas por lá. Fruto do isolamento, que fez com que os bichos acabassem evoluindo independentemente.

Divulgação


Lêmures personagens do filme "Madagascar"; pequenos mamíferos habitantes da ilha teriam chegado pelo mar


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u682567.shtml



Para quem gosta de café...

22/10/2009 - 10h19

Consumo diário de café retarda doenças do fígado

da France Presse, em Washington
O consumo diário de várias xícaras de café retarda a evolução de doenças do fígado, como a hepatite C, revela um estudo de pesquisadores norte-americanos divulgado na quarta-feira (21).
As pessoas que sofrem de hepatite C crônica e de outras enfermidades hepáticas em estado avançado que consomem ao menos três xícaras de café diárias reduzem em 53% o risco de evolução da doença em relação aos que não fazem o mesmo, destaca o estudo realizado pelo americano Neal Freedman, membro do Instituto Nacional do Câncer (NCI).
Divulgação

Consumo diário de várias xícaras de café retarda a evolução de doenças do fígado, como a hepatite C, revela um estudo dos EUA

A pesquisa analisou 766 pessoas com hepatite C sem resposta a tratamentos com antivirais e que bebiam ou não café.
A cada três meses, durante cerca de quatro anos, estes pacientes foram submetidos a biópsias para determinar a evolução da doença.
"Observamos que a evolução das enfermidades era inversamente proporcional ao consumo de café", explicou Freedman.
Uma das hipóteses sobre o papel do café é que ele reduziria os riscos de diabetes do tipo 2, frequentemente associada a doenças hepáticas ou inflamações.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 3 e 4 milhões de pessoas contraem hepatite C a cada ano, e em 70% dos casos a doença se torna crônica e pode provocar cirrose ou câncer de fígado.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u641625.shtml

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Brasil é 88º em índice de desenvolvimento da educação

Fonte: Estadão | 19/01/2010 21h42 | Brasil

Brasil é 88º em índice de desenvolvimento da educação

Baixa qualidade do ensino nas escolas brasileiras ainda penaliza as crianças


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O alto Índice de Desenvolvimento Humano que o Brasil conquistou há dois anos não chegou à educação. O relatório Educação para Todos, divulgado hoje pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) mostra que a baixa qualidade do ensino nas escolas brasileiras ainda deixa milhares de crianças para trás e é diretamente responsável por manter o País na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), atrás de países mais pobres como Paraguai, Equador e Bolívia.

Dos quatro dados que a Unesco usa para montar o IDE, em três o Brasil vai bem e tem resultados acima de 0,900 - o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. São bons os números de atendimento universal, analfabetismo e igualdade de acesso à escola entre meninos e meninas. Já quando se analisa o índice que calcula quantas das crianças que entraram na 1ª série do ensino fundamental conseguiram terminar a 5ª série, o País despenca para 0,756, um baixo IDE.

Educação no mundo - O relatório de 2010 do programa Educação para Todos, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) aponta que 72 milhões de crianças no mundo ainda estão fora da escola. No ritmo atual, serão ainda 56 milhões em 2015, e não há indícios que isso será acelerado nos próximos anos.

O analfabetismo atinge ainda 759 milhões de pessoas e a perspectiva é que diminua para 710 milhões nos próximos 15 anos. Sem contar que a má qualidade das escolas e a alta evasão não garantem que o acesso às salas de aula se transforme em ensino efetivo.

Dos 128 países para os quais a Unesco obteve dados para esse relatório, 62 devem atingir as metas de acesso à educação de qualidade. Outros 36, entre eles o Brasil, estão a caminho, mas tem resultados mistos, com problemas especialmente no analfabetismo e na qualidade. Trinta 30 estão longe das metas e até regredindo, como é o caso da República Dominicana e da Venezuela.

http://www.radiocidade.com.br/index_noticias.php?id=VFdwSk1FNXFTVDA9

Macaco primitivo aprende conceitos de matemática

19/01/2010 - 09h32

Macaco primitivo aprende conceitos de matemática

GIULIANA MIRANDA

colaboração para a Folha
A compreensão de princípios básicos de matemática não é exclusividade de humanos e seus "parentes" evolutivos mais próximos, como o chimpanzé.
Cientistas alemães descobriram que o macaco reso, espécie asiática que divergiu do homem há 25 milhões de anos, é capaz de reter conceitos simples, como "mais" e "menos".
Einar Fredriksen/CC

Macaco reso repousa em árvore; indivíduos da espécie aprenderam conceitos matemáticos simples sem memorização em estudo alemão
"Os resultados dos macacos, de certa forma, lembram o estágio inicial das capacidades cognitivas em crianças pequenas", disse à Folha Andreas Nieder, neurocientista da Universidade de Tübingen que liderou a pesquisa.
Embora a desenvoltura dos macacos com números já fosse conhecida, os resultados do estudo --publicado nesta terça-feira (19) no periódico científico "PNAS"-- abordam a questão por um ângulo diferente. E em primatas evolutivamente distantes dos humanos.
Melhores que universitários
Pesquisas anteriores na Universidade de Kyoto, no Japão, já haviam medido o desempenho cognitivo de macacos, baseando-se principalmente na capacidade de memorização.
Nesses testes, alguns chimpanzés chegaram a ter resultados melhores do que estudantes universitários. Dessa vez, porém, os cientistas quiseram analisar até onde os macacos seriam capazes de "aprender" de fato, e não apenas memorizar resultados das operações.
No experimento alemão, os macacos tinham de distinguir figuras com "mais" objetos das figuras com "menos" objetos. Ao acertar, recebiam uma recompensa como estímulo.
Para garantir que os macacos não estariam simplesmente decorando as figuras, os pesquisadores mudavam constantemente sua representação gráfica. A forma, o tamanho e até o espaçamento entre os objetos estava sempre variando.
"A mera compreensão da magnitude numérica não era suficiente. Eles tinham de entender princípios matemáticos básicos e não simbólicos para atingir o objetivo", diz Nieder.
Deu trabalho. Durante quase um ano, sua equipe se dedicou a ensinar o conceito de "maior" e "menor" aos resos. As regras das operações foram apresentadas centenas de vezes em telas no laboratório, até que eles as aprendessem.
Nos testes, quanto maior a diferença entre as partes, melhores eram os resultados dos macacos. Ou seja, para eles é bem mais fácil, por exemplo, reconhecer que "seis é maior que dois" do que acertar que "seis é maior que cinco".
Mapeamento cerebral
Após essa etapa, os cientistas se dedicaram a mapear áreas do cérebro relacionadas a essas operações. Eles escanearam o córtex pré-frontal --região abaixo da testa-- dos macacos e mostraram que neurônios ali ajudam a processar conceitos matemáticos abstratos.
Segundo os cientistas, o resultado é um passo importante para entender como humanos chegaram à interpretação de símbolos numéricos e aos sistemas matemáticos formalizados.
"Operações matemáticas simbólicas podem cooptar ou "reciclar" os circuitos pré-frontais para enriquecer e aumentar nossas capacidades matemáticas simbólicas", afirma Nieder, sugerindo a realização de testes comparativos entre humanos e macacos.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u681440.shtml

sábado, 16 de janeiro de 2010

Menina encontra polvo mortífero ao lavar conchas em banheira

15/01/2010 - 10h56

Menina encontra polvo mortífero ao lavar conchas em banheira

GIOVANA VITOLA
da BBC Brasil, em Sydney
Uma menina de seis anos encontrou um polvo que possui veneno mortal enquanto lavava conchas na banheira de sua casa, em Victoria, na Austrália.
O polvo-de-anéis-azuis, nome popular do Hapalochlaena maculosa, estava escondido dentro de uma das conchas que Holly Smith havia coletado na praia de Point Lonsdale, no sudeste do país.
Por ter ficado muito tempo fora da água salgada, o animal acabou morrendo e foi guardado pelo pai de Holly em um frasco de vidro.
The Marine Discovery Centre, Queenscliff, Victoria

Polvo-de-anéis-azuis, nome popular do Hapalochlaena maculosa, estava escondido dentro de uma das conchas colhidas em praia
Essa espécie de polvo é pequena, chegando no máximo a 20 centímetros de comprimento. Porém, ele é considerado uma das criaturas marinhas mais venenosas existentes.
O veneno do animal, suficiente para paralisar dez homens, é produzido por bactérias nas glândulas salivares do polvo.
O veneno contém tetrodoxina, que causa paralisia motora e parada respiratória, e não tem antídoto.
O ataque do polvo-de-anéis-azuis pode provocar a morte em cerca de meia hora.
Segundo o ecologista Alex Giannuzzi do Centro Marinho de Queenscliff, a espécie é muito comum na Austrália, "mas é um animal muito tímido que gosta de se esconder em lugares mais calmos e protegidos".
O animal só ataca humanos se for provocado.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u679745.shtml

Pesquisa identifica evidência entre câncer e estresse

14/01/2010 - 11h12

Pesquisa identifica evidência entre câncer e estresse

da Efe, em Londres
Pesquisadores chineses e americanos demonstraram cientificamente pela primeira vez que existe uma relação direta entre o câncer e o estresse.
Na pesquisa, publicada na revista "Nature", os cientistas afirmam que as células atingidas pelo estresse podem emitir sinais indutores da geração de tumores que afetam às células sadias vizinhas.
Apesar de ter sido realizado com moscas de frutas, o estudo indica que os mesmos genes e as mesmas sequências biológicas envolvidas neste processo estão presentes nos seres humanos.
Até agora, sabia-se que as inflamações crônicas, causas-chave do estresse, estão associadas ao crescimento dos tumores em doentes de câncer. Alguns especialistas argumentam que as emoções negativas, os hormônios do estresse, as inflamações e o câncer podem estar interrelacionados, embora não exista uma evidência clara.
Também há consenso de que as mutações genéticas causadoras do câncer só afetam individualmente as células. Mas este estudo indica que nem sempre é assim, já que diferentes mutações em células distintas podem colaborar no desenvolvimento dos tumores.
Genes
Os autores do estudo centraram o trabalho na atividade de dois genes mutantes causadoras de cânceres.
Um deles é o RAS, que está relacionado a 30% dos casos da doença, e o outro é um gene supressor dos tumores que, quando se apresenta de maneira defeituosa, propicia o desenvolvimento do câncer.
Nenhum gene RAS mutante e nenhuma versão mutante do gene supressor podem por si só causar um câncer.
Os pesquisadores estudaram as moscas das frutas que levavam as mutações genéticas e descobriram que uma célula que tem só o RAS mutante pode gerar um tumor maligno se envolvida a uma célula próxima com um gene supressor defeituoso.
A conclusão é que o estresse era o fator determinante que unia a as células, gerando proteínas marcadoras, para poder passar de célula para célula.
O professor Tian Xu, da University of Connecticut School of Medicine (EUA), principal responsável pela pesquisa, manifestou que estas "são más notícias", porque "há uma grande variedade de condições que podem desencadear o estresse físico e emocional, assim como as infecções e as inflamações".
Definitivamente, o estudo demonstra que é mais fácil do que se pensava que o câncer se desenvolva no organismo humano, após constatar a maior probabilidade das mutações atingirem várias células distintas do que em uma só.
A boa notícia é que também identifica uma nova via potencial para deter o câncer, se for possível bloquear a origem do sinal de estresse que recebem as células.
"Um melhor entendimento do mecanismo subjacente na geração do câncer sempre oferece novos instrumentos para combater a doença", destacou o professor Wu.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u679172.shtml

sábado, 9 de janeiro de 2010

Novo cimento ósseo aprimora tratamentos da coluna para pacientes com osteoporose

06 de janeiro de 2010
Novo cimento ósseo aprimora tratamentos da coluna para pacientes com osteoporose
A vertebroplastia, procedimento para reforçar ossos fraturados por vezes considerado desnecessário, pode ser revolucionada por um novo material
por Larry Greenemeier
© ISTOCKPHOTO.COM/MADS ABILDGAARD
Repouso ou cimento ósseo? A polêmica continua
Quando a dor é demasiada para quem sofre de fraturas na coluna por causa da osteoporose, geralmente há duas opções: repouso na cama (frequentemente combinado com uma cinta de proteção e analgésicos) ou um procedimento controverso conhecido como vertebroplastia, que envolve injeções de cimento ósseo.

Na vertebroplastia o cirurgião utiliza uma agulha oca para injetar uma substância semelhante a um cimento, em geral polimetil-metacrilato (metacrilato de metila) ou PMMA, em todas as rachaduras ou fraturas encontradas na coluna vertebral. Embora a osteoporose enfraqueça os ossos do corpo todo, a vertebroplastia é utilizada exclusivamente para o tratamento de problemas na coluna. O cirurgião usará também um fluoroscópio, que é composto por um aparelho de raios X e uma tela fluorescente, para monitorar a localização da agulha no interior do corpo e garantir que o selante seja injetado no local adequado.

Ambas as abordagens para reduzir a dor decorrente de fraturas vertebrais por compressão, uma condição que afeta cerca de 1,4 milhão de pessoas no mundo – sendo mais da metade dos casos nos Estados Unidos – têm seus críticos e simpatizantes.

Os defensores do repouso observam que as fraturas na maioria dos pacientes curam sem necessidade de qualquer tipo de procedimento médico, embora isso possa levar várias semanas. Consideram a vertebroplastia um tratamento no mínimo desnecessário e que pode na verdade enfraquecer o osso em torno da região tratada com o cimento. Dois estudos publicados no New England Journal of Medicine (NEJM) apoiam esse ponto de vista, destacando que participantes de um estudo tratados com vertebroplastia não sentiam menos dor que participantes que receberam um tratamento placebo, em que nenhum cimento ósseo foi injetado na coluna.

Em um dos estudos, 131 pacientes que sofriam de fraturas vertebrais osteoporóticas por compressão passaram por uma vertebroplastia ou a simulação desse procedimento, onde o cimento ósseo não foi efetivamente utilizado. Para surpresa dos pesquisadores, os dois grupos de pacientes apresentaram melhora imediata após o procedimento. “Minha impressão é que a vertebroplastia está sendo usada em demasia agora”, observa David Kallmes, professor do departamento de radiologia da Clínica Mayo, que participou do estudo, embora ele acrescente que também realiza o procedimento. Uma das suas preocupações, baseada num estudo realizado pela Clínica Mayo em 2006, é que as vértebras adjacentes às fraturas tratadas com cimento ósseo tendem a fraturar significativamente mais cedo do que as vértebras mais afastadas.

Outros se preocupam com o uso do PMMA, plástico transparente que também é um ingrediente do Plexiglas e Lucite em acrílico (vidros acrílicos comumente usados como substitutos inquebráveis para o vidro), utilizado para fazer as superfícies de banheiras, pias e peças conjugadas de banheira e chuveiro, entre outras coisas. Embora complicações em vertebroplastias sejam extremamente raras, há o perigo de vazamento do cimento para fora da área vertebral causando infecção, hemorragia, dormência e outros problemas.

Apesar dessas preocupações, outros médicos veem vários benefícios na vertebroplastia. Os estudos publicados no NEJM fornecem “um bom material para a reflexão que ajudará na elaboração de uma análise mais estratégica de quando realizar uma vertebroplastia”, observa Bernard Clark, neurocirurgião do Centro Médico King\\'s Daughters, em Ashland, Kentucky. Entretanto sua experiência na realização do procedimento nas últimas décadas tem se mostrado eficaz em fornecer alívio mais rápido para a dor que repouso e analgésicos, especialmente para pacientes que sofrem de câncer metastático de outras partes do corpo que invadem a coluna. A vertebroplastia é eficaz em “acelerar o alívio da dor”, acrescenta.

Em junho uma nova substância a ser usada na vertebroplastia recebeu aprovação da Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos e pode alterar significativamente a discussão: o Cortoss, composto para aumento ósseo desenvolvido nos últimos 14 anos pela Malvern Inc., Orthovita, sediada na Pensilvânia, é uma pasta branca perolada que a empresa afirma ter a capacidade de fortalecer os ossos ajudando-os a produzir fosfato de cálcio.

Embora a publicação dos artigos no NEJM tenha coincidido com uma queda no preço das ações da Orthovita, Theodore Clineff, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento de produtos da empresa, destaca que os estudos testaram PMMA, não Cortoss.

Bernard usou Cortoss para realizar vertebroplastias em seis pacientes e acredita ser mais seguro que o PMMA, que pode ser tóxico se utilizado em demasia. O Cortoss também é geralmente mais caro que o PMMA. Considerando que uma vertebroplastia típica pode custar entre US$ 2.000 e US$ 5.000, as realizadas utilizando-se Cortoss tendem a estar no ponto mais alto dessa escala. Clark observa que o custo do Cortoss é várias vezes superior ao do PMMA.

A Orthovita reconhece que o Cortoss geralmente custa mais que o PMMA por unidade, mas acrescenta que o Cortoss reduz o risco de refratura subsequente comparado com o PMMA, o que significa que pacientes com osteoporose precisariam de menos tratamentos ao longo do tempo.


http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/novo_cimento_osseo_aprimora_tratamentos_da_coluna_para_pacientes_com_osteoporose.html

Sobrevivência de corais depende do corte de 25% de CO2, dizem cientistas

17/11/2009 - 11h20

Sobrevivência de corais depende do corte de 25% de CO2, dizem cientistas

da Reuters, em Sydney
A Grande Barreira de Coral da Austrália, o maior sistema de corais do mundo, tem apenas uma chance de 50% de sobrevivência caso as emissões globais de dióxido de carbono não sejam reduzidas em ao menos 25% até 2020.
É o que disse neste terça-feira (17) uma coalisão de 13 cientistas australianos de destaque que estudam clima e corais.
Divulgação

Ilha Hamilton, uma das que compõem o maior recife de coral do mundo, na Austrália; sistema depende de corte de 25% de CO2
Eles disseram também que cortes ainda maiores, de até 90% até 2050, seriam necessários para a sobrevivência futura dos corais, evitando-se sua morte pelo aquecimento do oceano.
A Austrália, um dos maiores emissores de CO2 do mundo por capita, apenas sinalizou com corte de emissões em 5% dos níveis de 2000 até 2020.
O governo do país disse que poderia avançar para 25% se um acordo climático robusto internacional fosse atingido na cúpula de Copenhague em dezembro.
No entanto, impasses tornam improvável um acordo com comprometimento legal este ano.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u653511.shtml

Habitats ricos, recifes são "fábricas" de novas espécies



08/01/2010 - 13h21

Habitats ricos, recifes são "fábricas" de novas espécies

REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S. Paulo
A ameaça que paira sobre os recifes do mundo significa não só o sumiço de espécies hoje, mas uma possibilidade considerável de que, no futuro, não apareçam novas espécies capazes de substituí-las.
Essa é a principal implicação de um estudo segundo o qual, nas últimas centenas de milhões de anos, os recifes foram a grande usina de novas formas de vida nos oceanos da Terra.
Richard Ling/Creative Commons

Grande Barreira de Corais da Austrália; recifes são habitat rico "gerador" de espécies, daí a necessidade maior de atenção
Ao destruir esses habitats riquíssimos, portanto, "estamos colocando em risco a criação de futuras espécies", declarou à Folha o coordenador do estudo, Wolfgang Kiessling, da Universidade Humboldt em Berlim.
"A recuperação da atual crise de biodiversidade vai demorar muito mais sem os recifes", afirma Kiessling, que assina o estudo na edição desta semana da revista "Science" com colegas dos Estados Unidos.
A metodologia do trabalho não poderia ser mais simples. Usando um dos principais bancos de dados sobre espécies extintas do mundo, que vai do presente até a origem da vida animal (lá se vão mais de 550 milhões de anos), os cientistas esmiuçaram em que tipo de ambiente novos grupos de animais costumavam aparecer.
Rochas e rochas
Especular sobre isso é possível porque o tipo de rocha em que os restos da criatura foram preservados muitas vezes dá a pista sobre a natureza de seu finado habitat. A composição química e o aspecto de uma rocha formada em mar aberto é bem diferente da que se estruturou perto da praia.
A análise se concentrou nos invertebrados bentônicos, como são conhecidos os bichos que vivem grudados no leito do mar ou perto dele.
Entre esses, mais de um quinto dos gêneros (o grupo de seres vivos um pouco mais abrangente do que a espécie; o do homem, ou Homo sapiens, é o Homo) tem seu primeiro registro em recifes.
Os pesquisadores calculam que a chance de um gênero qualquer de animais aparecer em recifes é 45% maior do que em qualquer outro habitat marinho.
Como os gêneros, depois de algum tempo, dão as caras em ambientes costeiros sem recifes ou em mar aberto, os cientistas apostam que, além de usinas de espécies, os recifes também são exportadores.

Editoria de Arte/Folha Imagem

"Pensando no oceano como um deserto de nutrientes, os recifes podem funcionar como uma espécie de refúgio. Separados por um mar imenso, teoricamente inóspito para a maioria dos grupos, eles poderiam concentrar indivíduos, que passariam a sofrer pressões de especiação [formação de novas espécies], em nível local", analisa o ecólogo Luiz Fernando Jardim Bento, doutorando da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Bento, que comentou a pesquisa na "Science" a pedido da Folha, diz que o resultado era o esperado diante do que se sabe sobre a biodiversidade nesses ambientes.
"Minha primeira impressão foi desconfiar um pouco da metodologia. Falar de origem de espécies se baseando em fósseis apenas de invertebrados bentônicos é querer puxar um pouco a sardinha para os recifes. Acho sim que o resultado é coerente, mas talvez tenha sido enviesado", pondera.
Em perigo
Seja como for, o que ninguém discute é o risco de sumiço que os recifes, principalmente os de coral, enfrentam hoje.
O aumento da temperatura dos oceanos, por exemplo, ameaça matar as algas que vivem em simbiose com os corais. Mas o clima nem é o pior inimigo, diz Kiessling. "A pesca predatória e a poluição talvez sejam ainda mais importantes", avalia.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u676427.shtml

Salvador cidade mais barulhenta da América Latina

Blitz contra poluição sonora termina com prisão e apreensão de som

João Eça l A TARDE

Claudionor Junior/Agência A TARDE
Funcionários da Sucom apreendem equipamento
Funcionários da Sucom apreendem equipamento












Após ver Salvador amargar o título de cidade mais barulhenta da América Latina, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prefeitura promete agir em 2010 e intensificar o combate a poluição sonora, problema já bastante conhecido pela população.

Na noite desta sexta-feira, 8, uma operação comandada pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom), com o apoio da Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador (Transalvador), da Guarda Municipal e da Polícia Militar, deu início à fiscalização que inaugura o novo modelo traçado pela prefeitura para combater os barulhentos. Uma pessoa foi presa e vários equipamentos de som foram apreendidos.

Profissionais de todos esses órgãos saíram em comboio por volta das 20 horas desta sexta e percorreram os bairros responsáveis pelos maiores índices de denúncia de poluição sonora registrados pela Sucom: Parque Júlio César, Avenida Tancredo Neves, Imbuí, Boca do Rio e Pernambués. A primeira abordagem da blitz resultou na apreensão do equipamento de som do Fiesta de placa JCY-2477, de propriedade do motorista de prenome Sandro.

O som do carro dele foi flagrado com um volume de 100 decibéis, 30 a mais do que o permitido. Além de uma multa de cerca de R$ 3 mil pela infração, o equipamento de Sandro foi aprendido, para desespero dos amigos que o acompanhavam e também do filho dele, de 7 anos. As vaias e o protesto de vários populares que bebiam próximo à Casa do Comércio, com muitos jogando cerveja contra a imprensa e os representantes da prefeitura, são a prova de que a Sucom terá muito trabalho.

Guardas municipais também foram agredidos. Já no Parque Júlio César, o estudante de engenharia civil João Sampaio, 18, e os seus amigos comemoraram a chegada dos fiscais da Sucom. “Ninguém consegue dormir a partir de quinta-feira. Os sons dos carros ficam ligados até 6 horas da manhã“, protestou.

De acordo com Cláudio Silva, superintendente da Sucom, o novo projeto para combater a poluição sonora prevê também a conscientização do infrator para que ele atue como agente multiplicador parceiro da prefeitura. Outra novidade é que os veículos da Transalvador vão trafegar com o decibelímetro (aparelho que mede os decíbeis) a bordo. Para denunciar casos de poluição sonora, ligue para 2201-6660.

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1333454


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Articulações tornam-se rígidas quando corpo fica parado por muito tempo

06/01/2010 - 14h56

Articulações tornam-se rígidas quando corpo fica parado por muito tempo

do New York Times

Pergunta: Por que, com a idade, ficamos mais rígidos depois de ficarmos parados por um longo tempo?

Resposta: Não há um fato único que explique essa rigidez, disse Dr. Mark S. Lachs, diretor do Centro de Pesquisa sobre o Envelhecimento e Cuidados Clínicos da Weill Medical College da Cornell University. "A rigidez matinal não deveria estar necessariamente associada ao 'envelhecimento normal', já que pode ser um sintoma de condições tratáveis que se tornam mais prevalecentes à medida que envelhecemos", disse Lachs.

Mesmo assim, disse ele, mudanças relacionadas à idade na cartilagem das articulações, junto com uma diminuição na quantidade de fluido de lubrificação das articulações produzida em condições como osteoartrite, provavelmente contribuem para a rigidez. Quando estamos sentados ou dormindo, o fluido das articulações é distribuído de forma menos homogênea.

Ao reiniciar uma atividade, a superfície da cartilagem primeiro se esfrega uma contra a outra sem a lubrificação ideal. À medida que a atividade continua e a lubrificação melhora, as estruturas deslizam com menos fricção. Uma analogia é aplicar uma gota de óleo em um portão e depois abri-lo e fechá-lo até que ele pare de fazer barulho.

Outro fator são mudanças na arquitetura do osso com a idade. Na infância, as estruturas de apoio, como ligamentos, tendões e os músculos ligados a eles estão relaxados e flexíveis, mas tendem a perder essa característica com a idade, disse ele. Sentar por longos períodos mantém essas estruturas bastante contraídas; mas, a medida que o dia passa, o alongamento associado à atividade normal ou a exercícios físicos pode trazer algum alívio.

Padrões de rigidez em articulações específicas e em períodos específicos do dia podem ser indícios de determinadas condições reumatológicas, disse Lachs, e deveriam ser mencionadas em consultas médicas.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u675377.shtml

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Projetos brasileiros de captura de CO2 não saem dos laboratórios


04/01/2010 - 12h24

Projetos brasileiros de captura de CO2 não saem dos laboratórios


BRENO COSTA
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Visto como um dos principais meios de contenção do aquecimento global, projetos de sequestro de CO2 ganham corpo nos laboratórios de universidades brasileiras, mas ainda enfrentam ausência de "feedback" do poder público e de investimentos privados.
A Folha localizou com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ao menos 39 projetos de pesquisa em andamento em 18 instituições brasileiras, com desenvolvimento de novos mecanismos para o sequestro de carbono.
Ainda não há, porém, aplicação em larga escala de tecnologia criada nessas universidades. Os mecanismos são testados, com sucesso, nos laboratórios. Mas, para escalas maiores, é preciso muito mais dinheiro.

Editoria de Arte/Folha Imagem

No momento, os projetos mais promissores vêm da Petrobras, que passou a financiar, há três anos, a Rede Temática de Sequestro de Carbono e Mudanças Climáticas. Um centro de excelência na área foi criado no Rio Grande do Sul a partir dos recursos da estatal.
Apesar de os investimentos serem uma obrigação contratual decorrente da exploração do petróleo, a estatal é, de longe, que mais financia pesquisas. Diz já ter investido R$ 30 milhões.
A cientista da UFRJ Ofélia Araújo, que desenvolve mecanismos de captura de CO2 por microalgas, diz que o caminho para um maior investimento privado em pesquisas passa por um endurecimento da legislação ambiental, que "incentive" mais financiamento.
Outra tentativa foi feita pela Capes, outro órgão de fomento a pesquisadores, ao lançar, em 2008, um edital baseado em renúncia fiscal por parte de empresas. Mas não teve sucesso. Segundo Ofélia, "pouquíssimas" empresas aderiram.
"O que precisa ser mudado é a mentalidade empresarial no Brasil. Só a Petrobras tem essa mentalidade de pesquisa. Outras querem, mas não muito. Elas precisam entrar com mais vontade, e isso vai decorrer de uma exigência do governo."
Marco regulatório
Um outro ponto, que passa pelo governo, é levantado pelo gestor da Rede Temática de Sequestro de Carbono, Marco Ziliotto. A viabilidade do processo de sequestro de carbono, diz, depende da definição de um marco regulatório para o processo de armazenamento.
Sabe-se que aquíferos salinos, no fundo dos oceanos, são um dos meios possíveis de armazenamento. Mas, hoje, ninguém pode enterrar carbono no subsolo porque não há legislação específica para isso.
Uma regulação resolveria problemas que vão desde parâmetros de segurança até os royalties a serem pagos aos territórios afetados. A Austrália já tem legislação a respeito.
"Como é um processo muito caro, ninguém quer ser obrigado a fazer. Se eu for obrigado, eu quero que as regras estejam claras e que eu possa até tirar um benefício disso", afirma Marco Ziliotto, sugerindo a conversão do armazenamento em créditos de carbono.



http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u674321.shtml

sábado, 2 de janeiro de 2010

Brasileiros investigam biodiversidade no fundo do mar da Antártida

30/12/2009 - 10h17

Brasileiros investigam biodiversidade no fundo do mar da Antártida


EDUARDO GERAQUE
enviado especial da Folha de S. Paulo à Antártida
As mãos estão quase congelando. Mas, na popa do navio Ary Rongel, o pesquisador Marcelo Bernardes, da Universidade Federal Fluminense, não desiste. "Vamos tentar mais uma vez", anuncia para a equipe, que trabalha há mais de seis horas na baía do Almirantado, na ilha Rei George, Antártida. A sensação térmica é de alguns graus abaixo de zero.
Todo o esforço, recompensado depois, é para entender como é a biodiversidade do fundo marinho da baía. Um equipamento chamado "box core" --uma grande mandíbula de aço que "morde" o sedimento lá embaixo, a centenas de metros de profundidade-- é o que traz a vida marinha para o barco.
Eduardo Geraque/Folha Imagem

Marcelo Bernardes (esq.) comanda "box core", aparelho para coletar amostras do leito marinho em busca de novas espécies
A segunda tentativa de fazer a coleta de sedimentos, num ponto a 100 metros de profundidade, tem sucesso. No ponto seguinte, a 300 metros, os cientistas começaram a penar.
Foram nove tentativas, sem sucesso. Por causa da topografia do fundo do mar no local, foi difícil achar um ponto plano, onde o equipamento pudesse realmente fazer a amostragem. "Sabíamos que esse seria o ponto mais complicado. Mas o sucesso das coletas aqui foi total", afirma Bernardes.
O pesquisador integra um grupo que se dedica a mapear a biodiversidade antártica, desde as mais "insignificantes" algas unicelulares até os grandes mamíferos --"do plâncton às baleias", como gosta de dizer a coordenadora do projeto, a bióloga Lúcia Siqueira Campos, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O esforço brasileiro, desde o ano passado em cooperação com um grupo australiano, faz parte de um projeto internacional, o CAML (Censo da Vida Marinha Antártica). Iniciado em 2005, o CAML tem feito o número de espécies registradas no oceano Austral explodir --hoje são mais de 7.500 registradas, o que torna a Antártida mais biodiversa que os trópicos em alguns grupos de animais.
O resultado da coleta deste ano na baía do Almirantado vai ser estudado e identificado no Brasil. Mas o "olhômetro" do pessoal a bordo já indica que espécies novas poderão surgir, de vários grupos de invertebrados marinhos --ou, pelo menos, espécies nunca antes descritas para essa parte do mundo.
Atração vital
Noutro ponto da baía, na estação Comandante Ferraz, a bióloga Karen Silva, também da UFRJ, examina ao microscópio o resultado de outra pescaria, esta bem mais sutil. "Elas estão aqui", anuncia. "Elas", no caso, são bactérias magnéticas.
Esses organismos sintetizam cristais magnéticos cuja função supostamente é orientá-las ao longo da coluna d'água, sempre na direção de locais com pouco oxigênio. Comuns em todos os continentes, elas haviam sido encontradas pela primeira vez na Antártida pelo grupo brasileiro, exatamente na baía do Almirantado, em fevereiro.
Agora veio a confirmação de que elas realmente existem. Ao lado de Silva está Lia Teixeira, colega inseparável de trabalhos de campo. A também pesquisadora da UFRJ estava na coleta histórica do início do ano.
Aplicações
Depois de passarem muito frio coletando sedimentos em zonas rasas e de processarem o material, as cientistas encontram seus organismos de estudo. É virtualmente impossível descobrir bactérias magnéticas da maneira tradicional, enviando uma amostra de sedimento ao Brasil para análise, porque elas morrem no caminho.
O truque para detectá-las é explorar os magnetossomos, os tais cristais magnéticos: basta colocar um imã perto da lâmina no microscópio e literalmente atrair os micróbios.
Apesar de comuns, as bactérias magnéticas ainda são pouco conhecidas. Há quem proponha usá-las como agentes de contraste em ressonância magnética, ou como "mísseis" que ajudem medicamentos, no caso de um tumor, por exemplo, a irem direto ao alvo.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u672761.shtml